Toffoli e Marco Aurélio Mello

Ano passado, Marco Aurélio Mello deu uma entrevista sobre o aborto de anencéfalos. Uma das perguntas, e a reposta, foi a seguinte:

Mas o STF está preparado para discutir esses assuntos?
Meu tempo na corte dura mais oito anos, quando completarei 70 anos. E tenho certeza de que ainda estarei aqui quando essas discussões acontecerem. A tendência é de uma abertura cada vez maior do Supremo em relação a esses temas. Mesmo porque outros ministros, alguns com visões mais conservadoras, se aposentarão antes de mim.

Este resposta em incomodou de imediato. Marco Aurélio estava esperando que alguns ministros se aposentassem para que sua tese prevalescesse, um expediente que achei vergonhoso. Se tem convicção da sua interpretação da constituição na questão levantada, deveria acreditar que conseguirir convencer os adversários, emprego o termo na forma de quem discorda em uma discussão, e não torcer para aposentadoria.

Pois um deles se “aposentou” do tribunal e da vida, mas isto é outra estória.

Toffoli acabou de anunciar que não se sente impedido de julgar o caso Battisti. Para quem não lembra, o caso encaminhava-se para a extradição do criminoso quando Marco Aurélio pediu vistas. O que pretendia? A questão não era desconhecida, pelo contrário, era até bastante debatida; por que pediu vistas ao processo?

No dia seguinte, li que o ministro recém empossado poderia votar no processo. Alguns blogueiros já demonstravam o que seria uma manobra de Marco Aurélio para vencer a disputa, ganhar tempo para que Toffoli pudesse votar e dar o voto salvador para o terrorista italiano.

A esta altura, o fato de Toffoli votar não muda a pretensa intenção de Marco Aurélio. Retomando a resposta sobre o aborto de anencéfalos, faz todo o sentido o pedido de vistas. Se isso aconteceu de fato, o ministro praticou uma canalhice completa, uma atitude nojenta e vil, que depõe contra qualquer condição de ética que possa ter. Usar a morte de um colega para garantir a libertação de um assassino, apenas para atender sua vaidade, é algo de monstruoso.

Marco Aurélio Mello terá protagonizado um dos atos mais abjetos que um homem público jamais cometeu neste país. Deveria ir para a lata de lixo da história. Pode fugir da justiça dos homens, mas terá que se ver com a justiça divina pela cumplicidade moral com um terrorista e pelo preço que cobrou sua vaidade.

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