O aparelhamento do estado

Cada vez fica mais claro porque a secretária da receita foi demitida. Quando ela assumiu o cargo, sabendo de sua ligação política com o PT, achei que seu papel seria conduzir o aparelhamento da recita federa. Pois é, parece que o governo também achou a mesma coisa. Só que ninguém contava que a moça teria brios e resolveria tocar o orgão de forma técnica. Aí a porca torceu o rabo.

Além de dar um tranco na toda poderosa PTBrás, a valente resolveu investigar ninguém menos que José Sarney. A tropa de choque do petismo, capitaneados por Dilma e Mercadante, caíram em cima dela com sangue nos lábios. A Petrobrás? Sarney? Aí não, quem ela pensa que é?

O fato é muito grave. A receita federal ser aparelhado desta maneira e utilizada para perseguir o homem comum e os desafetos, ao mesmo tempo que protege os aliados é algo inédito no país. Há tempos venho dizendo, não sobra mais nada. Polícia Federal, bancos estatais, receita, justiça; está tudo a serviço do partido e seu líder máximo.

E o presidente tem a cara de pau de dizer que não tem nada a ver com Sarney!

A imprensa ainda não deu o devido destaque à notícia, mais uma vez tenta proteger o mito que ajudou a criar. Vai morrer abraçado a ele.

A visão torta de Petry

Sempre que leio um texto de André Petry, penso logo no livro “A Traição dos Intelectuais” de Julien Benda. Ele é o representando do progressismo no Brasil, uma espécie de embaixador do partido democrata, a esquerda “limpinha” americana. Quando a Veja o colocou como correspondente em NY para acompanhar a eleição ano passado, eu não tive nenhuma dúvida que teríamos um porta voz de Obama na maior revista do país. Agora o governo Obama é coberto pelo jornalista. Coberto no sentido de cobrir mesmo.

Por que recorro a Benda? Porque foi um dos primeiros a denunciar essa classe de vigaristas que renunciavam o dever maior do intelectual, descobrir a verdade. Os intelectuais traidores não possuem interesse nenhum em entender o mundo e descobrir como as coisas são; seu interesse é estar certo. Bruno Tolentino, falecido poeta brasileiro, cunhou bem o termo para a visão que este tipo de intelectual: o mundo como idéia.

Na Veja desta semana, Petry fala da cúpula da cerveja. Até Petry foi obrigado a reconhecer que o professor Gates estava errado, mas não chegou tanto em relação a Obama. Este apenas interpretou mal os fatos pelo histórico racista americano (engraçado que Petry dizia ano passado que eleger Obama era mostrar que o racismo não existia na América!). Para equilibrar o jogo __ aqui cabe uma regressão, para um esquerdista só existe duas hipóteses: eles estão certos ou eles estão errados, neste caso tem que ter um erro do outro lado para alcançar um equilíbrio) __ Petry colocou que dois erros não fazem um acerto. O segundo erro, em sua concepção torta, teria sido do policial que usou de truculência.

Truculência que não houve. Para sorte do policial, ele estava acompanhado de outros dois; para sorte maior ainda, um era negro e outro hispânico. Tem que crescer muito cabelo em ovo para a imprensa americana ousar questionar um negro ou hispânico. Tivesse o policial sozinho ou acompanhado de dois brancos, estaria frito. Parece que um policial esperto tem que sempre ter um outro policial, negro ou hispânico, ao seu lado para ter alguma credibilidade. Com a cortesia de décadas de hegemonia dos progressistas na cultura.

Petry ainda avança mais um pouco na impostura. Disse que a única correta na história, excetuando Obama, é claro, que está além do bem e do mal, foi a vizinha que chamou a polícia pois esta teria tido o cuidado de evitar dizer no telefone que os suspeitos que tentavam arrombar a porta da casa de Gates eram dois negros. Sempre que estou em dúvida é bom escutar Petry. Ele me dá uma boa pista do caminho errado.

Se a vizinha percebeu que os dois arrombadores eram negros, deveria ter mencionado. Assim como teria se fossem asiáticos, brancos, índios, gordos, baixos, carecas ou o que for. É sempre importante informar a polícia o máximo de detalhes possíveis para preparar uma ação. O medo de uma pessoa de informar para a polícia uma característica de um suspeito baseado no racialismo é um mal provocado pelo politicamente correto. Os dois não eram suspeitos por serem negros e sim por estarem arrombando uma porta. Será que arrombar uma porta não é sinal suficiente para que um vizinho chame a polícia?

André Petry é uma amostra do que há de errado com o jornalismo no Brasil e no mundo. Uma boa parte dos jornalistas, talvez a maioria, não está interessada em mostrar a realidade do que acontece e interpretar de acordo com critérios lógicos. Querem provar que estão com a razão, que são iluminados tentando apontar o caminho da virtude para o pobre homem comum. Para isso destorcem os fatos ou simplesmente recusam-se a levá-los em consideração para não ter que lidar com eles.

Benda escreveu seu livro na década de 20. Ainda não tinha visto o nazismo, pouco conhecia do terror comunista, não tinha visto 1968, a cobertura americana da ofensiva Tet e muito menos o politicamente correto em ação. Benda é a amostra de um homem que preferia estar errado a ter razão. Infelizmente, para ele e para nós, estava certo. Ele sim foi um verdadeiro intelectual.

Delírio dos jornalistas petralhas

Sarney salvou a petralhada que está espalhada na imprensa. Afinal, ficar bajulando o governo o tempo todo já estava causando um certo desconforto para a maior parte dos nossos jornalistas. Em seus coraçõezinhos vermelhos, engolir a corrupção do governo Lula e seus aliados é uma tarefa indigesta.

O caso Sarney deu-lhes algo para tentar fingir que ainda são jornalistas e possuem livre pensamento. Tudo que guardaram para si estes anos está vindo à tona agora. O ex-presidente virou símbolo para tudo de ruim que existe na política. Não conseguem enxergar que o maranhense é passado, está no crepúsculo da vida. Lula e seu bando são presente e futuro; pior, carregam vícios que vão muito além dos coronéis brasileiros. Se estes contentavam-se em se aproveitar do poder, a nova ordem política representada pelo PT quer se aproveitar do poder e ao mesmo tempo ser a voz da nova virtude.

Pergunto: onde estavam estes jornalistas quando o filho do atual presidente da república transformou-se de um dia para outro de monitor de jardim zoológico em empresário milionário graças à bondade de uma empresa que depende do governo para funcionar? Por que os parentes do Sarney são justamente colocados à luz e os do Lula são escondidos do grande público? Lula tornou-se um mito político não apenas por suas qualidades (ou falta delas); a imprensa brasileira prestou-lhe e continua prestando um grande serviço.

Envergonham sua profissão. No futuro, quando se conseguir olhar com mais honestidade para os oito anos do governo mais corrupto da história da república, ficará a constatação do papel vergonhoso da maioria dos jornalistas brasileiros. Tinham a obrigação de averiguar e denunciar o que sabem, preferiram agir, conscientemente ou não, em função de uma ideologia e fazerem parte da pantomina.

Eles se merecem

aroeiraEstadão:

O governo avalia que os aliados venceram o primeiro tempo da luta para salvar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), quando apostaram na estratégia do confronto com a oposição. Ontem à noite, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e o senador Fernando Collor (PTB-AL) conversaram com presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliado de Sarney, Collor foi o principal personagem no enfrentamento com a oposição na véspera. Bateu boca com Pedro Simon (PMDB-RS), em plenário, e mandou o colega “engolir” suas palavras.

Comento:

Isso porque o demiurgo falou que não tinha nada a ver com Sarney e a crise no senado! Lula, Collor, Sarney, Calheiros, todos juntos em um projeto de poder.

E tem gente que acredita que Lula está preocupado em distribuir renda…

Calados

A grande imprensa brasileira continua em silêncio sobre os mísseis venezuelanos encontrados com narco-terroristas das FARCs. Nenhum pio também sobre o fechamento de 32 emissoras de rádio pelo quase-ditador de Caracas.

A OEA, tão preocupada com a democracia em Honduras, também não se pronunciou.

Obama e Clinton, também ciosos da democracia em Honduras, fecha os olhos para o que acontece na Venezuela.

O governo brasileiro então, nem se fala.

Mostram que o discurso sobre Honduras não tem nada de defesa da democracia, apenas a pressão para recolocar um aliado no poder, mesmo um pateta fanfarrão como Zelaya.

São todos cúmplices do que o continente está se transformando. Alguns por tomarem parte ativa no retorno às cavernas da América Latina, também chamada de Latrina, outros por omissão, por estarem preocupados em se tornarem populares para gente que os desprezam.

Democracia?

Lauro Jardim:

José Padilha, diretor de Tropa de Elite, tem um roteiro pronto para dirigir um filme sobre corrupção na política, baseado no mensalão. Só que ele está às voltas com um pequeno problema: não consegue captar um centavo. Ainda não encontrou uma empresa que queira meter o dedo nessa cumbuca.

Comento:

Será que não tem nada de errado com o que está acontecendo? Que regime democrático é este que nenhuma empresa quer colocar dinheiro em um filme que tem retorno garantido para não contrariar o grupo político que tomou conta do país? Um país que empresas privadas temem contrariar o presidente da república não pode ser chamado de democrático.