Em tempos de crise…

O que eu disse ontem sobre aproveitar os tempos de crises para aumentar o poder do estado não vale só para o primeiro mundo. Vale também, com mais força ainda, para os bananeiros.

O governo Lula já fala em estatizar bancos para proteger os correntistas.

Enquanto a economia ia bem, o governo fingia seguir as regras de mercado, com aplausos do empresariado nacional. Nossos grandes capitalistas, como em todo lugar do mundo, tem verdadeiro horror ao livre mercado. Parece um paradoxo, e é, mas os maiores capitalistas são profundamente… anticapitalistas! O que eles querem mesmo é definir seu mercado diretamente com burocratas do governo, é mais fácil e mais prático.

Este negócio de consumidor decidindo o que quer comprar, quando quer comprar e por quanto é uma idéia aterrorizadora.

O que eles não compreendem, é que a aliança com a esquerda sempre tem um preço a pagar. O socialismo termina invariavelmente devorando seus aliados. O que Gramsci enxergou foi que isto deveria ser feito imperceptivelmente, sem que as vítimas se descem conta do que estava acontecendo até ser tarde demais.

Os empresários brasileiros que hipotecaram seu apoio ao atual governo ainda vão aprender esta dura lição.

Lendo entre as linhas…

Folha Online:

O ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) convenceu o PMDB a suspender temporariamente as articulações para a criação de uma CPI para investigar os fundos de pensão das empresas estatais. Os peemedebistas, no entanto, prometem dar continuidade à coleta de assinaturas para a instalação da comissão se surgirem insinuações do envolvimento de peemedebistas em casos de corrupção nos fundos

Comento:

Só gostaria de saber quais foram os argumentos oferecidos pelo governo para o PMDB. Pelo que se sabe deste partido, devem ter sido muito bons…

Economia em tempos de Obama

Uma das coisas que estou aprendendo em meus estudos de economia é que impostos encolhem o mercado. Essa é uma verdade que não é suficientemente dita, embora tenhamos uma vaga noção dela. Se o governo deseja limitar a poluição, por exemplo, uma medida é taxar fortemente a gasolina. Com o tempo, o consumidor dará preferência a carros econômicos, álcool ou mesmo o transporte público. Uma das medidas que os governos usam contra o cigarro é a taxação. O mesmo vale para o pão, material escolar, etc. Quando se taxa um produto, ele aumenta seu preço e menos pessoas estão dispostas a pagar por ele.

Ao mesmo tempo, é uma constatação que o estado sempre aumenta seu poder tem tempo de crise. Principalmente pelo medo que se espalha na sociedade. Medo de perder o emprego, perder a aposentadoria, das pessoas pararem de comprar. Em tempos de pânico, indivíduos e empresas olham para o estado como uma espécie de salvador. O que não percebem é que o estado muitas vezes é parte do problema.

Juntando estas duas constatações, temos o pacotaço do Obama. Um trilhão de reais para estímulo da economia. Redução de impostos? Ao contrário, eles aumentam. O que o governo americano pretende é tirar dinheiro da sociedade para ele próprio estimular a economia.

Ninguém conseguiu ainda ler todo o pacote (tem mais de mil páginas, cheias de tecnicidades), que foi aprovado assim, como se os Estados Unidos fossem uma república bananeira qualquer. O que se conseguiu perceber, é que no meio do pacote, existe uma grande previsão de gastos sociais puro e simples; trata-se de uma autorização para implementação de políticas sociais dos democratas sob uma roupagem de incentivar o consumo. O pacote corresponde ao aumento do tamanho do estado e seu poder sobre os indivíduos. Com o apoio dos chamados “republicanos reformistas”.

Estas idéias não deram certo na década de 30 quando Roosevelt implantou o New Deal, embora tenha sido bastante popular. Nem no governo Johnson, nem em 1979, e muito menos agora. Nenhum governo substitui a capacidade da sociedade em estimular sua economia. O melhor estímulo agora seria mais dinheiro nas mãos dos consumidores, o que  seria possível com redução de impostos.

O presidente Obama solicitou autorização do Congresso para aumentar a dívida pública para 1,7 trilhões. Surgiu assim o “ato de responsabilidade”. Não sei o que pode ter de responsável em se gastar mais do que arrecada (leiam 1984, novilíngua!). Deveria se chamar lei da irresponsabilidade.

Uma coisa parece certa, o governo vai aumentar e o indivíduo vai encolher. Os competentes terão que pagar pelos incompetentes, e as gerações futuras terão uma pesada herança para lidar. É questão de tempo.

E a CNBB

Comentando sobre a execução de quatro seguranças pelo MST no fim da semana passada, esqueci de fazer referência à defesa feita por bispos da CNBB ao movimento e a condenação à Gilmar Mendes, que lembrou que o estado não pode financiar um grupo fora da lei. Os bispos que fazem a defesa de assassinos são cúplices morais desses assassinatos e atingem mortalmente a fé que dizem professar. Bento XVI deveria olhar com atenção o que acontece aqui na América Latina e começar a expurgar sua Igreja desses que abraçam o mal.

Ou a Igreja Católica se afasta definitivamente do socialismo ou vai acabar engolida por ele. Não há meio termo.

Vermelho e azul com Marcos Nobre

Marcos Nobre publicou um artigo na Folha que merece um vermelho e azul, no estilo do mestre Reinaldo Azevedo.

A nova direita

NÃO FAZ MUITO tempo, a esquerda tinha conseguido estabelecer alguns sólidos pontos de partida do debate político. Aplicar pena de prisão não diminui a criminalidade, porque o crime não é apenas ação de um indivíduo, mas falha de toda uma sociedade. O desemprego não é culpa do desempregado, mas de um sistema econômico que produz injustiça. O progresso material só significa progresso social e político se houver uma justa e solidária distribuição da riqueza. E por aí vai.

Não sei porque estes esquerdistas são tão obcecados em usar o termo nova direita, mas tudo bem, vamos ao artigo. Primeiro parágrafo quase perfeito. Nobre conseguiu resumir bem algumas das principais teses da esquerda, apenas errou no tempo verbal da primeira frase. A esquerda conseguiu estabelecer, e não “tinha conseguido” como escreveu. Estes conceitos estão bem estabelecidos entre intelectuais e formadores de opinião.

Essas posições foram desafiadas e derrotadas. Nos últimos 30 anos, enquanto movimentos e grupos sociais reivindicavam mais liberdade, uma esquerda tradicional respondeu de maneira tradicional: liberdade só com igualdade primeiro. Recusou-se a ver que havia ali um problema real, que a promoção da igualdade não produz automaticamente pessoas autônomas. Ao invés de aceitar o desafio de pensar uma nova relação entre liberdade e igualdade, boa parte da esquerda perdeu-se em discussões bizantinas como a das causas da queda do decrépito bloco soviético.

Pelo contrário, estas posições estão mais vivas do que nunca, o que pode ser observado pela reação contra o filme “Tropa de Elite” que ousou tocar na responsabilidade do usuário de drogas pela violência associada. Aliás, ao observar o bandido baiano, fica difícil imaginar que se a droga fosse liberada ele se transformaria em alguma espécie de empresário. A esquerda não perdeu-se, ele está mais organizada e cínica como nunca, principalmente por ter se livrado da necessidade de defender o criminoso estado soviético. Para ficar melhor ainda, a China adotou a economia de mercado e seduziu os capitalistas ocidentais que fecharam os olhos para a opressão política.

Enquanto isso, a direita se apresentou em nova roupagem, como paladino da liberdade e mãe da democracia -quando se sabe que a democracia de massas foi em larga medida uma conquista do movimento operário contra a direita, que entrava em pânico só de pensar no voto universal secreto. A nova direita ocupou um a um os espaços disponíveis nos meios de comunicação de massa e na esfera pública, em um combate cotidiano contra as teses de esquerda então dominantes. Venceu e transformou a sua vitória em poder institucional.

Não há nova roupagem nenhuma. A direita sempre defendeu a liberdade individual e, em consequência, a democracia. É a esquerda que questiona seus fundamentos ao não aceitar a existência de oposição e transição de poder. Não é verdade que foram os operários que conquistaram o regime democrático, ele foi uma conquista burguesa contra a centralização do poder da aristocracia. Esta vitória da direita só pode ser um delírio do articulista, as teses da esquerda ainda são dominantes, principalmente na intelectualidade e na grande mídia. 9 em cada 10 jornalistas são de esquerda.

O resultado foi uma guinada nos pontos de partida do debate político. O que se pede hoje de todos os lados é mais prisão, mais responsabilização dos indivíduos, mais progresso material puro e simples. E por aí vai. É nisso que consiste a atual hegemonia da direita.

Aqui a quantidade de alfafa foi exagerada. Guinada? Se o que se pede mais alguma coisa é porque ela existe de menos. Aqui evidencia a intolerância do esquerdistas, não se pode nem pedir, é preciso aceitar a doxa socialista. Interessante que Nobre parece defender, na ordem: menos prisão, não responsabilização dos indivíduos, menos progresso material. Hegemonia da direita? A velha tática de acusar o adversário do que é praticado pelo próprio acusador. Vivemos uma era de hegemonia cultural da esquerda.

A nova direita vê a forma atual da democracia como imutável, como o “fim da história”. Avalia toda tentativa da esquerda de transformar a democracia como um ataque à liberdade. Mas, ao mesmo tempo, não vê problema em aceitar -como fez a Folha a propósito da ditadura militar brasileira- o revisionismo histórico e gradações no autoritarismo.

Vejam que Nobre acusa a Folha de ser de direita. Só pode estar de brincadeira! Daqui a pouco vai dizer que o New York Times e a CNN são veículos conservadores…

A atual crise econômica pode alterar esse quadro. Esse é o maior temor da nova direita hegemônica. Mas isso só tem chance de acontecer se a esquerda for capaz de fazer o combate de ideias no espaço público sem continuar a pressupor que seus pontos de partida seguem inquestionáveis. Convencer pessoas que já estão convencidas é puro conformismo.

A esquerda sempre cresce em tempos de crise. O que Nobre defende nas entrelinhas é que a esquerda seja ainda mais efetiva em esconder o que realmente pensa. No fundo deste discurso todo está a constatação que a sociedade como um toda é mais conservadora em seus valores do que se deseja; por isso uma atuação constante da esquerda em destruir estes valores, e o estrago após décadas de mentiras socialistas é grande. O bom esquerdista é eficiente em esconder do povo o que realmente pensa. O direitista padece de não consegui transmitir o que realmente defende, até porque a hegemonia cultural socialista tomou conta da linguagem, deixando o direitista permanentemente na defensiva.

O artigo de Nobre é um exemplo claro de que não existe hegemonia de uma nova direita, apenas a cada vez mais profunda socialização da sociedade. Como diz um amigo, a esquerda já venceu a disputa. Quer agora evitar qualquer tentativa da direita moribunda de tentar virar o jogo. No fundo, todo esquerdista quer a unanimidade.

Nossos humanistas

Sempre que os humanistas brasileiros abrem a boca eu já espero de tudo. Menos defesa das pessoas honestas, claro. Isso fica para… para… bem, para estes direitistas desumanos. Humanista mesmo preocupa-se com terrorista e bandido, esses pobres infelizes massacrados pelo poder coercivo do estado.

Estes últimos dias foram bem didáticos.

O Movimento dos Sem Terra executou (prestem atenção no verbo utilizado) quatro seguranças de uma fazenda invadida. Sabem como é, esquerdista gosta mesmo é de uma boa ação covarde. A coragem desta gente se mede pela incapacidade da vítima em se defender. O Chê, outro humanista, especializou-se em executar prisioneiros políticos, tudo sem perder obviamente a ternura.

O mais surreal disso tudo é que o governo patrocina o movimento. Parte do dinheiro pago por nós vai para o cofre de um grupo liderado por bandidos que promovem o terrorismo. O presidente do STF ousou afirmar que é ilegal o estado financiar grupos fora da lei. Uma ousadia e tanto! Os humanistas da imprensa, a raça mais covarde dessa gente, já protestou. Parece que não cabe ao presidente do supremo defender publicamente a lei!

Pressionados pela covardia praticada, os humanistas oficiais, pagos com nosso dinheiro também (humanistas adoram dinheiro público), pediram moderação no trato com o MST e… revisão da lei da anistia! Para todos? Claro que não. Apenas para os militares. Os terroristas da ditabranda podem ficar tranquilos. os humanistas sempre estarão em sua defesa! Aliás, saber que os humanistas defendem a prisão de militares só mostra quem estava do lado certo da luta, independente de abusos.

Os humanistas brasileiros sempre que pressionados gostam de evocar a mantra da ditadura militar brasileira. Curioso, porque não gostam de falar da verdadeira ditadura das américas, a cubana? Aliás, porque até hoje prestam reverência ao maior assassino de todos os tempos do continente americano, Fidel Castro?

Para fechar os últimos acontecimentos, o humanista mor de direitos humanos do governo, afirmou hoje que não teria problemas em receber no Brasil os terroristas presos em Guantânamo. Não surpreende. Quem é capaz de dar asilo político a um crápula como Battisti, não poderia recusar estes estrumes, não é verdade? Só para registro, nenhum país ocidental aceita recebê-los, mesmo uma das pátrias morais dos humanistas, a França.

O Brasil se torna cada vez mais parte do lixão do ocidente. Infelizmente.