O Big Brother

Um dos mitos que não mais se sustenta é que a internet é terra dos anônimos. Já foi. As ferramentas de controle de acessos estão cada vez mais eficazes em identificar de onde partiu o acesso a uma determinada página. Em seu blog, Aloíso Amorim publicou um post que mostra o local exato de um determinado acesso.

Isso muito me preocupa. Estamos caminhando a passos largos, se já não chegamos, da vigilância total do indivíduo. Outro dia presenciei a seguinte conversa entre dois amigos a respeito de uma reportagem que passava no Jornal Nacional sobre a instalação de câmeras de segurança em São Paulo. A reportagem mostrava os benefícios para a polícia.

__ Infelizmente chegamos a um nível de violência tal que temos que abrir mão de nossa privacidade.

__ Eu não vejo problema nenhum.

__ Não?

__ Não. Quem não está fazendo nada de errado não tem nada a temer.

O que este colega não compreende muito bem, é que o certo para ele pode virar errado para alguns de um momento para outro. Que garantias temos que os vigilantes estarão de olho apenas na violência? Que nossa vida privada não estará a perigo? Segundo ele, a partir do momento que saímos de nossa casa, estamos em público e perdemos o direito à privacidade. Será?

O que acontecerá com aquele namoro em um banco de praça? Aquela conversa com os filhos passeando por um zoológico? Aquela chamada de atenção mais enérgica em um filho, que quem é pai sabe que é necessário, não vai despertar a ira de espíritos sensíveis de assistentes sociais?

Um delegado aqui de Brasília, se aposentando, concede uma entrevista em que defende com unhas e dentes a escuta telefônica. Parece que o grampo virou o método principal de investigação nos dias de hoje e não o último recurso que deveria ser.

O problema de estabelecer vigílias é sempre um só: quem vai vigiar os vigilantes?

A vaidade em um delegado de polícia

Santo Agostinho já dizia que a vaidade estava na origem da maioria dos pecados do homem. O Eclesiastes afirma, tudo é vaidade. O delegado Protógenes é um grande exemplo. O homem não quer prender Daniel Dantas, o que ele quer é virar pop star. Quer ser um Eliot Ness brasileiro, mas em sua maneira torta de ser.

O primeiro, conseguiu colocar Al Capone na prisão. Sem alarde, fazendo um trabalho técnico à perfeição, e DENTRO DO ESTADO DE DIREITO, conseguiu o que parecia impossível, levar à condenação o maior criminoso americano de sua época.

Protógenes quer a fama do primeiro, mas sem o trabalho que este teve. Ser meticuloso não é para qualquer um, exige muito tempo e paciência. Nosso delegado está para Ness como o Bizarro está para o Super-homem. O resultado é um espetáculo deprimente, uma ópera bufa como dizia Roberto Jefferson __ outro que tentou um papel de justiceiro.

Os novos desdobramentos são espontosos de ridículo. O bizarro personagem escreveu uma carta aberta ao Obama (quem mais?) pedindo intervenção americana, via CIA(sempre ela!), para remover a corrupção no país!  Pediu o impeachment do presidente brasileiro, deixando os petistas entusiasmados com sua cruzado contra DD totalmente perdidos. De quebra, conseguiu o apoio da transloucada da Heloísa Helena. O homem é um espanto.

Ninguém está rindo mais à toa que Daniel Dantas agora. Seus advogados devem estar quebrando a cabeça para selecionar os furos que vão aproveitar para detonar a investigação. Eu disse desde o início, na noite da prisão de DD, a polícia federal ainda seria a maior aliada do banqueiro.

Vivemos em um país que estar certo é sinônimo de tristeza!

Pena de Morte

O Novo México tornou-se o 15o estado americano a abolir a pena de morte. Mais um passo para abolir esta pena no mundo civilizado. A decisão foi ainda mais correta ao transformar a pena capital em prisão perpétua sem direito a condicional. Aqueles que receberiam a pena máxima, ganham uma oportunidade de se arrepender ainda em vida pelo que fez. E a sociedade não o receberá de volta, jamais.

Um dia a humanidade abolirá esta pena; o homem não tem o direito de tirar a vida do seu semelhante, a não ser em legítima defesa.

Quem sabe um dia ainda aboliremos outra pena de morte ainda mais cruel. Uma que acontece sem julgamento e apenas contra inocentes que não podem se defender, sem serem consultados. Uma pena que é decretada justamente por quem mais deveria amá-lo.

Um dia quem sabe.

Efeitos da crise: cheques sem fundo, com estímulo do governo

Quando a crise começou, o governo tentou atacá-la com retórica. Primeiro fingiu que não seríamos afetados e depois, de maneira absolutamente irresponsável, incentivou o consumo. A esta altura, o governo já sabia que muita gente perderia o emprego e a economia iria encolher. O resultado é o aumento de 20% na quantidade de cheques sem fundos. Um aumento que se deu principalmente pela perda de receita dos correntistas pela redução de salário ou mesmo demissão.

Os defensores do governo argumentam que tinham que evitar o pânico e manter o consumo. Realmente, mas a que custo? O que adianta consumir sem dinheiro para pagar? O medo vem com ainda mais força. Um governo responsável teria alertado para o problema do endividamento excessivo. Tudo que Lula não fez com sua marolinha.

Os efeitos da crise estão apenas aumentando e saber que os petistas estão administrando a crise só reforça a idéia que serão piores que se imagina.

Enquanto isso, nos EUA…

À medida que se consegue ler o pacotão do Obama, as coisa começam a ficar um pouco mais claras. O existe ali é uma oportunidade. Aproveitando a crise financeira e o pânico que ela provoca, o novo presidente americano aproveitou para injetar na veia o receituário democrata. O pacote de incentivo à economia, de incentivo só tem o nome. Na prática ele aumenta ainda mais o tamanho do estado, retirando recursos da sociedade para injetar em uma imensidão de políticas sociais e ambientalistas. Justamente os fatores que podem estar na raiz da bagunça em primeiro lugar.

A oposição republicana está acuada e dividida. Muitos republicanos estão tentanto se colocar mais ao centro, adotando posições liberais com a finalidade de tentar atrair a simpatia que a mídia concede aos “novos republicanos”. O nome correto talvez seja traídores republicanos. A maior evidência foi a escolha de um moderado, John McCain, para a corrida presidencial. Não foi à toa que ele só conseguiu liderar a disputa quando uma conservadora autêntica, Sarah Palin, entrou na chapa.

Infelizmente os republicanos não entenderam nada e tentaram ganhar as eleições copiando os democratas; vão perder sempre. O mesmo acontece agora. Diante da Obamamania, os republicanos estão com medo de fazer oposição. É um erro gigantesco. Primeiro pela irresponsabilidade de ajudar a passar um pacote que vai prejudicar ainda mais a economia americana. Depois porque quando o plano der errado, e dará, ficarão com o ônus de terem apoiado no tal bi-partidarismo.

Os republicanos deveriam, mais do que nunca, defender os ideais de seu partido e enfrentar a mídia. O americano médio ainda é conservador. Falta coragem de tentar mostrar que o partido representa este verdadeiro americano e não progressista de manual do New York Times. Já passou da hora de confrontar o Obama candidato com o Obama presidente. O primeiro prometeu que não aumentaria impostos, o segundo aumentou. O primeiro prometeu fechar Guantânamo, o segundo já disse que não é possível. O primeiro prometeu que não fecharia a economia, o segundo fez o “Buy American”. Está na hora de tentar mostrar a verdadeira face de Obama, e esta face é a fraude.

Mais um estupro da democracia

Em mais um exemplo que a democracia está a perigo na América Latrina, o congresso argentino aprovou a antecipação das eleições legislativas em quatro meses. A desculpa  é que a antecipação é necessária para enfrentar melhor a crise. Fico imaginando se o congresso americano tivesse feito a mesma coisa ano passado. McCain teria atropelado Obama mesmo com a torcida declarada da mídia americana.

Ainda bem que tal fato não é possível por lá. Ainda.

E a demarcação da Raposa-Serra do Sol

Hoje continuou o julgamento no STF da demarcação contínua da reserva Raposa-Serra do Sol. Não há muito o que falar, a decisão já tinha sido tomada ano passado em um esforço visível do Supremo em agradar as ONGs e os humanistas estrangeiros. O resultado foi o absurdo de conceder a 19 mil índios um território 12 vezes maior que o município de São Paulo onde vivem 11 milhões. Pior, expulsando o que tem de mais produtivo no local, contrariando o interesse de boa parte dos índios da reserva. Como sempre, prevaleceu o interesse de uma minoria organizada.

Cabe ressaltar o voto discordante que foi dado hoje, para desconforto dos colegas, de Marco Aurélio Melo. Pautado pela lógica ele conseguiu evidenciar que o voto dos demais teve sim raízes políticas. O processo foi vicidado desde o princípio, muitos interessados deixaram de ser ouvidos e constituiu uma afronta a qualquer bom senso.

O Supremo escreveu seu nome na história com sua decisão.

E não foi uma boa página.

O preço do cinema no Brasil

A Veja online apresentou hoje uma matéria sobre o afastamento da classe C do cinemas no Brasil. O presidente da ANCINE, Manoel Rangel, apresentou duas medidas que diminuiriam o valor dos ingressos:

Primeiro, a moralização do uso da meia-entrada, com a redução do volume de carteiras de estudantes falsificadas. Segundo, a expansão do número de salas. Além de pequeno, o parque exibidor brasileiro tem baixa capilaridade. São cerca 2.200 salas em todo o país, concentradas em três pólos, todos próximos: a cidade de São Paulo (com 10% dos cinemas), a cidade do Rio e o interior paulista. E, mesmo nesses mercados, há concentração de salas em shoppings centers.

Começamos pela segunda. Com o preço alto do ingresso, não aumenta-se a oferta porque não há demanda. Onde houver demanda, haverá cinema. Se o preço reduzir e aumentar a demanda, novos cinemas vão abrir.

O que importa mesmo é a primeira, que Rangel tocou superficialmente. Não é necessário moralizar a emissão de carteiras, é necessário acabar com a lei do ingresso dobrado (também conhecida como lei da meia entrada). O efeito prático da lei é que o cinema tem que cobrar o dobro do preço pelo ingresso para quem não é estudante ou que não comprou sua carteirinha da UNE (são coisas distintas). Não importa se quase ninguém pague este valor, o importante é que as receitas sejam compensadoras e crie-se a ilusão que os estudantes pagam meia. Não pagam. Pagam quase inteira, os outros é que pagam dobrado.

Não há a menor lógica que um assalariado tenha que pagar R$ 20 para ir ao cinema enquanto que um estudante rico pague R$ 10 para ver um enlatado americano ou uma das porcarias produzidas no Brasil. E chamam isso de cultura!

A lei da meia entrada tem que acabar para que o cinema deixe de ser um privilégio. O resto é firula.