O Big Brother

Um dos mitos que não mais se sustenta é que a internet é terra dos anônimos. Já foi. As ferramentas de controle de acessos estão cada vez mais eficazes em identificar de onde partiu o acesso a uma determinada página. Em seu blog, Aloíso Amorim publicou um post que mostra o local exato de um determinado acesso.

Isso muito me preocupa. Estamos caminhando a passos largos, se já não chegamos, da vigilância total do indivíduo. Outro dia presenciei a seguinte conversa entre dois amigos a respeito de uma reportagem que passava no Jornal Nacional sobre a instalação de câmeras de segurança em São Paulo. A reportagem mostrava os benefícios para a polícia.

__ Infelizmente chegamos a um nível de violência tal que temos que abrir mão de nossa privacidade.

__ Eu não vejo problema nenhum.

__ Não?

__ Não. Quem não está fazendo nada de errado não tem nada a temer.

O que este colega não compreende muito bem, é que o certo para ele pode virar errado para alguns de um momento para outro. Que garantias temos que os vigilantes estarão de olho apenas na violência? Que nossa vida privada não estará a perigo? Segundo ele, a partir do momento que saímos de nossa casa, estamos em público e perdemos o direito à privacidade. Será?

O que acontecerá com aquele namoro em um banco de praça? Aquela conversa com os filhos passeando por um zoológico? Aquela chamada de atenção mais enérgica em um filho, que quem é pai sabe que é necessário, não vai despertar a ira de espíritos sensíveis de assistentes sociais?

Um delegado aqui de Brasília, se aposentando, concede uma entrevista em que defende com unhas e dentes a escuta telefônica. Parece que o grampo virou o método principal de investigação nos dias de hoje e não o último recurso que deveria ser.

O problema de estabelecer vigílias é sempre um só: quem vai vigiar os vigilantes?

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