Quando parar de ler um artigo

Uma das coisas que Aristóteles ensinou, vou a relação entre premissas e consequências. Pela lógica, uma argumento só é válido se a consequência for verdadeira sempre que as premissas também forem. Se uma das premissas for falsa, nada se pode falar sobre a argumentação.

Noblat reproduz um artigo do economista Vander Mendes Lucas que começa com a seguinte afirmação:

Muito se discute sobre o retorno e a necessidade da presença do Estado na economia, através de programas de incentivo ao consumo, para fazer frente à crise financeira internacional que assola a economia mundial.

Retorno do Estado? Deve estar de brincadeira! Um dos mitos desta bagunça toda é que o Estado estava fora da economia, o que é uma grande mentira. A origem da crise está na interferência do governo americano no mercado imobiliário.

Diante da premissa errada, nem me dei ao trabalho de ler o restante do artigo. Lucas me perdeu na primeira frase.

Voegelin afirmou uma vez que se existe uma verdade no mundo contemporâneo é que o Estado sempre aumenta seu poder, nunca diminui. A crise econômica é o pretexto que os políticos precisavam para aumentar o poder do Estado.

Sob aplausos do que serão esmagados.

Vale a imagem que Orwell fazia em 1984 sobre o Estado: uma bota esmagando um rosto humano…

Liberação das Drogas

Novamente o tema surge entre políticos brasileiros. Digo políticos porque esta é uma questão que a grande maioria da população brasileira tem uma opinião bem diferente de FHC e Temporão. Aqui cabe algumas dismistificações.

FHC não defendeu a liberação das drogas, defendeu a descriminilização do consumo, o que já existe. Temos uma das legislações mais liberais neste sentido. Um legislação que vai contra a vontade popular, mas que é fato. Ninguém vai preso no Brasil por estar fumando maconha ou cheirando cocaína. Embora sejam financiadores do crime organizado, mensagem que o filme “Tropa de Elite” trouxe para irritação dos liberais brasileiros que não querem lembrar de responsabilidade moral dos nossos atos, até porque abominam este negócio de moral.

Temporão pegou o mote e já começou nova campanha. Anteriormente havia sido o aborto, a educação sexual para crianças em escolas públicas usando pênis de borracha para ensinar meninos e meninas a colocar camisinha. Tudo contra a vontade da maioria dos pais. Mas como disse o presidente uma vez, a vontade dos pais não importa nestes casos.

Temporão a tempos tem feito de tudo para transformar o Brasil nos Estados Unidos no campo das políticas liberais do partido democrata. É pior ainda o fato de ser o ministro da saúde. Muitas das suas idéias atingem justamente o sistema que é responsável.

Qual o impacto da liberação das drogas para o sistema de saúde? Uma das leis econômicas diz que as pessoas reagem a incentivos. Liberando as drogas, o preço cairia automaticamente. Será que a facilitação do acesso a drogas tornaria o país melhor? Acho que não.

Tanto FHC quanto Temporão batem na tecla que o combate ao tráfico de drogas é um retumbante fracasso. Sim, gasta-se milhões para enfrentar este mal que assola a humanidade, mas as perguntas deveriam ser outras. Se não houvesse este enfrentamento, a coisa ficaria melhor? Quando se gastaria em saúde com um aumento significativo no consumo?

Muitos se iludem, achando que com a liberação das drogas a violência vai desaparecer. Traficantes não possuem nenhuma paixão por sua mercadoria. Estão no seu negócio porque a perspectiva de lucro, por ser uma atividade ilegal e arriscada, é gigantesca. Liberando as drogas, não vão se dedicar a fabricar brinquedos no dia seguinte, vão para outra atividade criminosa.

A droga é um fragelo, a piora a cada dia. Não é a toa. O uso de drogas está intimamente ligado com a escolha de seus consumidores, com a questão moral. A sociedade moderna cada vez mais se afasta de qualquer consideração ética de seus atos, procurando sempre racionalizar seus próprios erros. Não sei quanto tempo vai levar para percebemos que tomamos um caminho errado, o afastamento de Deus e da religiosidade. A negação de Deus, o ateísmo, é o afastamento da verdade, é a imersão em um beco sem saída. Dostoievsky estava certo.

Se Deus não existe, tudo é permitido.

Sem Pudor

Acabou qualquer pudor do apedeuta. Montado sobre uma popularidade recorde, passa por cima de toda contrariedade.

Propaganda antecipada? Não quer nem saber. Parte inaugurando promessa de obra com Dilma sempre ao seu lado. Afinal, terá a justiça coragem de enfrentá-lo agora?

Imprensa? Distribui pontapés e afagos a vontade. Sabe que para cada afago pode dar 10 pontapés depois que os jornalistas não se importam. Querem mesmo essa relação de cachorro vira-lata, felizes em servir ao seu dono.

Responsabilidade fiscal? As favas, como se viu no encontro dos prefeitos.

O problema de um presidente forte é o rebaixamento das outras instituições. O congresso, que deveria fiscalizar o executivo, está totalmente submisso. O judiciário, que deveria aplicar a lei, está cada dia mais isolado, transformando-se em um inimigo da salvação nacional, como seu viu no caso Daniel Dantas.

Tudo isso contribui contra a democracia e contra a liberdade de todos os brasileiros. Que o leigo não consiga compreender isso é razoável, mas que os que deveriam mostrar o caminho aceitem felizes esta situação é lastimável.

A Brasil é a prova viva que a teoria da evolução do darwin não se aplica à sociedade. Ainda voltaremos a andar sobre quatro membros.

Obama: o que a mídia anda escondendo

A mídia americana começou mal a cobertura do governo Obama; o que era de se esperar tamanha foi a torcida por sua eleição. Por torcida entenda-se toda uma organização para que o candidato fosse jamais questionado e uma campanha difamatória contra a chapa republicana que envergonha a liberdade de imprensa (se é que isso ainda existe).

A mídia resolveu que só vai divulgar números favoráveis ao candidato. Assistindo a CBS, ABC, NBC, CNN e etc, o americano não vai saber que:

  1. A decisão do presidente de liberar fundos para entidades que promovem o aborto como forma de planejamento familiar foi apoiada por 38% dos americanos e rejeitada por 58%.
  2. O fechamento de Guantánamo foi aprovado por 44% e rejeitado por 50%.
  3. Apenas 38% dos americanos acham que o plano de ajuda econômica de Obama deve ser aprovado do jeito que está.
  4. A aprovação de Obama como presidente caiu de 83% para 63% em e semanas.

Um presidente não deve se pautar pelo humor do eleitorado, mas não cabe a mídia esconder a percepção do povo sobre as decisões do governo. Parece que os americanos estão tendo lição de como não fazer jornalismo com seus colegas brasileiros.

O fato é que a grande mídia americana apostou sua reputação na Obamania. A idéia de que podem ter apostado em uma canoa furada deve estar começando a incomodar as redações. O que for possível fazer para proteger Obama do Obama será feito.

Custe o que custar.

A metamorfose

Quem leu o primeiro número de Dicta e Contradicta deparou-se com um excelente artigo sobre como ler o Eclesiastes, de autoria de Luiz Felipe Pondé. Ontem o autor apresentou na Folha um artigo sobre o pessimismo. Pondé enfrenta o otimismo progressista e nos apresenta pérolas como essa:

Eu penso que o Iluminismo é que é regressivo porque caminha sobre fantasias enquanto os homens caminham sobre tumbas. Nós modernos somos a raça mais covarde que caminhou sobre a Terra. Não escrevo para tornar a vida do meu leitor melhor. Escrevo e leio para não me sentir só. Quando olho os “avanços” da nossa minúscula história, penso: como nos verão em mil anos? Como a decadência do século 17? Rirão de nós porque demos direitos aos ratos, enquanto fizemos dos bebês lixo reciclável pelo direito de gozar mais?

A íntegra aqui.

Santa ingenuidade…

Editorial da Folha:

Uma “détente” entre a Casa Branca e o regime dos aiatolás, que acumulam 30 anos de ruptura e hostilidade, seria um acontecimento capaz de desarmar espíritos ao longo do chamado grande Oriente Médio. O Irã incentiva e patrocina grupos e milícias fundamentalistas que fustigam Israel -caso dos xiitas do Hizbollah, no Líbano, e do Hamas nos territórios palestinos.
Uma distensão entre Irã e EUA também ajudaria a consolidar a transição política no Iraque, de maioria xiita como o Irã.
A normalização das relações entre Washington e Teerã depende sobretudo de como as duas partes vão lidar com o tema do programa nuclear iraniano. O Irã, signatário do Tratado de Não-Proliferação, sustenta seu direito de desenvolver um projeto para fins pacíficos.

Comento:

  1. O espírito do Irã não está armado por conta dos Estados Unidos, é exatamente o contrário. Quando a imprensa entenderá que o oriente não vive de reagir ao ocidente? O que os muçulmanos compreenderam, e muito bem, é que a secularização havia começado a penetrar em sua sociedade. Esta é a verdadeira guerra do islã. A guerra contra os valores ocidentais, ou melhor, contra a falta de valores do novo mundo civilizado.
  2. Seria cômico… se não houvessem tantos morrendo. Fustigar? O editorial acerta ao relacionar o Irã com o terrorismo, mas quando diz que o hamas apenas fustiga Israel é uma falta de vergonha tremenda. Tudo em nome de uma falta isenção, de um equilíbrio que evita que o jornal condene o terrorismo. Entre a democracia e o terror, a Folha prefere ficar no meio.
  3. Fins pacíficos? A folha poderia explicar por que um país montado sobre petróleo precisa tão urgentemente desenvolver um programa de energia nuclear. Principalmente se levarmos em conta que trata-se de uma nação não industrializada, com poucas necessidades energéticas.

A crise que não atinge o presidente

Um dos problemas do populismo é o culto ao indivíduo. O descolamento, mais uma vez, de Lula e seu governo dos efeitos da crise econômica é uma evidência do dano que se pode causar ao sistema democrático.

O governo Lula não fabricou a crise, da mesma forma que não colocou o Brasil na reta de crescimento econômico dos últimos anos. Seu mérito foi manter a política econômica do governo anterior e trabalhar com estabilidade. Os petistas compreenderam muito bem que a manutenção da estabilidade econômica é essencial para conseguir dar prosseguimento a uma agenda de esquerda, mas isso é outra estória.

O fato é que o governo não tem culpa da crise. Mas tem total responsabilidade para as medidas para combatê-la. Quero dizer aqui que cabe ao governo resolver problemas econômicos? Não, cabe ao governo parar de atrapalhar a economia real. Deixar que a sociedade absorva e enfrente a crise.

Quando o governo, e a justiça trabalhista, age para evitar acordos entre empresas e empregados, na defesa intransigente de uma legislação arcaica, força as empresas a demitir ou aumentar suas dificuldades. Miriam Leitão tocou em um ponto interessante outro dia: muitos destes empregos podem nem voltar após a crise. Vencido o custo elevado para demitir, elas pensarão muito antes de re-contratar. Inclusive podem investir em fechar postos de trabalho definitivamente, através do aperfeiçoamento de processos e mecanização.

O governo brasileiro tem emitido respostas pífias para a gravidade do momento. Em seu lance mais significativo investiu contra as importações, e teve que voltar atrás, mostrando a indecisão que toma conta da política econômica.

O problema não é só a reação aos acontecimentos, mas o que se perdeu nos anos de bonança. Ao invés de aproveitar o crescimento econômico para investir, o governo optou por inchar o tamanho do estado. Nos anos Lula, a despesa com o funcionamento da máquina aumentou mais do que o crescimento do PIB. A conta vai começar a ser paga agora. Em uma sociedade onde o consumo é fortemente tributado, a recessão causará uma diminuição da arrecadação.O recurso público para investimentos vai ficar ainda mais escasso.

Resta o recurso privado. O problema é que este, nas mãos dos bancos, depende fundamentalmente da poupança interna. O dinheiro que os brasileiros aplicam nos bancos. Quando o brasileiro opta por consumir, necessariamente deixa de poupar. O governo tem incentivado o consumo para diminuir a recessão econômica e garantir as receitas de impostos. Diminui a recessão, mas deixa o país mais tempo no atraso.

Por isso é bom desconfiar do investimento público para gerar empregos. O governo não tem este dinheiro. Não somos Estados Unidos. O banco central americano está cheio de dólares por causa da fuga da moeda americana para a segurança dada pelo tesouro americano. Exatamente o contrário do que acontece na maior parte do mundo, e no Brasil.

Em tudo isso, a confiança do brasileiro em seu presidente só faz aumentar. Isso é muito mal. Governos deve ser constantemente cobrados pela sociedade e não louvados. Uma atitude de permanente desconfiança é melhor do que um apoio de olhos vendados.

A Argentina paga até hoje o preço da ilusão peronista. Algumas das razões de nosso atraso ainda estão relacionadas com governo Vargas. O lulismo-petistismo deixará uma pesada herança cultural em nossa sociedade. Levará décadas para nos livrarmos dela.

Se um dia quisermos nos livrar.

A mãe do ano

Eu tinha visto por alto a estória dos nascimento dos 8 gêmios. Na hora comentei com alguém que só poderia ser coisa de fertilização. Só hoje fui ler mais sobre o assunto (clique aqui). É de estarrecer.

A mãe, Nadya, era mãe solteira de 6. Não satisfeita, apesar de seus recursos limitados, resolveu fazer fertilização in vitro utilizando múltiplos embriões. O resultado é que se tornou mãe de 14 filhos e transformou sua epopéia em um show para a mídia.

Está sendo apresentada como a mãe do ano, uma boa alma que se sacrificou pelo amor de suas crianças. Será mesmo? Até onde sua atitude é amor e até onde é irresponsabilidade?

Para começar, ela não tem como pagar esta conta. Logicamente o estado (leia-se contribuinte) vai arcar com suas atitudes. Parece que só a conta do hospital ficará em mais de um milhão. Mas isso não é o pior. Quais os danos que os próprios filhos sofrerão por sua decisão?

Mulheres não são chocadeiras e nem produzem ninhadas. Os bebês nasceram muito leves e possivelmente terão muitos problemas de saúde em função da condição em que vieram ao mundo.

Temos ainda o problema psicológico. O amor e atenção de uma mãe é fundamental para uma criança. Que espécie de atenção será capaz de dar para 14 filhos ao mesmo tempo? O tempo dirá.

Ela pode ser considerada uma grande mãe para muitos. Pessoalmente, só vejo uma irresponsabilidade sem tamanho e uma diminuição do valor da vida e da própria maternidade. O que era para ser algo sagrado tornou-se um show bizarro protagonizado por Nadya, seus médicos e a mídia americana.

A humanidade não cansa de me surpreender. Infelizmente.

O mundo em fábula ou A mosca no café

Veja o que acontece quando uma mosca cai numa xícara de café?

O italiano – joga a xícara fora e vai embora com raiva.

O francês – joga fora a mosca e bebe o café.

O chinês – come a mosca e joga fora o café.

O russo – bebe o café com a mosca, desde que não tenha que pagar mais pela mosca.

O judeu – vende o café para o francês, a mosca para os chineses, compra uma nova xícara de café e usa o dinheiro extra para inventar um dispositivo que impeça que moscas caiam no café.

O palestino – culpa os judeus pela mosca ter caido no seu café, protesta contra este ato de agressão na ONU, toma um empréstimo na União Européia para comprar uma nova xícara de café, mas usa o dinheiro para comprar explosivos e, em seguida, explode a cafeteria onde o Italiano, o Francês, o Chinês e o Russo estão todos tentando explicar ao Judeu que ele deveria ceder o seu copo de café para o Palestino.

(Do blog Net Judaica)

Mundo real

Barack Obama mandou fechar Guantánamo. Descobriu algumas coisas:

  1. Os presos não podem ser entregues a justiça americana pois serão postos em liberdade.
  2. Eles são perigosos.
  3. Dos 75 jihadistas mais procurados na Arábia Saudita, 11 são ex-presos de Guantánamo. Eles haviam sido libertados depois de passar por um processo de reabilitação.
  4. Os países europeus não querem nem saber deles. Embora defendam a liberação.
  5. Se forem devolvidos para os países de origem, serão mortos ou voltarão para o terror.

No mundo das fábulas da obamamania, seria muito fácil. Uma canetada e os 200 infelizes voltariam para cuidar de vacas no Oriente Médio. No mundo real são homens perigosos que a lei americana não consegue alcançar e não estão interessados em cuidar de vacas. O que fazer? Libertá-los assim mesmo?

Com a palavra o presidente-celebridade.