Confesso que depois da decisão, ainda parcial, do STF eu chutei o balde. Não cheguei ainda ao ponto de um companheiro, também blogueiro, que em um momento de fúria apagou tudo que tinha escrito até então, mas a vontade foi grande. O desânimo é profundo com tudo que está acontecendo no país; a impressão é que nos últimos seis anos estamos regredindo uma eternidade; pior, muito pouca gente se dá conta da profundeza do abismo que estamos nos metendo.
A sensação que tenho agora é de derrota. A vulgaridade, a falta de vergonha, a imoralidade, tudo isso me venceu. Um povo amorfo é feliz com o pão e circo acompanham a tudo sem o menor sinal de reação; fomos comprados por esmolas e vendemos nossa dignidade. Não sei o que será deste país para as próximas gerações. Vou mais longe, não sei o que será deste mundo.
Por todos os lados vejo a hipocrisia, a perda dos valores. Nietszche estava certo quando descreveu o niilismo como a história da humanidade nos próximos dois séculos. Vejo que o mundo se perdeu na modernidade e no relativismo que veio com ela. Estamos abandonando a busca pela verdade, por toda a parte nos convencemos que ela é relativa, que não existe.
O indivíduo está cada vez mais diminuído, oprimido pelas ideologias e pelo poder sempre crescente do estado. Estamos entregando tudo que nos deveria ser mais caro em troca de uma falsa sensação de segurança. Estamos deixando de lutar por nosso destino, queremos que alguém tome as decisões por nós. O coletivismo tomou conta da humanidade e seu avanço parece infindável. O espetáculo que estou vendo remete às duas utopias narradas ainda no século passado. Huxley e Orwell estão mais presentes do que nunca.
Por dois anos tenho escrito sobre tudo isso. Não vejo muita novidade, estou escrevendo sobre as mesmas coisas, estou repetindo os mesmos pensamentos. Hora de recolher o time de campo e reavaliar tudo. Tem horas que escrever sobre o petralhismo, o politicamente correto, o pensamento esquerdista, a vulgaridade intelectual, tudo isso, enjoa. É isso que estou sentindo agora, enjoado do mundo.
Há esperança? Sempre. Por isso a fé é importante para mim. Por isso acreditar que a justiça não é deste mundo, que existe uma finalidade para tudo, nos faz seguir adiante diante de tanta iniquidade.
Para terminar deixo um pensamento de Santo Agostinho, de seu primeiro livro, mais atual do que nunca. Quando ele fala de fortuna, está se referindo ao destino; posteriormente ele se arrependeria do termo que usou.
Talvez o que vulgarmente se chama fortuna é regido por uma ordem secreta e o que chamamos acaso nos acontecimentos se deve ano nosso desconhecimento das suas razões e causas, e não há nenhum acontecimento particular feliz ou infeliz que não se harmonize e não seja coerente com o conjunto de tudo.