Outro dia um colega discutiu comigo a força do PT nas eleições municipais. Argumentou citando uma pequena cidade da Bahia, que sempre teria sido carlista, e que teria eleito um prefeito petista. “Eu nunca imaginaria que o PT um dia ganharia lá!”.
Disse a ele que não havia nada de estraordinário tendo em vista que o governador da Bahia era do PT, assim como a presidência. O dia que o governo trocasse de mãos, estas prefeituras mudariam também. Ele discordou e veio com a tese que o PT tinha crescido nas eleições.
Faltou combinar com o PT porque o clima no partido foi bem diferente de uma vitória. O que as urnas apontaram foi a rejeição do partido nas maiores cidades e sua penetração nos grotões. Quando o partido deixar o governo e a máquina, perde os grotões; a recuperação de seu capital urbano será muito mais difícil tendo em vista que a falsa idéia de um partido ético já se perdeu a muito tempo.
Leio hoje nos jornais que o governo está preocupado com o PMDB. Deveria. Se teve algum grande vencedor no pleito deste ano foi justamente este partido. Aumentou substancialmente o número de prefeituras, a quantidade de votos e ainda levou a segunda capital do país. Agora vem a cobrança.
Muitos jornalistas venderam o resultado das urnas como uma vitória do governo computando todos os votos dos partidos da base na conta de Lula. Se é assim, por que então a preocupação? O PMDB não é governo?
No primeiro mandato, o governo tentou comprar os votos do Congresso para não depender do PMDB. Foi descoberto, acabou tendo que se aliar ao partido. Esta aliença teria um preço, e este preço aumentaria à medida que o governo dependesse mais do PMDB.
É o que está acontecendo.