Estadão:
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) defendeu ontem a responsabilização criminal do delegado Paulo Lacerda por supostos abusos e ilegalidades da Satiagraha.
Ex-diretor-geral da Polícia Federal (2003-2007) e diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Lacerda teria autorizado o engajamento de 84 arapongas no inquérito da PF contra o banqueiro Daniel Dantas.
Comento:
É impressionante como este termo depreciativo ainda permanece no Brasil, como se a atividade de inteligência fosse uma aberração do estado. Não é, ela é essencial para o governo de um país democrático. O que não pode, aí sim uma aberração, é usar o serviço de inteligência sob controle da polícia federal para investigar uma pessoa, seja lá quem for. Para isso a polícia tem sua própria estrutura de inteligência.
Saber que a estrutura do estado está a serviço de um projeto de poder implica em saber que nenhum de nós está protegido do próprio estado. É vom sempre lembrar, o que aconteceu com o caseiro foi a mais grave perverção do governo Lula, maior até do que o mensalão inteiro. Quando a estrutura do estado pode ser mobilizada contra um cidadão o indivíduo já perdeu boa parte de seus direitos individuais.
Mesmo se o cidadão for Daniel Dantas? Mesmo se for o capeta em pessoa! Hoje pode ser o Dantas, amanhã pode ser qualquer um de nós, como já foi o caseiro. Basta que o estado chegue a conclusão que de alguma forma representamos uma ameaça. Leiam 1984. Está tudo lá na fábula de Orwell. Os germes do mundo totalitário cada vez mais aparecem em nosso país.
O Estado já está sendo julgado pelos movimentos sociais em tribunais populares simbólicos que vão construindo a perecibilidade daquilo que é conjunto do povo, governo e instituições. 1984 = 2008