Globo:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu retaliar o Equador por expulsar a construtora brasileira Odebrecht do país. O Ministério das Relações Exteriores anunciou que o Brasil decidiu adiar – sem previsão de retomada das negociações – o envio de uma missão chefiada pelo ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que discutiria um projeto vultoso de ligação entre o porto equatoriano de Manta, no Oceano Pacífico, e Manaus, possibilitando a criação de um corredor interoceânico. O vice-presidente da Odebrecht para América Latina e Angola, Luiz Mameri, disse que, embora não tenha sido informada formalmente, a empresa respeitará a decisão do Equador de expulsá-la e assumir suas obras no país:
– Obviamente que respeitaremos qualquer decisão do governo equatoriano. Podemos não concordar, mas respeitaremos.
Comento:
Ora, vejam só. É só aparecer um prenúncio de crise econômica que o governo resolve de uma hora de outra se fingir de macho. Não se enganem. Enquanto Lula for presidente e nossas relações internacionais forem comandadas por Celso Amorim e o Sargento Garcia os amigos poderão tudo.
Já deve estar tudo combinado. Por baixo dos panos sairá ajuda para o Equador. Um Proer dos companheiros. Não tivesse a crise estourado a petralhada do governo estaria falando em grupo de estudo para estudar o problema, o quem traduzido significa “já era”.
Globo:
BRASÍLIA. O Ministério do Meio Ambiente anuncia hoje uma lista de 90 pessoas e empresas que serão processadas na Justiça Federal por desmatamento ilegal da Amazônia. As ações vão cobrar multas e exigir recuperação de áreas em que o Ibama flagrou a derrubada ilegal de árvores. Já os assentamentos do Incra, que lideram o ranking dos desmatadores, terão as multas convertidas em serviços ecológicos.
Comento:
Mais surreal do que isso é difícil. Órgão do governo multando órgão do governo como se o dinheiro fosse deles. Não é. É nosso. Serviços ecológicos, o INCRA? Se são órgãos do governo quem deve ser responsabilizado é o governo. A denúncia é do próprio Ministro do Meio Ambiente. Cabe ao chefe do governo __ o nunca tão adorado __ tomar uma atitude. Ou desautoriza o Ministro e o coloca para fora ou chama as favas o Ministro da Reforma Agrária, seja lá o nome que tem esta nulidade.
Mas esta pauta não interessa à imprensa isenta que nós temos.
Globo:
A Coréia do Norte proibiu ontem a entrada de monitores da ONU em seu complexo nuclear de Yongbyon, num passo significativo contra o acordo de desmantelamento de seu programa atômico. No mesmo dia um jornal sul-coreano informou que o vizinho do norte instalara mais de dez mísseis na costa oeste para o que parece ser um iminente lançamento.
As duas ações, potencialmente desestabilizadoras, ocorrem em meio a rumores de que os Estados Unidos teriam oferecido retirar o país da lista de nações terroristas, num esforço para que o pacto nuclear não fracassasse.
Comento:
Não se preocupem. Com Obama na presidência teremos a conversa como solução.
__ Sr. Ditador. Não gostaríamos que continuasse com suas armas nucleares.
__ Claro, claro! Pode deixar, estamos desarmando nossos mísseis. Aceita um café?
__ Obrigado. Como eu estava dizendo, não é o por mal não, mas sabe como é, são tantas pressões…
__ Eu sei, não me diga. Você não sabe o trabalho que dar disputar eleições durante décadas e ganhar todas com 99% de votos.
__ Por isso estou aqui, para resolvermos tudo com uma boa conversa.
__ Mas claro, é o que eu sempre quis! Aquele bruto que tinha antes não entende isso!
__ Então vai desarmar seus mísseis?
__ Meu caro amigo, amigo do peito, considere as ogivas desarmadas!
E Obama é recebido em festa pelos americanos e pelo mundo. Changeeeee! Um novo jeito de resolver as crises internacionais. Alguns ainda falam de um tal de chamberlain… mas isso é velharia. E tinha o inglês de charuto que disse uma vez: “Entre a desonra e a guerra ele preferiu a desonra. E terá a guerra“.
O que importa tudo isso? Changeee!!!
Globo:
SÃO PAULO. O coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi de 1970 a 1974, foi declarado torturador pela Justiça em uma decisão inédita no país. O juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível do Estado de São Paulo, deu ganho de causa à família de Maria Amélia de Almeida Teles, a Amelinha, militante de esquerda presa e torturada com o marido, Cesar, os filhos pequenos e a irmã, Criméia, no prédio da Operação Bandeirantes em dezembro de 1972.
A família Teles ingressou em 2005 com uma ação civil declaratória na Justiça exigindo apenas uma coisa: que o coronel reformado fosse reconhecido como torturador. O processo é o mesmo de uma ação indenizatória, mas não é pedido nenhum centavo de reparação por danos materiais ou morais. Também não tem efeito penal, já que é um processo cível e a Lei da Anistia não permite punições nesse sentido.
– Fechou uma porta do passado e abriu outra, a do começo do fim da impunidade. Quem sabe seja o fim disso, não é? Ficamos satisfeitos – disse Criméia Alice Schmidt de Almeida, que integrava a Guerrilha do Araguaia e foi presa e torturada quando estava grávida de sete meses.
Comento:
A imprensa gosta de repetir, como se fosse uma prova de virtude, que a ação é apenas declarativa. Que não tem efeito penal, que não afronta a lei de anistia. Mas o que diz a ex-guerrilheira que pegou em armas para instalar uma ditadura comunista no Brasil e hoje uma simpática velhinha? Que abriu-se uma porta, uma porta para o fim da impunidade. Não se iludam, querem sim o fim da anistia.
Eu aceito! Vamos processar quem torturou, com todo o direito de defesa que a lei possibilita. E os seqüestradores, até o ministro. E os guerrilheiros. Os assaltantes de banco. Até mesmo esta simpática senhora que não estava no Araguaia passeando. Soldados também morreram lá, habitantes locais foram executados pela guerrilha por passar informações ao Exército.
Ah, sim. Conheci recentemente o Coronel Ustra. Mais importante ainda, conheço gente que o conhece bem. Não acredito que tenha torturado ninguém; para seu desfortúnio tornou-se um símbolo para uma luta que pretende transformar heróis em vilões e vilões em heróis. E já conseguiram.