Não vou aceitar a tese de conservadores que acham que é preciso diminuir os gastos do Estado. Não vamos diminuir, porque todos aqueles que, na década de 80 e 90, diziam que o Estado não podia ser forte, que atrapalhava, que gastava demais, na hora em que o sistema entra em crise, quem vai salvá-lo é o Estado que eles diziam que não prestava para nada.
Um dos axiomas básicos da economia afirma que as necessidades são ilimitadas mas os recursos são escassos. Nos últimos anos, os gastos do governo brasileiro subiram sempre mais do que o aumento do PIB, muito pelo aumento da arrecadação provocado pela melhoria da eficiência da receita e pelo próprio aumento da atividade produtiva e consumo, gerando mais impostos.
A expectativa para o ano que vem é de diminuição do crescimento econômico, talvez até recessão. O crédito fácil para investimento desapareceu. É uma questão lógica, com menos dinheiro é necessário o corte do orçamento. Onde será este corte?
É como se um trabalhador experimentasse uma redução em seu salário e quisesse continuar gastanto a mesma coisa. Pior, sem possibilidades de obter crédito. A conta não fecha.
A constituição brasileira limita em muito a margem de manobra do governo. Gastos com a previdência, educação e saúde estão vinculados na carta, não há muito a fazer. Sobra os demais gastos sociais, investimento e custeio. O governo diz que não vai cortar nenhum dos três. Vai cortar onde então? O estado não cabe dentro do PIB, querer fechar os olhos para este fato é uma irresponsabilidade.
A não ser que o governo queira investir em novo aumento de impostos. Seria mais um tiro no pé. No momento que se precisa evitar uma recessão, aumentar impostos seria ir no caminho oposto. Acabaria por aumentar impostos, sem aumentar receita.
Minha aposta? O governo vai acabar cortando investimentos. Mais uma vez o investimento público, que já é feito porcamente na habitual incompetência (e corrupção) petista, será diminuído ainda mais. Novamente vamos sacrificar o futuro para manter as beneces do presente.
Ah, é preciso lembrar sempre. A crise financeira não é produto exclusivo do mercado. Tem as digitais do estado por toda a parte. Os governos nacionais substituíram a inflação provocada pela emissão de dinheiro pela criação do crédito podre criando a bolha que estourou este ano. Na verdade, o estado está limpando a sugeira que ele próprio ajudou a criar.