Todo mundo está careca de saber que a menina morreu. Chamou-me atenção, no entando, que a imprensa evitou fazer a manchete. Soubemos que o estado era grave, tudo bem. Logo em seguida as manchetes eram “família decide doar ógãos da menina”. E assim tem sido nos últimos dias, a notícia da doação de órgãos ganhou mais relevo do que a morte da refém. É como se a imprensa tirasse o peso do acontecimento mais importante e aproveitasse para fazer uma campanha dos benefícios da doação de órgãos.
Eu sou doador, mas achei o fato curioso. Esse é o papel da imprensa? Vou mais longe, por que este pudor? Por que a preocupação evidente de não dizer a verdade crua?
Muitos jornalistas deveriam estar agora repensando sua participação na cobertura. Deram a um desequilibrado um palco para realizar seu show. Vibraram com os índices de audiência, faturaram bastante. Só que a menina morreu. E agora? Até que ponto o circo que foi armado favoreceu o final trágico?
O Show de Trumam foi encenado como se fosse ficção, só que terminou de forma assustadoramente real. Cada um que durma com sua consciência, pois um dia terão que responder por seus atos e pensamentos.