Legislação Trabalhista

Conversando com meu dentista _ dentro do possível com a boca aberta __ ele me contou que sua assistente não estava lá ajudando porque ela fazia faculdade à noite. Comentei então que ele já deveria começar a se preparar para perdê-la quando terminasse o curso, pelo que entendi fazia enfermagem.

__ Pelo menos com ela pedindo demissão o impacto é bem menor. A que eu tinha anteriormente me custou R$ 2.500,00 de rescisão e olha que só trabalhou 11 meses! Pagava R$ 500,00 por mês. Tem sentido um negócio desses? Trabalhava mal, tive que demiti-la e tenho que arcar com um custo desses, como se eu estivesse com dinheiro sobrando por aqui.

Uma das coisas que se inverteu no país foi a responsabilidade no emprego. Uma narrativa dessas certamente trás uma onda de inquietude com a situação da auxiliar demitida. Como ela vai fazer? Ficar sem emprego assim, do nada. Os R$ 2.500,00 que ela recebeu é até pouco para tamanho infortúnio.

Ora, se ela dependia tanto deste salário mensal deveria ter se esforçado mais para manter seu emprego. Garanto que meu dentista a teria conservado, até um salário maior, se ela fosse eficiente. Na ânsia de defender que está empregado, independente da competência, sacrifica-se quem não está, justamente quem mais está precisando. O empregado está lavando as mãos da responsabilidade de manter seu emprego através de sua própria produtividade e aperfeiçoamento.

A legislação trabalhista brasileira torna o ato de contratar extremamente caro, o que prejudica a oferta de emprego. Conheço outros dentistas, minha esposa é uma, que não possuem auxiliares. Quantos empregos, e bons, deixam de ser gerados pela anacronicidade de nossas leis?

Não adianta argumentar que o dentista poderia ter demitido a moça por justa causa. Isso é uma lenda brasileira. Para demitir um funcionário por justa causa a pessoa tem que fazer uma força danada; mesmo assim o empregador ainda pode terminar com um processo nas costas.

No mundo ideal, sonhado pelos esquerdistas, todos teriam empregos e trabalhariam felizes para o bem comum. Não vivemos neste mundo e nem este é possível, pelo menos da forma como imaginam. No mundo real pessoas são demitidas por diversos fatores, inclusive por incompetência ou simplesmente porque tem uma melhor disponível. O melhor que podemos fazer é estabelecer formas para que este período sem emprego seja o mínimo possível e isso passa, necessariamente, pela flexibilização das relações de trabalho.

Não podemos viver eternamente no governo Getúlio Vargas. Este já passou, e nós estamos passando também.

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