Veja não é conservadora

Existe uma tendência de se considerar a Veja como uma revista de direita. Não é e nunca foi. Basta ler as reportagens da revista sobre comportamento humano, as idéias da maioria de seus jornalistas são progressistas. A religião é demonizada constantemente, o aborto defendido, fez campanha pelo desarmamento. Sim, existem Reinaldo Azevedo e Diogo, mas estes escrevem artigos de opinião, não fazem reportagem.

Qual a diferença? Muita. No artigo de opinião o autor é dono de suas idéias, opina livremente sem a interferência da redação. O dia que não for mais de interesse para a empresa, o autor  é afastado, tudo dentro da liberdade de imprensa e mercado.

Já na reportagem as matérias são mostradas como parte da revista, não existe o teor pessoal de uma artigo de opinião. André Petry é um progressista, tinha seu artigo de opinião do meio da revista. Até aí tudo bem, fazia o contraponto aos colegas conservadores. O problema é quando sai do espaço da opinião e passa a comandar reportagens dando a suas opiniões a roupagem de consenso.

Quando a Veja escalou-o para chefiar a cobertura das eleições americanas eu já apontava neste humilde espaço que a tendência seria totalmente a favor do Obama. Pois Petry não tem decepcionado. Não escreveu uma mísera linha que trate com alguma imparcialidade o processo eleitoral; em seu mundo os democratas representam o bem, os republicanos o mal.

O artigo desta semana tem só um objetivo: destratar a escolha de Sarah Palin. Ele simplesmente repete tudo que está sendo dito nos blogs democratas americanos, chega a dizer que perto dela Bush é Sócrates. Virou um papagaio de gente como Michael Moore. A campanha vergonhosa de difamação chegou às páginas da Veja, com o concorde da redação da revista.

A Veja é em geral uma boa revista, tanto que a assino. O que não concordo é que fiquem bradando por aí que ela é uma revista de direita, o que é uma mentira. A eleição de Lula em 2002 foi tratada com extrema simpatia em suas páginas, seu início de governo foi muito elogiado. Durante muito tempo era comum ver a revistas em mãos de petistas no Congresso.

O problema é que o governo atual é um mar de corrupção e erros desastrosos. A revista, graças a sua independência econômica, faz as críticas que devem ser feitas. No geral, entretanto, defende os valores progressistas que encarnam na figura messiânica de Obama. Basta observar a defesa vigorosa que fez do pacote de Bush, que apesar de vir de um presidente republicano segue o DNA democrata.

Petry não pode perdoar Sarah por ela não aceitar como permissíveis o direito ao aborto, o casamento gay, que uma mulher possa ser simplesmente uma mulher e não aquela versão andrógina que surge na figura de feministas como Hillary Clinton. Não há uma mísera linha em seu texto sobre o festival de besteiras de Joe Biden ou a retórica oca de Obama. Para ele trata-se de uma inexperiente. Engraçado que não tenha o mesmo juízo de Barack Obama que passou sua vida como chefe de ONG.

Não defendo aqui censura de imprensa, de forma alguma. Os jornalistas da Veja são livres para defender o que quiserem, inclusive besteiras como dizer que a religião não é uma fonte válida de moral como fez há duas semanas. Como eu sou livre para um dia deixar de lê-la se me der na telha.

Infelizmente o fim da Primeira Leitura deixou um vácuo. Não há uma publicação no Brasil que faça a defesa dos valores tradicionais da civilização ocidental. Uma pena. Através do contraponto se faz um debate produtivo de idéias. O monopólio da opinião faz um grande mal a uma sociedade. Cuidado Veja!

Um pensamento sobre “Veja não é conservadora

  1. André Petry é simplesmente um jornalista desonesto. Seu estilo é um embuste. Quem tiver uma leitura mais acurada de suas opiniões verá que ele não passa de um “repetidor de slogans esquerdistas”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *