Jobim defende tirar o sofá da sala

Lembram da piada do homem que pega a mulher com outro no sofá da sala? Para resolver o problema ele retira o sofá, mais ou menos o que Jobim defendeu ontem. A PF vazou informações para a imprensa, o que é crime. No entanto o ministro defende que a imprensa seja impedida de publicar o que recebeu. Sempre que se ataca a liberdade de imprensa a democracia sai perdendo, cuidado Ministro!

Globo:

BRASÍLIA. Em depoimento à CPI do Grampo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu mudanças na legislação para punir pessoas responsáveis por vazar informações obtidas em escutas telefônicas, inclusive jornalistas. Jobim também sugeriu que a imprensa possa ser obrigada a revelar suas fontes em alguns casos.

– Os senhores terão que prestar atenção não só no interceptador ilícito, mas também no vazador de informações. Se os senhores não fecharem as duas pontas, vai continuar a acontecer o que está acontecendo – disse Nelson Jobim.

Continua a guerra interna na PF

Globo:

BRASÍLIA. Uma troca de farpas entre o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, e o diretor afastado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, reforçou as divergências sobre a condução da Operação Satiagraha pelo delegado Protógenes Queiroz. Em depoimento à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, do Senado, Corrêa deixou claro que não foi informado da ajuda da Abin na operação. Lacerda disse que, antes de a Abin ajudar Protógenes, ele próprio pediu ao diretor da PF, em novembro de 2007, que desse apoio à investigação sobre Daniel Dantas.

Lacerda deu a entender que a Abin só teve de entrar no caso porque Protógenes não teria recebido a ajuda necessária da direção da PF. Lacerda, que antecedeu Corrêa na direção da PF, disse que, na sua época, era comum o diretor receber pedidos de apoio diretamente dos delegados que chefiam os inquéritos. Ele disse que a mudança no comando da PF pode ter gerado algum tipo de insegurança em Protógenes, e feito ele não pedir diretamente apoio a Corrêa.

Quem é covarde?

Demétrio Magnoli comenta no Globo de hoje o novo livro de Reinaldo Azevedo, O País dos Petralhas. Claro que já encomendei o meu, he he. Como o Globo não gosta de liberar seus links para reprodução, o que considero uma besteira sem tamanho, o artigo pode ser conferido no próprio blog do Reinaldo.

Transcrevo uma parte interessante, fala sobre o manifesto contra Nelson Ascher. O articulista tinha ousado criticar um dos pilares do pensamento politicamente correto, o orientalista Said. Em resposta, 187 intelectuais brasileiros fizeram um abaixo assinado chamando, entre outras coisas, Ascher de covarde. Leiam o que diz Magnoli:

Em 2003, o articulista Nelson Ascher publicou na Folha de S. Paulo uma pesada crítica da obra de Edward Said, intelectual palestino-americano que acabava de morrer. Dias depois, 187 intelectuais brasileiros enviaram ao jornal um manifesto de “repúdio” ao artigo, qualificando-o como “covarde”, “difamatório”, “calunioso” e “racista”. Entre os signatários, encontravam-se nomes como Antonio Candido, Marilena Chaui, Fábio Konder Comparato e Paulo Sergio Pinheiro. O gesto, não de Ascher, mas dos 187, sintetiza aquilo que Reinaldo combate: o macartismo de esquerda, tão odioso quanto o de direita, porém mais freqüente entre nós. Posso divergir de muito do que está escrito no seu livro, mas alinho-me com o bom combate.

Na ocasião, talvez porque escrevi diversas críticas às idéias de Bernard Lewis, a fonte de inspiração do artigo de Ascher, alguém solicitou que eu subscrevesse o manifesto. O artigo não não era racista, não continha ofensas pessoais; expunha idéias. Eu não concordava com aquelas idéias, apenas isso. Perguntei o motivo pelo qual tantos intelectuais com acesso às páginas da imprensa não escreviam, individualmente, réplicas ao articulista. Não tive a resposta, que conheço: a meta era isolá-lo, desacreditá-lo, calá-lo, se possível conseguir a sua demissão – não elevá-lo a interlocutor de gente tão importante. Os 187 não subscreveram papel algum quando o governo brasileiro, violando a lei, capturou e extraditou os pugilistas cubanos. Quem falou em covardia?

A imparcialidade de nosso estadista

Folha:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista à TV Brasil que apóia a decisão do presidente Evo Morales de expulsar da Bolívia o embaixador dos Estados Unidos Philip Goldberg. “Se for verdade que o embaixador dos EUA fazia reunião com a oposição do Evo Morales, o Evo está correto de mandá-lo embora.”
“Não é de hoje e é famosa a interferência das embaixadas americanas em vários momentos da história do continente americano. Então, eu acho que houve um incidente diplomático, se o embaixador estava tendo ingerência na política lá, o Evo está correto”, completou.

Comento:

Isso é para aqueles que julgam o presidente do Brasil como o ponto de equilíbrio nas relações latino-americanas. Nunca foi, sempre esteve do lado de seus companheiros de esquerda. A tática é velha mas funciona; primeiro soltam o bufão de Caracas para fazer alarde e depois surge Lula como a voz moderada do continente.

Foi assim que os autores do “Manual do Perfeito Idiota Latino Americano” chegaram à conclusão que haveria por aqui dois tipos de esquerda, uma vegetariana e outra carnívora. Pior que este é o pensamento do departamento de estado norte-americano.

A importância da Bolívia para os Estados Unidos hoje é próximo de zero. É um país irrelevante para a maior economia do planeta, tanto pela sua ineficiência produtiva como pelo seu diminuto mercado consumidor. Querer colocar na conta de Bush os problemas que o próprio Morales causou é forçar demais a barra.

Fosse Lula um estadista, assumiria um papel moderador e de não interferência nos assuntos interno da Bolívia. Mas não é, Morales é um colega e sócio menor de um mesmo projeto.

Justiça seja feita

Na comparação entre Lula e Obama, o brasileiro pelo menos tem a qualidade de fazer suas campanhas com suas próprias palavras, gostemos delas ou não.

O colega americano, considerado um excelente orador, não dispensa o teleprompter nem para comíssios no meio dos eleitores, como aconteceu no Colorado esta semana.

Se para falar com aqueles que o apoiam, independente de qualquer coisa, ele precisa de um teleprompter, eu imagino para falar com Putin..

Editorial do Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria ter seguido seu instinto político. Quando soube da convocação, pela presidente do Chile, Michelle Bachelet, da reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para examinar a crise boliviana, seu primeiro impulso foi recusar o convite e mandar um representante em seu lugar. Ele não via sentido numa reunião de chefes de Estado, uma vez que o grupo não poderia tomar decisões que só cabem ao presidente Evo Morales. Isso, aliás, havia ficado claro quando o presidente boliviano recusou a mediação do Grupo de Amigos da Bolívia (Brasil, Argentina e Colômbia) oferecida dias antes pelo próprio Lula – enquanto procura negociar com seus opositores. De certo, o presidente brasileiro também receava que o encontro de presidentes fosse usado como palco para mais uma das agressivas demonstrações de radicalismo do caudilho Hugo Chávez, que já havia ameaçado intervir militarmente na Bolívia se a crise interna pusesse em risco o governo de seu discípulo bolivariano, Evo Morales.

Mas Lula deixou-se convencer, finalmente, de que a reunião da Unasul não apenas não configuraria uma intromissão nos assuntos internos da Bolívia, como sua realização interessava a Morales. Também teria pesado na sua decisão de ir a Santiago o fato de ser aquela a primeira reunião do novo organismo regional criado para substituir a OEA – ou seja, para evitar qualquer ingerência política dos Estados Unidos nos assuntos sul-americanos.

Os debates entre os presidentes e o texto do comunicado final da Unasul mostram que o presidente Lula teria saído no lucro não indo a Santiago. Para começar, Michelle Bachelet, presidente de turno da organização, teve grande trabalho para evitar que referências grosseiras aos Estados Unidos – acusados de fomentarem uma guerra civil na Bolívia – constassem do documento final, como exigiam Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa. Mesmo assim, o texto aprovado por unanimidade é um primor de parcialidade, não por dar respaldo a um presidente eleito, mas por considerá-lo, contra todas as evidências, como o paladino da “institucionalidade democrática”, do “Estado de Direito” e da “ordem jurídica vigente”.

Não há quem não saiba que o caos político e social se instalou na Bolívia porque Evo Morales violentou todos os princípios da democracia na sua tentativa de implantar no país um extravagante regime socialista, baseado no autoritarismo do confuso bolivarianismo de Chávez e temperado com um modelo de organização social pré-colombiano.

Antes que a situação chegasse ao ponto atual, o homem que a Unasul considera o guardião das liberdades democráticas fechou o Congresso, praticamente dissolveu a Corte Suprema e fraudou escandalosamente o processo de elaboração da Constituição que quer impor ao país. Foi contra tudo isso que se insurgiram cinco dos nove Departamentos da Bolívia. Seus governadores também deixaram a lei de lado e seria risível, não fosse trágico, falar na “ordem legal vigente” na Bolívia.

É também estranho que a Unasul exija respeito à integridade territorial da Bolívia. Há pelo menos dois anos, desde que os ânimos começaram a se acirrar, os governadores de oposição e as organizações cívicas que os apóiam não se cansam de afirmar que seu objetivo é evitar a imposição do socialismo e da ordem social pré-colombiana – que deixa em posição de submissão quem não é índio – e consagrar a autonomia dos Departamentos – e não a deposição de Evo Morales e, muito menos, a secessão do país. Se, nesse período, existiu alguma ameaça à integridade da Bolívia, ela partiu do caudilho Hugo Chávez, que mais de uma vez se disse disposto a intervir militarmente no país.

Do espetáculo encenado em Santiago teria restado de útil a decisão de organizar uma comissão para acompanhar os trabalhos de uma mesa de diálogo entre o governo e a oposição bolivianos. Mas os presidentes reunidos fizeram um “apelo ao diálogo” quando, havia já 48 horas, se reuniam no Palácio Quemado, em La Paz, o vice-presidente Álvaro Garcia Linera e o governador de Tarija, Mario Cossio, para acertar as bases das negociações entre o governo e os governadores da “meia-lua”. É desse diálogo que pode surgir a tão desejada “harmonização” entre a Constituição de Morales e as reivindicações políticas dos governadores – única forma pacífica de solucionar a crise boliviana.

Comento:

O editorial está correto na essência. Lembra que os conflitos na Bolívia foram provocados pela intransigência de Evo Morales que tenta implantar uma ditadura em seu país e que o correto seria se abster de ressaltar o presidente boliviano como paladino da democracia e da ordem. Foi Morales que insistiu na destruição das instituições bolivianas e levou a oposição ao confronto.

É bom Uribe ficar de olho com o que faz. O malvadão do Bush e García do Peru são seus únicos aliados de fato no continente. Periga ficar isolado no meio dos esquerdistas do Foro e perder parte do que ajudou a conquistar em seu país, justo no momento que as FARC estão nas cordas.

Guerra na PF

O PT conseguiu. A Polícia Federal está em guerra interna entre o ex-diretor Paulo Lacerda e o atual Luiz Fernando Corrêa. Indepedente de culpa, a prisão do número 2 da instituição foi apenas mais um capítulo desta novela que não tem como acabar bem.

Essa guerra está acontecendo em praticamente todos os órgãos e tem como origem a ocupação da máquina pública pela petralhada que não raro está dividida em várias facções. Com o silêncio das oposições fica cada vez mais claro que apenas o PT poderá derrotar o próprio PT. Apenas a sede de poder de cada petista poderá fazer naufragar o plano de assalto do partido.

A PF era para ser um órgão técnico, como em qualquer país civilizado. Transformou-se em órgão político a serviço do governo, o que é especialmente grave por tratar-se de polícia. Por isso venho batido há algum tempo: a PF não é mais de confiança.

Mais um coisa que o lulo-petismo estragou.

Crise nos EUA e eleições

Os democratas ficaram excitados com a falência da Lehman e a crise que se instalou na bolsa de NY. Quase todos os analistas políticos falam o mesmo, problemas econômicos favorecem a oposição e isto poder realmente confirmar. Mais do que sua retórica, Obama conta com a economia para se eleger presidente dos EUA.

Lembro que durante a campanha para re-eleição de FHC em 1998 estourou uma crise que afetou o Brasil, acho que era da Rússia. Os petistas também se animaram mas o tiro saiu pela culatra. Diante da ameaça de crise os eleitores resolveram apostar em quem eles tinham confiança ao invés de uma incógnita.

Pode acontecer o mesmo no norte da América. Diante da potencialidade de uma crise econômica, os americanos podem apostar em um político experiente ao invés de um que está dizendo que vai colocar tudo de ponta cabeça. Tudo isso está na concepção do pode.

Nos próximos dias teremos uma noção da reação do eleitor americano diante dos problemas econômicos.

Evo parte para o ataque

O diálogo entre o governo Evo Morales e a oposição foi suspenso nesta terça-feira na Bolívia. O motivo da interrupção, segundo os oposicionistas, é a prisão do governador de Pando, Leopoldo Fernández.

Ao saber da prisão, o principal representante oposicionista no diálogo, Mario Cossío, governador de Tarija, abandonou uma reunião com membros do governo no palácio presidencial em La Paz sem falar com a imprensa. Mais tarde, em Santa Cruz, ele declarou que o diálogo com Morales “não morreu, mas está em agonia”.

Tudo isso aconteceu com as bençãos dos 9 presidentes que assinaram a carta da UNASUL ontem. E havia um artigo prevendo o diálogo entre governo e oposição para solucionar a crise.

Na prática deram um apoio aos planos de Chávez e Morales de expandir o socialismo para a Bolívia.

o Foro mexeu mais uma peça.