Tirem suas conclusões

Folha:

O pacote quase trilionário de resgate do mercado financeiro americano tem seus prós e contras para os Estados Unidos, mas é um ótimo negócio para o resto do mundo, diz o especialista em investimentos Karl Sauvant, que foi diretor da Divisão de Investimentos da Unctad (Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento) e hoje é diretor-executivo do Programa de Investimento Estrangeiro da Universidade de Columbia, em Nova York.


Para Sauvant, os possíveis efeitos negativos do pacote se concentrarão especialmente nas fronteiras americanas, já que conseqüências como aumento do déficit orçamentário e desvalorização do dólar podem significar vantagem para outros países, enquanto a não-intervenção federal na crise trava o mercado financeiro internacional. “O pacote é necessário e duro para os EUA, mas o mundo sai ganhando”, diz ele.

Comento:

Esse Bush é realmente muito malvado, colocou seu país para pagar a conta de uma especulação que beneficiou meio mundo, principalmente os países emergentes. Não tem jeito, tudo que ele faz é errado; é impossível acertar. Espero que um dia a história o coloque no devido lugar, com seus erros e acertos No momento é o saco de pancadas dos ressentidos do mundo inteiro.

Depois de Jesus, Machado

Lauro Jardim:

Lula irá na tarde de hoje, dia do centenário da morte de Machado de Assis, à Academia Brasileira de Letras. Nada mais justo. Lá, assinará o decreto do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Na semana passada, Luiz Dulci dava os últimos retoques no discurso que escreveu e que Lula lerá hoje à tarde. Nele, Lula comparará sua trajetória de menino pobre à de Machado.

Comento:

Só eu um país como o Brasil é possível achar uma comparação de um iletrado com Machado de Assis. O primeiro nasceu pobre e chegou á presidência da república por seu aguçado senso político e disposição para transgredir as regras em um projeto de poder de raízes stalinistas. O segundo venceu pelo estudo, apesar de não formal, que o fez dominar a língua portuguesa como ninguém, por isso é um imortal. O primeiro um dia cairá no esquecimento e ficará restrito aos livros de história. O segundo vive em suas obras.

Depois de Jesus, Machado. Só falta agora achar uma relação com Einstein. Ou Sócrates. Ou Da Vinci.

Sai o megapacote

Folha:

Líderes do Congresso dos EUA anunciaram um novo acordo para a proposta de lei que deve ser votada hoje. Na negociação, o governo do republicano George W. Bush cedeu às exigências de seu partido e dos democratas. O megapacote prevê o uso de US$ 700 bilhões para a compra de títulos de má qualidade em posse de instituições financeiras.

Comento:

Não se deixem enganar pelas manchetes; lendo com mais cuidado percebe-se que no essencial o pacote será aprovado conforme anunciado pelo governo. É engraçado, para ser benevolente, como os jornalistas brasileiros desmentem as próprias manchetes ao longo das reportagens. Fico com aquela imagem do brasileiro esperando o ônibus ao lado da banca de jornal lendo apenas a primeira página dos jornais; será que tem algo a ver?

Como toda negociação, ainda mais em um país de fato democrático, é preciso ceder em alguns pontos para se ter sucesso, desde que não se mexa no essencial. Na política tem um complicador a mais, mesmo que o trato seja desde início vantajoso é preciso mudar alguma coisa para mostrar ao eleitor que está contribuindo. Não me espantaria se o governo já tivesse colocado no plano exatamente o que poderia ceder justamente para conservar o principal.

O fato é que o pacote está sendo aprovado, os tais 700 bilhões. Espero que estejam fazendo o certo, muita gente boa defende que o governo deveria deixar a quebradeira acontece; outros tantos que a intervenção é necessária. Como se trata de gente muito mais gabaritada do que eu, prefiro ficar na minha.

A Esperança que Salva

Na página de Obras de Referência um resumo da segunda encíclica de Bento XVI, denominada Spe Salvi. Nele o papa discute a fé como necessidade do homem e guia para as ações do presente. Discute as idéias surgidas na idade moderna em que a fé religiosa foi substituída pela fé no progresso e a crença que seria possível um mundo justo sobre a terra, o reino do homem.

Sobre Marx, o papa reconhece que sua análise sobre a situação de sua época foi correta mas aponta o que teria sido o erro fundamental do filósofo:

Ele esqueceu que o homem permanece sempre. Esqueceu o homem e sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal. Pensava que, uma vez colocada em ordem a economia, tudo se arranjaria. O seu verdadeiro erro é o materialismo, de fato, o homem não é só o produto das condições econômicas nem se ode curá-lo apenas do exterior criando condições econômicas favoráveis.

O resumo pode ser conferido no link abaixo.

Spe Salvi.

Foro? Que é isso? Delírio da direita!

Globo:

BUENOS AIRES. Depois do fracasso do projeto de reforma constitucional do presidente da Venezuela, Hugo Chávez (após ter sido derrotado nas urnas ele aprovou pacote de medidas por decreto), e em meio à delicada crise política em que está mergulhada a Bolívia, entre outros motivos pelas divergências em torno à nova Constituição que Evo Morales pretende implementar, o governo do presidente equatoriano, Rafael Correa, tentará vencer hoje o referendo sobre a nova Carta do país.

Segundo pesquisas, o mais provável é que Correa conquiste uma importante vitória eleitoral, apesar da intensa campanha da oposição, que nas últimas semanas acusou o governo de ter modificado o texto constitucional aprovado na Assembléia Constituinte, pela maioria governista. Líderes opositores como León Roldós, político da velha guarda, denunciaram publicamente o governo Correa e acusaram o presidente de buscar fortalecer seu projeto político, concentrando todo o poder em suas mãos.

O que venho falando?

Globo:

Mesmo com todas as garantias do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a segurança das urnas eletrônicas brasileiras está longe de poder ser considerada um consenso. Engenheiros, especialistas em computação e parlamentares levantam dúvidas sobre a inviolabilidade das urnas e a capacidade dos equipamentos permanecerem livres de fraudes e manipulações.

Semana passada, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a pedido de um grupo de parlamentares, enviou ao TSE proposta de auditoria no sistema de criptografia das urnas eletrônicas. O motivo: o órgão responsável pelo sistema, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), está no furacão de denúncias envolvendo abuso de poderes e interceptações telefônicas ilegais.

Comentário super-rápido:

Voto no papel! Já!

Continua a demonização do voto

Nosso sistema eleitoral está longe de ser razoável; o voto obrigatório, a eleição proporcional, o horário eleitoral obrigatório na TV, a quantidade gigantesca de candidatos, as regras ditatoriais da justiça eleitoral, tudo isso contribui para que o processo democrático no Brasil não funcione como deveria.

Como sair desta armadilha? Como romper este círculo? Ontem um amigo disse que era completamente cético, que nunca nos livraríamos da nossa elite política, de nossas oligarquias. Talvez tenha razão, realmente é um problema cuja solução não se mostra evidente.

Intuitivamente a educação surge como uma resposta. Um povo mais educado, em teoria, teria mais condições de julgar melhor a realidade. Quando vejo a posição dos intelectuais brasileiros começo a duvidar. Que um jovem universitário se empolgue com as idéias socialista é até compreensível, vive em um mundo de sonhos, não tem ainda a vivência da realidade para compreender que estamos em um mundo real onde essas idéias simplesmente não funcionam. O grande problema é ver a quantidade de intelectuais já com certa idade defendendo o retorno ao tempo do boi e do arado.

Mais educação? Com certeza, mas educação e não doutrinação ideológica. Ensine o homem a lógica, a matemática, as regras gramaticais, a física, a química, a história, a geografia e ele compreenderá melhor o mundo. Eleja como prioridade formar o cidadão e você terá o homem massa tão bem descrito por Gasset, a vaquinha de presépio das idéias que atrasam, quando não destroem, a sociedade.

Se achar o caminho para reformar nosso sistema viciado e fracassado é difícil, saber o que não funciona é muito mais fácil. Alertei há uma semana, e o quadro não mudou, que existia uma campanha sistemática de demonização do voto. A principal evidência é o trabalho dos chargistas. Por que os chargistas? A charge na capa de um jornal é a primeira coisa, talvez a única, que um analfabeto funcional se ocupa. Seu poder no consciente e subconsciente é ainda subestimado por muitos.

O que poderá vir de bom em convencer o eleitor que seu voto é inútil, que todos os políticos são desonestos? Combinado com o voto obrigatório só teremos a continuação da degeneração política brasileira e a perpetuação do divórcio entre a sociedade e a classe política. A demonização do voto não é uma saída, os chargistas deveriam estar alertando aos eleitores a importância do voto que está depositando na urna, é possível fazer bastante humor crítico com esta premissa.

Como disse antes, a constância e quantidade de charges sobre o assunto me preocupa. Não teria uma mão invisível por trás destes artistas? Não teria o movimento sido orquestrado?

O que pretende eu não sei, mas sei o suficiente para saber que não será bom para a democracia; não será bom para a sociedade.

Fala Lula

Me acusavam porque eu tinha barba. E esqueceram que Jesus Cristo também tinha barba.

O que querem que eu diga? Não há expressão na língua portuguesa, e talvez na humana, que consiga descrever o asco que sinto ao escutar uma coisa dessas na voz do presidente do Brasil. Até guando teremos que aguentar isso?

Como fabricar notícia usando estatísticas

O debate entre os candidatos a presidente ontem foi transmitido pelas duas grandes emissoras de notícias americanas, a CNN e a FOX. Para quem não sabe a CNN tem tendências liberais e a FOX, conservadora. Ambas as emissoras fizeram pesquisas, entre seus telespectadores, para responder a pergunta de quem teria se saído melhor no debate.

Na FOX McCain ganhou com 83% e na CNN deu Obama com 58%. A mídia brasileira deu manchete para a CNN mas afirmou o que nem a própria emissora ousou informar, a vitória de Obama. Tudo porque a emissora reconhece que 41% dos telespectadores consultados declararam-se democratas contra 27% de republicanos. Ou seja, Obama teria somado mais 10% e McCain mais 11%.

É muito difícil fazer pesquisa para saber quem venceu um debate político pois seus eleitores tendem não só a achar que seu candidato foi melhor mas também em não admitir que o contrário tenha acontecido. O mais significativo é que analizando direito chega-se a conclusão que houve empate na CNN (cada um ganhou 10%) e vitória de McCain na FOX. Cada um que tire suas conclusões.

A imprensa brasileira já tirou a sua. A Folha noticia que as pesquisas indicam a vitória de Obama. Isso é fabricar notícias, coisa muito comum no Brasil. Só que brasileiro não vota lá; a mídia brasileira não pode influenciar nas eleições como gosta de fazer por aqui. A impressão que se tem lendo um jornal brasileiro é que Obama faturou de lavada quando teve até que ler o bracelete para saber o nome do soldado cuja mãe o teria presenteado. Um desempenho fraco mas pelo que li já evoluiu muito do fracasso total que havia sido os confrontos com Hillary.

Enfim, a campanha continua.