Chico Alencar nas favelas do Rio

O único candidato a prefeito a fazer campanha nos locais ocupados ontem pelo Exército foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL). Ele garantiu que a visita não foi motivada pela presença militar:

– Eu nem sabia que eles iam ocupar aquela região. Não somos pára-quedistas, como eles, de cair numa comunidade. Nós temos um grupo de apoio na comunidade, e a nossa visita já estava planejada.

O candidato criticou ainda a presença das tropas. Para ele, soldados também precisam ajudar a justiça eleitoral no combate à propaganda irregular.

– Segurança não pode ter prazo de validade.

Comento:

  1. Eu também acho que lugar de Soldado não é em favela fazendo segurança de candidato. Se o local não é seguro é preciso torná-lo seguro, independente da realização de eleições. O que fica evidente é que o poder público já aceitou que o território não é mais seu, que é preciso usar as Forças Armadas para poder transitar por lá.
  2. Claro que existe outra via e Chico Alencar deixou bem claro. Ele tem um grupo de apoio na Comunidade que traduzindo quer dizer que negociou com o tráfico para poder subir no morro, tal como mostrado no filme “Tropa de Elite”. Se for eleito, o que mais vai negociar?
  3. Era só o que faltava. Chico quer o Exército combatendo propaganda irregular. Que a polícia tem sérias limitações para enfrentar os traficantes não é novidade, mas que seja incapaz de retirar cartazes irregulares eu juro que não sabia.

Continua o cerco

Lauro Jardim:

Na quinta-feira, um juiz de São Paulo determinou que o Google retirasse um vídeo do Youtube em que havia ataques a Gilberto Kassab. Pelo visto a Justiça vai ter muito trabalho. Basta entrar no Youtube e digitar o nome dos principais candidatos para se ter idéia do tamanho da encrenca.

Comento:

Por isso que liberdade democrática não é ainda um forte do Brasil. Mais uma vez um juiz de primeira instância resolve censurar o youtube. O que incomoda a estes bravos e outros democratas é que a internet é uma anarquia completa, fora do controle de indivíduos isolados. Censuram um endereço e o mesmo vídeo aparece em outro, desafiando aqueles que querem impedir uma represa de cair tapando os furos com dedos.

É impressionante o que um juiz brasileiro é capaz de fazer para ganhar uma linha na imprensa. Indecoroso.

Lá vem o bedel…

Estadão:

A três semanas da eleição e com a ida para o segundo turno ameaçada pelo crescimento de Gilberto Kassab (DEM) nas últimas pesquisas, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, subiu o tom da campanha. A propaganda tucana na TV pôs no ar uma inserção que menciona “pontos fracos” dos adversários Kassab e Marta Suplicy (PT).

Com uniforme de piloto de avião, um ator pergunta ao telespectador se ele prefere ver a cidade nas mãos de alguém que grita com o passageiro (mostra uma foto de Kassab), de alguém que manda relaxar em um momento difícil (exibe imagem de Marta) ou de um “comandante sério”, referindo-se a Alckmin.

O Blog do Noblat informa que o PT vai entrar com representação contra o teor da propaganda. Não tenho bola de cristal mas acredito que a Justiça Eleitoral vai intervir. Tudo porque criou-se o mito que uma campanha eleitoral tem que ser apenas propositiva e o resultado é esta pasmaceira que está aí com debates insossos na televisão.

Candidato precisa ser contraditado. Marta disse ou não disse o famoso “relaxa e goza”? Disse. Se negar é só mostrar o vídeo. Cabe a ela explicar o que queria dizer com isso, se é possível outra interpretação. O mesmo vale para o meu candidato em São Paulo. Kassab deve explicar por que gritou com um passageiro.

O que não pode é a justiça eleitoral apagar o passado de um candidato e querer estabelecer o que pode ir ou não para a campanha. Na prática acaba limitando as informações disponíveis aos eleitores a agindo como um órgão de censura. Há muito a Justiça Eleitoral tem prejudicado o processo democrático no Brasil. Esta amordaçando os candidatos.

Os males da liberdade corrige-se com mais liberdade. Deixem o processo correr e cabe ao eleitor decidir o que é baixaria de campanha e o que não é. Se ele não tem este discernimento era melhor não estar sendo obrigado a votar.

Mais uma semelhança de Lula e Obama

Reinaldo Azevedo sacou mais uma semelhança entre Lula e Obama:

O “preto” para Obama virou a versão americana do “iletrado” para Lula. Como vocês sabem, FHC passou o diabo na imprensa porque é um intelectual. Convenham: sacanear um político que deu aula da Sorbonne parecia ser uma obrigação. Mas era proibido tocar na pouca formação escolar de Lula: era — e é — pior do que chutar a santa. Ou seja: ou você votava em Lula e demonstrava não ter preconceito, ou não votava e era um preconceituoso. Ele venceu duas vezes. Porque é ignorante? Creio que não. E se tivesse perdido? Bem, o Brasil teria dado, então, uma horrível demonstração de elitismo… São raciocínios que nascem, vivem e morrem de quatro. Mas influentes.

A grande mídia americana quer convencer o eleitor americano que ele tem que votar em Obama para demonstrar que não é racista. Este raciossímio já foi utilizado aqui e nos rendeu 8 anos do apedeuta no poder. Para provar que não tínhamos preconceito contra um iletrado.

Hoje temos um presidente que se orgulha de não ter estudado e faz propaganda disso. Para aplausos de boa parte de nossos intelectuais. Uma lástima.

Quando Juca deixa o esporte…

Para quem gosta de futebol os comentários de Juca Kfouri são imperdíveis, para o bem ou para o mal.

O problema é quando não se agüenta e resolve falar de política.

Independentemente do que se pense de Evo Morales, o presidente da Bolívia, (e este blogueiro já o criticou mil vezes pela demagógica defesa que faz do futebol na altitude), o que está em marcha por lá é um golpe.

Não tem outro nome.

Morales foi eleito democraticamente e só pode ser apeado do poder pelo voto.

O que se vê hoje, na Bolívia, se viu, 35 anos atrás, no Chile.

Sem tirar nem pôr.

E com o apoio dos Estados Unidos, mas com a diferença de que Salvador Allende não era indígena.

Os democratas no mundo inteiro devem denunciar o golpe que se opõe à vontade do povo boliviano.

É uma simplificação grosseira dos fatos comparando duas situações que pouco têm em comum.

Allende costuma ser retratado como um democrata que foi retirado do poder por Pinochet com ajuda dos malvados americanos. Foi socialista que foi eleito por estreita margem de votos e não entendeu as limitações desta situação. Quis fazer reformas profundas contra o desejo da maior parte de seu país e conduzia o Chile ao desastre. Pinochet, com apoio não só americano como brasileiro, liderou o Exército chileno para depor o presidente aliado de Moscou. Hoje o Chile está a passos de ingressar no primeiro mundo graças ao que foi construído pelo general ditador.

Justifico uma ditadura? De jeito nenhum, tudo isso poderia ser realizado por um governo democrático. O que não poderia era ser feito por Allende, um aliado de Moscou que só conseguirira levar seu país ao desastre.

Morales não compreendeu o resultado do referendo que convocou que confirmou sua presidência mas que também reconheceu a legitimidade de sua oposição. Ao invés da prudência resolveu apostar na bagunça tentando aprovar na marra uma constituição feita sem participação da oposição. A Bolívia ocupa hoje um lugar de completa irrelevância para os Estados Unidos, tentar jogar os americanos na confusão armada pelo índio cocaleiro é coisa de delinqüênte intelectual.

Juca chama os democratas do mundo para denunciar o golpe. Pois chamo os democratas do mundo para denunciar o golpe que um presidente eleito resolver fazer contra as leis de seu próprio país, usando a democracia como caminho para jogar a Bolívia de volta ao tempo do arado.

EUA x Mundo?

Li um artigo hoje do London Guardian, transcrito na Folha, com a tese que a eleição de John McCain seria algo como um ato hostil dos Estados Unidos em relação ao mundo.

É engraçado como as coisas se colocam. Lembro que durante as primárias, a mídia liberal saudava o senador McCain como a melhor escolha por parte dos republicanos. Informavam que não era um conservador típico, que tinha muitas posições liberais e uma independência em relação a George Bush que era saudável.

Após a escolha tornou-se um velho ultrapassado, aliado da Casa Branca, sem condições de dirigir o país. Realmente coerência nunca fio o forte da esquerda.

Agora querem convencer os americanos que eleger este senhor é virar as costas para o mundo. Como se este mesmo mundo não tivesse virado as costas para os Estados Unidos quando mais precisaram. A Europa parece não compreender que a guerra dos terroristas islâmicos é contra o mundo ocidental e seus valores conforme declarou seu líder Osama Bin Laden.

Obama aparece como um político novo, cheio de virtudes, pronto a conciliar a América como o mundo. Volta e meia escuto o argumento que ele não será eleito por ser negro, que os Estados Unidos nunca elegeriam um presidente de cor. Nestas horas eu pergunto: e se vencer? Será também por que é negro?

Quando vejo Obama não vejo a cor da sua pele, vejo a expressão de políticas que não acredito, que ao meu ver tolhem a liberdade humana. Vejo um promessa de rompimento com o velho como se ser velho fosse necessariamente uma coisa ruim.

A condução política de uma sociedade é feita por acertos e erros. É preciso ser vigilante e ter auto crítica para corrigir os erros e principalmente, insistir nos acertos. Jogar fora toda a experiência acumulada em séculos em favor de uma revolução que muito promete parece-me um rsico muito alto, ainda mais em um momento tão delicado como o que vivemos hoje.

Considero que ao longo da história os americanos acertaram mais do que erraram, principalmente pelo fato de terem edificado sua nação sobre um forte anseio por liberdade. Obama despreza toda esta tradição e pede que apostem nele para reformar a América.

Justamente por causa disso que torço para que os americanos façam exatamente o contrário, elejam McCain para preservar a América, para garantir que os acertos de outrora sejam repetidos e não jogados fora por serem velhos.

Próximo livro na estante

Na minha estante tem uma prateleira que chamo de fila. Nela coloco os livros que ainda não li em ordem para a próxima leitura. O cabeça da fila é “The Intelectuals” de Paul Johnson e Hamlet de Shakespeare. Entretanto chegou um novo livro para furar esta fila; trata-se de “O País dos Petralhas” de Reinaldo Azevedo. Em um país onde o petralha mor tem 60% de aprovação a leitura desta obra torna-se de um serviço de utilidade púbiica.

Novas pesquisas do IBOPE

Duas boas notícias do IBOPE.

Não só Kassab chegou aos 21% (alta de 9 pontos) como Marta caiu 4 pontos e ficou nos 35%. Esta perto do número mágico de 33% que os petistas sempre conseguem e já começa a surgir a preocupação em sua campanha. Espalham na mídia engajada que preferem Kassab no segundo turno mas é mentira. Sabem que se o prefeito chegar ao segundo turno será em ascensão e será muito difícil batê-lo.

No Rio Crivela continua sua queda vertiginosa junto com a comunista Jandira Feghali. Qualquer um dos dois seria um desastre para o Rio. Começa a ficar tudo claro para Eduardo Paes e Solange não consegue sair dos 5%. Paes é seguramente uma opção bem melhor do que os dois que lideravam as pesquisas.