Onde as políticas raciais nos levam

Site G1:

BRASÍLIA e SALVADOR – A ficha de inscrição para o próximo vestibular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) pede aos candidatos que indiquem a sua etnia e oferece uma série de opções para os estudantes, mas não cita a raça branca. Quem se considera branco, portanto, deve marcar a categoria “outras”. As demais opções listadas no formulário são: “preto”, “pardo”, “índio descendente”, “aldeado” (no caso de índios que vivem em aldeias) e “quilombolas”.

(…)

A falta de uma opção específica para candidatos brancos surpreendeu frei David Santos, fundador da Educafro, rede de cursos pré-vestibulares para negros e pobres.

Para ele, no entanto, a omissão serve para que os candidatos brancos sintam na pele a exclusão a que pretos e pardos são submetidos no país:

– Inconsciente ou conscientemente, a universidade está levando quem é euro-descendente a fazer a experiência de não se ver refletido, a exemplo do que sofre e sofreu a comunidade indígena e negra em vários setores da sociedade brasileira.

Comento:

Dizer o que? Isso é só o começo, vai piorar muito. O “frei” deixa bem claro o pensamento desta gente. Os negros e pardos são excluídos, é preciso que os brancos também sintam a exclusão. Tudo isso só faz criar no Brasil algo que não existia até aqui, a divisão racial. Seremos um país melhor por causa disso? Eu duvido. Ao invés de celebrar o que temos em comum vamos ressaltar as diferenças e nos dividir em categorias. Vamos nos transformar em tudo que estes movimentos nos acusam de ser. Sobre as políticas raciais, que na verdade são racistas por natureza, lembro um trecho de Stephen King em um livro que li há algum tempo:

Foi ruim até que ponto? Foi ruim desde o começo e se tornou rapidamente pior.

Efeito da “privataria” tão combatida pela esquerda

Não faz nem uma semana que o nanico candidato do PSOL em São Paulo declarou que a privatização das Teles fora criminosa. A opinião deste senhor é irrelevante, mas é a expressão da mentira que foi enfiada na cabeça de grande parte dos brasileiros.

É bom lembrar que em 1997 a telefonia fixa não havia sido ainda privatizada e que linha celular era uma utopia. Lauro Jardim acabou de postar a seguinte informação:

O Brasil bateu 138,3 milhões de linhas de celulares agora em agosto, segundo dados que a Anatel começa a divulgar – de julho para agosto, foram mais 3 milhões de linhas. Chegou-se, portanto, a impressionante média de 0,73 celular por habitante.

Universalização é isso. O resto é conversa.

Até tu Uribe?

Era até esperado que a UNASUL, aquela bobagem criada na América Latina, hipotecasse seu apoio irrestrito a Evo Morales. A organização é irrelevante, apenas mais um palco político para atuação do Foro de São Paulo. Dois fatos chamaram-me a atençao.

Primeiro foi a atuação da Bacherelet mostrando mais uma vez que não existe esta estória de esquerda vegetariana. A chilena conseguiu levar Allende para a discussão comparando duas situações distintas.

A oposição boliviana não quer a deposição de Morales ou mesmo a separação como tentam alardear. Quer apenas que o presidente respeito o próprio referendo que convocou que não só ratificou a presidência de Morales mas também a legitimidade dos governadores. A briga é para que respeite a autonomia das províncias, o que não está sendo feito. A luta é para que Morales não transforme a Bolívia em um país socialista, o que iria contra a vontade do próprio povo boliviano.

Ademais, tivesse Allende permanecido no poder teria levado o Chile ao caos e Bacherelet não estaria hoje presidindo uma nação democrática e liberal. É preciso acabar com a mistificação do ex-presidente chileno.

O segundo fato que chamou-me atenção foi a assinatura de Uribe na declaração. Deveria ter seguido o exemplo de García e nem comparecido ao evento. Parece que esqueceu que no momento que mais precisou os países da América Latina lhe viraram as costas e recusaram-se a apoiar incondicionalmente o governo democraticamente eleito da Colômbia diante das FARC. Uribe conferiu ao grupelho uma legitimidade que eles absolutamente não possuem.

Capitalismo, o lobo mau

Novamente o capitalismo está em cheque diante da crise na bolsa de New York. Nestas horas é bom lembrar que não existe uma utopia chamada capitalismo que pretende ser a redenção do mundo e a salvação de todos. O capitalismo é um conjunto de práticas econômicas baseadas em escolhas pessoais, na liberdade de comprar ou vender um bem, na liberdade de trocar.

A liberdade do homem funciona para o bem e para o mal. Decisões são tomadas a todo o instante, do faxineiro até o presidente de uma empresa, e estas decisões podem ser boas ou ruins. Um banco não vai a falência de uma hora para outra e sim por uma série de decisões erradas que são tomadas ao longo do tempo. Ao invés de decretar a falência do capitalismo, a mídia deveria estar questionando até que ponto a interferência do governo contribuiu para a falência do Lehman, uma instituição que há muito tempo deixou de ser totalmente privada.

Um dos problemas de uma intervenção estatal é que gera uma expectativa de que acontecerá novamente, levando empresas a se arriscarem mais na confiança de um socorro governamental se as coisas derem erradas. Devo então dizer que o estado não deve interferir em um casos desses? Sou absolutamente ignorante para fazer uma afirmação destas, apenas aponto que sempre existirá efeitos negativos quando esta intervenção ocorrer, efeitos que devem ser considerados e devidamente analisados.

O que me causa espanto é que qualquer sobressalto do sistema de liberdades econômicas resulta em uma constatação que o capitalismo não funciona. Apontam a África como exemplo. Se tem uma coisa que não existiu na África ao longo do último século foi o liberalismo econômico. Tirando a África do Sul, toda a África Negra foi controlada pelo dirigismo estatal e o resultado está aí.
O mesmo se pode dizer sobre a América Latina, com exceção recentemente do Chile que aderiu ao liberalismo econômico e já consegue ver um lugar no primeiro mundo daqui a uma ou duas décadas. O Brasil vive há muito tempo uma economia com forte intervenção estatal e por isso estamos patinando e no atual governo andando para trás. Os resultados ficarão mais claros nos próximos anos.

Por ser um sistema baseado na liberdade é preciso entender que nunca será perfeito, que empresas quebrarão, pessoas ficarão desempregadas, que a pobreza não será eliminada do mundo, embora seja em grande parte diminuída. O mais importante é que o próprio mercado absorve estas crises periódicas e procura corrigir suas falhas. Em 1930 Roosevelt instituiu o New Deal para salvar a América do crash de 29. Cada vez mais aparecem economistas e historiadores defendendo que foi justamente a interferência do Estado que aprofundou e alongou a crise.

É preciso ter muito cuidado com o remédio dado pelos governos. São remédios caros, cheio de efeitos colaterais e que costumam ser dosados em exagero.

Alckmin vai terminar errado o que começou errado

Geraldo Alckmin nunca deveria ter entrado nesta campanha em primeiro lugar. Seu partido estava na administração da cidade e com alto índice de aprovação era um direito natural do atual prefeito em tentar a re-eleição.

Baseado na premissa do eu quero o ex-governador rompeu uma aliança histórica e vitoriosa em São Paulo e fez-se candidato. Estava com o caminho livre para tentar o governo do estado em 2010 ou mesmo a presidência, desde que por outro partido. Forçou a barra e confiou demais em seu recall. Sem apoio viu sua liderança inicial se evaporar ao ressuscitar Marta Suplicy e ver Kassab transferir para sua candidatura a aprovação de seu governo.

Sem saída resolve partir para o tudo ou nada contra o ex-aliado. Tudo foge à lógica. Kassab comanda uma prefeitura recheada de nomes do PSDB e tem o apoio explícito de José Serra, um alto tucano. Marta é uma adversária natural do seu partido mas o tucano não quer nem saber, quer o sangue do democrata.

Já tive muito apreço por Alckmin mas ele conseguiu jogar tudo isso no lixo. No fundo não passa de um político medíocre que foi incapaz de enfrentar Lula com todas as armas que tinha ao seu dispor. É em parte responsável pela permanência do apedeuta por mais quatro anos no poder, agora com cheque em branco para fazer o que quiser com o país.

Que esta eleição seja a pá de cal que o tucano merece.

Esses americanos…

WASHINGTON (AFP) – O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, tem uma ampla vantagem sobre seu adversário republicano, John McCain, na corrida para a Casa Branca – pelo menos na quantidade de amigos de ambos em sites de relacionamento, informou um centro de pesquisas americano.

Estes americanos não querem ouvir os apelos do mundo! Obama é o cara! É o candidato da mudança!

Também pudera, é praticamente o único país do globo que não para na Copa do Mundo!

Acho que vou fazer coro com Reinaldo Azevedo e defender a candidatura de Obama para presidente do mundo. Não existe? Serve Secretário Geral? Afinal experiência em ONG ele tem…

Anjos e Demônios

Boa parte da imprensa já está defendendo a estória que Lula é a opção para o diálogo com a oposição boliviana como se não existisse um fórum mundial onde Morales, Chávez e Lula fossem sócios na empreitada declarada de socializar a América Latina.

A oposição boliviana está reagindo justamente à tentativa de Evo Morales de instituir a força o socialismo em seu país. Não dá para entender como podem aceitar que o governo brasileiro seja um negociador nesta crise. Hoje mesmo o presidente do Parlamento Sul-Americano, uma inutilidade, o tal Dr Rosinha, outra inutilidade, deu apoio irrestrito ao presidente boliviano.

Só há dois presidentes na América Latina que poderiam fazer este papel, os presidentes da Colômbia e do Peru. Talvez Bacherelet, apesar de ser de esquerda não parece até agora estar associado ao Foro.

O pano de fundo é a tese furada que os autores do excelente Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano defenderam na continuação equivocada da própria obra. Haveriam dois tipos de populistas na América Latina, os vegetarianos (Lula seria um deles) e os carnívoros (Chávez é a maior expressão.). Erraram profundamente, não existe socialista vegetariano, apenas socialista em pele de cordeiro que se coloca justamente como contraponto aos carnívoros para angariar simpatias. É um engodo, genial, mas um engodo.

Armadilha de Evo

Eu bem que estava estranhando a negativa de Evo Morales à intermediação brasileira no conflito boliviano; tirando Equador e Venezuela não tem como ser mais pró-Evo do que o governo brasileiro. A coisa começa a ficar mais clara com esta notícia:

A oposição boliviana quer a participação do Brasil nas negociações com o governo do presidente Evo Morales para acabar com dias de enfrentamentos violentos que já custaram a vida de quase 30 pessoas. O governador oposicionista do departamento de Santa Cruz, Ruben Acosta, disse neste domingo que o “Brasil é uma garantia de que isso pode ter uma solução”.

A oposição caiu na armadilha montada pelo Foro de São Paulo. Jogaram Chávez na parada para que se aceitasse Lula como o mal menor. Não é. O Foro de São Paulo foi criado por duas personagens principais, Lula e Fidel. O bufão venezuelano é peça menor no tabuleiro, assim como o próprio Morales. Quem manda neste jogo, além dos dois citados, é Marco Aurélio Garcia, José Dirceu e Celso Amorim.

Acabaram de dar um tiro no pé.