Não tenho nenhuma simpatia pelo senhor Paulo Maluf, muito pelo contrário. No entanto tenho grande apreço pela democracia plena, sonho em vê-la implantada no Brasil pela primeira vez.
Acabei de ler que um juiz eleitoral proibiu sua campanha de usar o termo “relaxa e goza” para se referir a Marta Suplicy, mais uma vez surge um bedel de eleições.
Quando era ministra do turismo, Marta Suplicy foi questionada sobre o caos dos aeroportos brasileiros cuja principal evidência até então era os atrasos intermináveis nos terminais. Do alto de sua arrogância bradou em público seu conselho para os brasileiros que padeciam nestas filas: relaxa e goza. Não demorou muito para o caos provocado pela incompetência de seu governo ser demonstrado em sua forma mais sinistra no trágico acidente do ano passado.
Agora um juiz eleitoral quer que o eleitor esqueça o fato como se não tivesse relação nenhuma com capacidade desta senhora em exercer um cargo público. Está errado, qualquer candidato deve ser confrontado com suas decisões e palavras, principalmente quando no exercício da função pública. Cabe a Marta justificar a bobagem que disse, não ao togado de plantão.
Este é só mais um exemplo de como é difícil pensar no Brasil como uma democracia plena. A justiça eleitoral trata o eleitor como um completo idiota que tem que ser protegido a todo momento dos políticos malvados. Entretanto acha o máximo que este mesmo idiota seja obrigado a votar, fazendo inclusive propaganda da alta taxa de comparecimento no processo eleitoral_ como se o eleitor tivesse uma opção.
Em uma democracia o político constrói sua vida política e responde por ela, para o bem ou para o mal. Não cabe a um juiz ou mesmo a um tribunal decidir qual passado deve ser conhecido e levado a julgamento pelo eleitor, por mais analfabeto funcional que seja.
Ou o eleitor é incapaz e portanto não deve ser obrigado a votar ou é capaz e deve ser deixado livre para recolher toda informação que ele considerar válida. Enquanto isso não acontecer, o processo eleitoral será sempre um sistema viciado conduzido pela classe política para se perpetuar no poder, com as bençãos da justiça eleitoral.