Incitação ao crime

Vejam a declaração que está hoje nos jornais:

O STF pode tomar qualquer decisão que seja, mas aquela terra ali nós vamos continuar ocupando. Os povos indígenas não vão sair de lá, sendo a demarcação em área continua ou em ilhas. A gente não vai aceitar limite de arrozeiro ou de alguém que queira limitar nossa terra – disse o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza.

Para este cidadão a decisão do STF só terá mérito se for a favor de seu pleito e já dá o recado: não vai cumprir. É preciso desmistificar este CIR, uma ONG financiada pela fundação Ford que representa uma minoria de índios na região. Fosse um dos arrozeiros a dar uma declaração dessas já haveriam homens de colete para recolhê-lo.

Alguns brasileiros realmente são mais iguais do que outros.

No Globo de hoje: verdadeiros heróis nacionais

Não, não é sobre os heróis das Olimpíadas, não. Chega (para a mídia, cada atleta ganhador de medalha de ouro foi herói ou heroína). Refiro-me a personagens históricos que morreram ou arriscaram a vida por uma causa nobre. “O Brasil só se lembra de um único herói, Tiradentes”, declarou recentemente o presidente Lula, ao assinar o projeto de lei que reconhece a responsabilidade do Estado na destruição da sede da União Nacional dos Estudantes, a UNE. Talvez porque a época seja mais dos vilões que dão certo, ele conclamou os jovens a “cultuar nossos heróis”, isto é, “aquelas pessoas que tombaram lutando pelo que acreditavam”.

Nesse sentido, o seu governo podia dar o exemplo, fazendo alguma coisa para salvar das traças e cupins a sede da Associação Nacional dos Veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira), a entidade que congrega os brasileiros que combateram heroicamente na Itália durante a II Guerra Mundial para impedir que as forças nazi-fascistas triunfassem: os nossos pracinhas, cujo hino a gente cantava na escola: “Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá.” Em 1945, eles eram 24 mil. Hoje, são 7 mil velhinhos com mais de 80 anos em todo o país; no Rio, eles são de 500 a 700.

Há alguns meses, durante uma solenidade, o major Thiago da Fonseca, 87 anos, que atravessou “muito campo minado” nas frentes de batalha, arranjou um jeito de expor rapidamente para o presidente a dramática situação da entidade da qual é um dos vice-presidentes. Com uma doação de R$300 mil em duas parcelas, ele salvaria a associação, que não tem mais como se manter funcionando. Perdeu muitos associados, que já não podem contribuir com a mensalidade de R$20, e teve que dispensar e indenizar oito funcionários. Para continuar preservando o acervo da FEB – fotos, livros e documentos – ela precisa de ajuda em forma de doações. Lula sensibilizou-se com a história, chamou um assessor e ordenou que providências urgentes fossem tomadas. O ex-pracinha conta: “Pouco depois, o auxiliar ligou para saber do que precisávamos. Fiquei todo animado: agora vai!” Que nada, doce engano.

De “pires na mão”, como diz, o major então saiu por aí atrás de recursos. Percorreu várias empresas públicas, das mais conhecidas e poderosas, mas, além de promessas, nada de concreto obteve. Por incrível que pareça, quem mais se indignou foi um empresário russo. Ao tomar conhecimento do caso pela imprensa, procurou a direção da entidade, e é possível que dele saia uma solução.

Não sei o que constrange mais – deixar a Anvfeb entregue às traças ou permitir que um revendedor estrangeiro de bebidas alcoólicas seja a salvação da memória de nossos pracinhas. Será que é isso o que o presidente quis dizer ao conclamar os jovens a “cultuar nossos heróis”?

A história se repete?

E a Rússia, hein?

O reconhecimento da independência da Ossétia é na prática um ato de anexação do território. Este filme já foi vivido na Europa nos anos 30, com várias anexações por parte da Alemanha. Os países europeus gritavam mas se contentavam quanto Hitler dizia que não anexaria mais nada. Logo depois quebrava a conversa e o filme continuava. Até que a Inglaterra e a França deram um basta com a invasão da Polônia, mas já era tarde. A França perdeu sua independência e a Inglaterra só não foi engolida porque Hitler queria uma aliança com os bretões.

A Rússia pode ter se livrado do comunismo, mas não do totalitarismo. É possível ser totalitarista sem uma economia totalmente planificada, o que leva à ruína. Se o comunismo era por si só insustentável, como bem ficou evidente na Doutrina Truman, o totalitarismo pode durar muito tempo pois é muito mais perigoso e sustentável.

Depois não vão correr para o Tio Sam implorando ajuda…

Custo das medalhas

Passado o frisson das Olimpíadas aparecem os primeiros números dando conta que se investiu 1,2 bilhões de reais nos atletas olímpicos nos últimos 4 anos; cada medalha saiu pela bagatela de 80 milhões. Pode um país como o Brasil arcar com estes custos?

Sou contra investimento em esportes? Se é para massificação, não. Se é para ganhar medalhas, sim. Devemos lembrar que somos um  país onde não há saneamento básico para todos, nem mesmo água encanada. Esse bilhão de reais poderia ser investido sim em esportes, mas para as crianças e não para atletas formados. Não ganharíamos medalhas hoje, mas quem sabe amanhã?

O que fica evidente é a utilização política que se faz do esporte, Hitler foi apenas o primeiro a perceber isso. Tem brasileiro exultante pela conquista de medalhas de ouro pela China, como se os Estados Unidos nunca tivessem sido derrotados antes. Já foram. Perderam para a União Soviética em 1988; perderam para a CEI e Alemanha Oriental em 1992. Uma engenharia social razoavelmente eficaz consegue ganhar medalhas como mostraram ao longo da história os países socialistas.

Mas o preço é salgado.

Descrédito

A Polícia Federal fez uma operação padrão em uma aeronave da Força Aérea Brasileira que retornava com militares das três forças de uma viagem ao Haiti. Todas as bagagens passaram pelo raio x e as declarações foram checadas uma a uma. Nada de significativo foi verificado e após algumas horas os militares foram liberados.

Este procedimento é feito para todas as aeronaves que chegam no país? Inclusive as oficiais?

Enquanto agentes da PF preocupam-se com militares em missão no exterior, toneladas de armas e drogas passam pelas fronteiras.

É bom lembrar sempre, a tão admirada Polícia Federal até hoje não conseguiu descobrir a origem de mais de um milhão de reais em dinheiro vivo utilizado por petistas para compra de dossiê falso. A mesma polícia, mesmo com a confissão do tesoureiro do partido que movimentava dinheiro ilegal foi incapaz de dar uma batida na sede do partido em São Paulo. Depois de 6 anos de corrupção não há uma foto de petista sendo preso por “obstruir as investigações”.

Fico imaginando se uma aeronave militar americana seria revistada por agentes da polícia de lá. Ou britânica. Ou de qualquer outro país civilizado. Mais um submissão dos militares brasileiros que estão cada vez mais acuados pelo estado brasileiro. Lastimável.

Hitler e a democracia

Ali Kamel comenta em artigo no Globo sobre o marketing político, capaz de criar personalidades através da dissimulação e da mentira. Muitas vezes estes políticos, despidos de idéias próprias, acabam eleitos mas argumenta que a longo prazo acabam sendo descobertos. É uma visão otimista do autor, de certa forma ele subestima o poder dos falsificadores da história capazes de manterem inverdades por muito tempo.

Kamel remete à democracia o poder de desnudar os falsos ídolos e refuta o argumento que a democracia é capaz de criar monstros citando o exemplo de Hitler.

Sei, essa frase pode parecer otimista, e haverá sempre quem diga que é justamente a democracia que permite que fenômenos como esses aconteçam. É uma visão equivocada. Quando há democracia, ela não falha, e este é o nosso caso: figuras assim, aqui, acabam despidas. Sei que há aqueles que citam sempre Hitler como prova de que a democracia, às vezes, falha e cria monstros. Não cria. Hitler chegou ao poder não porque tenha vencido uma eleição (em nenhum pleito o Partido Nazista recebeu a maioria absoluta dos votos), mas em decorrência de conchavos entre líderes políticos que se achavam mais espertos do que ele. No primeiro gabinete que chefiou, além de Hitler, só havia mais dois ministros nazistas. Menos de um mês depois, houve o incêndio do Reichstag (forjado, ao que tudo indica, pelos próprios nazistas), e Hitler arrancou do presidente Hindenburg um decreto lhe dando poderes ditatoriais. Em seguida, fez o Congresso aprovar uma lei que dava a ele todos os poderes legislativos. Ora, aí está o “x” da questão. Uma democracia que dá ao presidente o poder de baixar um decreto como aquele e ao Congresso a possibilidade de abdicar de suas próprias obrigações em favor do Executivo pode ser chamada de democracia? Não pode, este é o ponto.

Baseado nos mesmos argumentos percebemos que a Venezuela não é uma democracia e o Brasil está no mesmo caminho. Aqui o presidente governa por medidas provisórias e o congresso passa o tempo com elas. As principais são aprovadas pela imensa força de captação do executivo, o congresso brasileiro é subserviente, abriu mão de sua prerrogativa de legislar.

Dentro deste quadro, em que não temos democracia autêntica, o caminho está aberto para aventureiros e gangsteres políticos, como definiu Paul Johnson. Estamos presos em uma armadilha que torna a sociedade incapaz de reagir ao crescente abuso do poder do estado; para piorar a situação a sociedade clama por este abuso.

É preciso entender que o Brasil não é uma democracia plena; estava no caminho, desviou-se. O maior problema é que a cada dia fica mais difícil corrigimos este rumo, se é que ainda é possível.

Mais Olimpíadas

Do blog Angelo da Cia.

Minha gente, só um pouquinho mais de força, vai.
Em 48 horas, estaremos definitivamente livres de:
– Ouvir a história triste do(a) brasileiro(a) que superou um passado de miséria e fugiu da criminalidade graças ao esporte;
– Ouvir a história triste do(a) brasileiro(a) que superou a falta de patrocínio e apoio para chegar às Olimpíadas;
– Ouvir a história triste do(a) brasileiro(a) que superou os preconceitos e venceu no esporte;
– Ouvir a ladainha de que o Brasil não dá apoio a seus atletas;
– Ser humilhados no quadro de medalhas pela Geórgia e a Jamaica;
– Apesar de todas as Odes ao nosso povo humilde, ver que a maioria de nossas medalhas nos Jogos vieram de nossa elite ( Hipismo, Iatismo ) ou da classe média abastada ( judô e natação );
– Ver brasileiros chorando ao ganhar medalhas;
– Ver brasileiros chorando ao perder medalhas;
– Ouvir narradores brasileiros se dizendo emocionados com a conquista de medalhas;
– Ouvir narradores brasileiros se dizendo emocionados com a perda de medalhas;
– Ver o falso público dos jogos. Entendam: Quando mostram uma mancha amarela na platéia em participações brasileiras, geralmente há uma dúzia de nativos que são parentes ou participantes dos jogos. O resto é de chineses “fantasiados” de verde-amarelo, para fazer volume e dar a impressão de que estes Jogos são normais, ou seja, atrairam torcedores do mundo todo.