O retrato da juventude brasileira, a mídia e o que George McGovern (quem?) tem a ver com isso

Retrato da Juventude brasileira

A Folha de São Paulo publicou ontem um caderno especial sobre uma ampla pesquisa sobre a juventude brasileira. O retrato que saiu desta pesquisa não deixa dúvidas, o jovem, da mesma forma que a maior parte da população, é conservador, ou como gostam de chamar os esquerdólogos, são de direita.

Defendem que a lei do aborto não seja alterada (68%), que a pena de morte seja instituída (50% contra 46%), que fumar maconha seja crime (72%), que a idade penal deva abaixar (83%), acreditam em deus (99%) e defendem os seguintes valores: família, saúde, trabalho, estudo e lazer.

O site da Folha é somente para assinantes, o resultado pode ser visto no post de Reinaldo Azevedo aqui.

A mídia

Não é novidade que nossa mídia, assim como em grande parte do mundo ocidental está no campo oposto do resultado acima. Por si só isto não constitui um problema, faz parte da liberdade individual e de imprensa discordar e defender pontos de vista. O que não deve é a mídia apresentar como fato ou como opinião majoritária o que é opinião particular dela.

A Folha, como qualquer outro jornal, tem todo o direito de fazer um editorial ou publicar qualquer artigo de opinião que defende, por exemplo, a manutenção da idade penal em 18 anos. Já publicar que esta seja a opinião dos brasileiros é dizer uma inverdade, o que caracteriza um péssimo jornalismo. Jornalistas, assim como qualquer pessoa pode ter suas opiniões e defendê-las, mas estas opiniões são suas e intransferíveis, a não ser por convencimento.

George McGovern

Em 1972, o partido democrata americano lançou George McGovern como candidato para enfrentar Richard Nixon que tentava a re-eleição. Nixon exultou pela escolha afirmando que pela primeira vez o partido democrata teria um candidato que defendia todas as idéias da mídia. McGovern era um ultra-liberal e seus pensamento político parecia ter saído dos editoriais do New York Times. O republicano afirmou que era uma oportunidade ímpar de testar se as teses da mídia, principalmente do leste, tinham ressonância na população americana.

O resultado foi uma vitória consagradora de Nixon, que foi encarado pela mídia como uma dolorida derrota. A partir daí o ódio contra o republicano contaminaria as redações e Watergate foi a resposta e vingança dos jornalistas liberais à audácia de Nixon em expô-los daquela maneira. Enfraqueceram o presidente americano justamente no momento que sua autoridade era necessária para permitir a retirada do Vietnã de forma honrosa. O resultado foi a ofensiva dos comunistas sobre o sul e mais de um milhão de mortos nos anos que se seguiram. Tudo porque os líderes vietnamitas compreenderam que o presidente americano não teria forças para defender o acordo que havia sido costurado pelo governo Nixon e que previa as eleições livres no Vietnã do sul.

Por isso vemos no Brasil que nenhum candidato tem a coragem de assumir a plataforma liberal. Recusam-se sistematicamente a assumir uma posição em qualquer assunto polêmico. Se defender idéias liberais perde a eleição (como aconteceu com Jandira Feghali na disputa pelo senado em 2006), se defender as idéias conservadores atrai para si a ira da mídia.

Ninguém quer ser o George McGovern da hora. Nem aqui, nem nos Estados Unidos.

Um pensamento sobre “O retrato da juventude brasileira, a mídia e o que George McGovern (quem?) tem a ver com isso

  1. Aqui no canada é o contrário – o partido conservador teve que manerar seu discurso de direita pra poder ser eleito e mesmo assim foi eleito com minoria e só depois de o partido liberal ter se auto-mutilado por causa de disputas internas…

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