Assisti o filme A Rainha no fim de semana passado. Recomendo. É um convite a uma boa reflexão sobre a verdadeira natureza dos símbolos para as instituições e sobre a natureza da monarquia.
A Rainha Elizabeth II é uma das pessoas mais ricas do mundo, freqüenta qualquer lista do gênero. De que adiante sua riqueza se deve demonstrar sempre austeridade para seus súditos? Para alguém com tantas posses materiais, sua vida é verdadeiramente espartana.
A primeira vez que apareceu dirigindo pessoalmente uma camionete pelo interior da propriedade real nao pude deixar de pensar no atual presidente do Brasil e a corte que está sempre ao seu lado em cada passo seu. Ninguém o verá dirigindo um carro ou sem alguém para serví-lo o tempo todo. Pelo contrário, não perde uma oportunidade de desfrutar do luxo que o cargo lhe proveu. Austeridade? Esta palavra não existe no vocabulário lulez.
Por sua origem humilde, nada é proibido ao rei brasileiro. Acham normal e até mesmo de direito que use todo o aparato do estado para si e sua família, permitindo-lhe desfrutes que é proibido à rainha da Inglaterra, uma mulher que procura demonstrar para seu povo que está a altura do papel que seu nascimento lhe conferiu. Um papel que é um privilégio para uns e um pesado fardo para si mesma.
Ela é uma verdadeira rainha no melhor sentido do termo. Durante a II Guerra, quando Londres estava sob intenso bombardeio, recusou-se a abandonar a cidade com sua família e participou, com humildade, do esforço de guerra. Sabia que sua presença era um símbolo para a resistência de seu povo; uma papel que muitos poucos neste planeta desempenhariam.
Quando recusou-se a aparecer para prestar solidariedade pela morte de Diana, seus súditos a cobraram. Soube reconhecer o erro, engulir o sapo e desempenhar o papel que esperam da chefe da Estado da Inglaterra. Saiu do episódio mais forte que entrou.
Basta lembrar do espetáculo grotesco que foi encenado pelo presidente e seus aceclas quando explodiu em chamas aquele aviao da TAM. O presidente desapareceu com medo de vaias, ignorou a tragédia. Um de seus principais acessores ainda foi flagrado tribudiando sobre os mortos. Nada lhe aconteceu, continua no mesmo cargo de antes.
Quando vejo a popularidade que o presidente brasileiro tem, não posso deixar de pensar com meus botões: cada povo tem o rei que merece. A Inglaterra tem Elizabeth II. O Brasil tem Lula I.
Bom, vc sabe que eu sempre tive impulsos monarquistas 😉 Acho que a monarquia ainda pode desempenhar um papel importante no mundo de hoje. Basta ver o caso da Espanha, onde o rei foi crucial na transição entre ditadura e democracia e impediu um golpe de estado no inicio da decada de 80.
Só uma correção ao seu texto – quem ficou em Londres durante o bombardeio foi o Rei George e sua mulher, a finada rainha-mãe. As filhas ficaram em Windsor mas assim que a Elizabeth atingiu a maioridade ela entrou no esforço de guerra e se alistou. Ela serviu como mecânica de caminhão na força auxiliar. Não só ela sabe dirigir bem, mas é capaz de trocar um pneu 😉