Barack Obama afirmou na semana passada que nenhum mal poderia vir de uma conversa com os inimigos dos Estados Unidos. Precisa estudar um pouco de história.
Em um artigo com o sugestivo título de “The Kennedy-Khrushchev Conference for Dummies”, Scott Johnson relembra o que aconteceu em 1961 (íntegra aqui).
Durante a campanha, no segundo debate com Nixon, foi perguntado se aceitaria se encontrar com o presidente soviético. Disse que só o faria após reuniões preparatórias em que certos compromissos fossem aceitos de parte a parte para que houvesse chance concreta para que a conferência terminasse com algum resultado positivo.
Depois de eleito mudou seu discurso e marcou o encontro com Khrushchev independente de pré-condições. Após o fiasco da Baía dos Porcos Kennedy ficou contra a parede e fez chegar ao soviético que precisava demonstra uma posição de força e por conta disso o pedido da conferência deveria partir da União Soviética.
Khrushchev entendeu o pedido de Kennedy e não demorou para tomar partido. A conferência aconteceu e enquanto o presidente americano tentava estabelecer um diálogo, o soviético jogava pesado. Foi um dos piores momentos de JFK. Diante do argumento do americano que uma guerra nuclear poderia exterminar 70 milhões de pessoas em 10 minutos, Khrushchev deu de ombos como se dissesse “e daí?”.
Após a conferência, Kennedy estava desperado para mostrar uma posição de força e em julho de 1961 apresentou um discurso na televisão pedindo crédito complementar de mais de 3 bilhões para intervir no Vietnã e jogar os Estados Unidos no atoleiro.
Logo depois aconteceu a crise dos mísseis cubanas. Parece claro também que o soviético jogou esta cartada acreditando que Kennedy não teria força para reagir. Foi uma jogada alta que perderia mas não sem antes garantir o compromisso de não interferência em Cuba.
Uma única conversa, destas que não poderiam vir mal nenhum, resultou na Guerra do Vietnã, na crise nuclear que quase levou o mundo à guerra e na longevidade da ditadura comunista cubana.
Não basta o desejo de diálogo para resolver conflitos, é bom que Obama saiba disso se for eleito. Para o bem não só dos americanos, mas de toda civilização ocidental.