O pior desta estória de que o PT, usando dinheiro do fundo partidário, pagava (ou paga) contas particulares do presidente da república é a completa indiferença de grande parte da sociedade brasileira. Na verdade, a maioria da população acha isso certo, que se estivesse lá faria a mesma coisa. É uma sociedade doente, em todos os níveis.
Nada vai acontecer. Temos uma república em que governantes vivem em condições que nem uma monarquia absolutista jamais teve. Pesquisem, vejam o Império no Brasil. Nunca houve uma situação como este. O nosso parlamento é o mais caro, disparado, do mundo. O nosso executivo considera que o estado é um direito adquirido junto à população e de certa forma estão certos.
A população brasileira sabia que em 2006 estava re-elegendo um governo corrupto, não se importou. Desde que os números macro-econômicos estejam razoáveis e alguma esmola seja distribuída, podem roubar o quanto quiserem. Lula foi eleito por culpa do povo.
Faz parte da democracia, nós, a minoria, temos que nos curvar ao desejo da maioria. Desde que respeitadas as leis do país.
Estas leis estão sendo respeitadas? A sociedade tem direito de fechar os olhos para a corrupção pensando em um ilusório bem maior? Temos realmente que assistir a tudo calados?
São tempos difíceis, eu sei. Vejo no fundo a questão da perda de valores, de referências, do afastamento de Deus. O pragmatismo, o utilitarismo, tomaram conta das mentes e almas deste país. Pode roubar, desde que dividam, nem que sejam migalhas.
Estamos construindo um absurdo, um teatro de horrores. O que fazer? Como despertar um povo inerte e saciado com tão pouco? Como nos afastar da tentação da solução mágica para os problemas?
São muitas perguntas e parece que ninguém quer saber a resposta.