A Igreja Católica pede paz em cada esquina da cidade de Santa Cruz de la Sierra, nas rádios, em faixas e cartazes. Mas, a quatro dias do referendo sobre a autonomia do departamento de Santa Cruz, são ignorados até os apelos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que está em missão na Bolívia para evitar um confronto. Por todas as ruas centrais se agitam bandeiras e buzinas pelo sí no referendo – organizado pelo governo local e rechaçado pelo central – enquanto que nas periferias se organizam “quartéis generais” pelo no.
Não há nenhuma novidade aí, a esquerda alimenta-se da divisão interna da sociedade, é um de seus instrumentos de luta. O socialismo bolivariano não é diferente, muito pelo contrário. É preciso que a sociedade rache, de preferência que lute, para que o partido no poder a controle. É o caminho para o totalitarismo, mas um totalitarismo mais difuso e sutil, mascarado por uma democracia fajuta.
No Brasil várias atitudes do governo federal estão sendo tomadas para estimular divisões na sociedade. A política de cotas quer inaugurar o racismo no país, a política de demarcações de reservas causa o atrito entre índios e não índios, o patrocínio ao MST provoca uma luta entre agricultores e militantes no campo, a secretaria dos direitos humanos afronta os militares.
É preciso observar com atenção o que acontece nos países da vanguarda socialista da América Latina, Bolívia, Equador e Venezuela. Recebem o apoio de outros que caminham na mesma direção, mais devagar pois enfrentam instituições mais fortes, como o Brasil, o Chile e a Argentina.
Como sempre diz o Reinaldo Azevedo, Lula não faz o mesmo que Chávez e Morales porque não pode, não porque não quer.