Oliança Kassab-PMDB: vitória do PT?

Tem horas que fica difícil entender, ou não. O PT fez de tudo para conseguir a aliança, e os minutos de tv, do PMDB em São Paulo. Coerente com o diretório nacional do bando, quer dizer, partido que estabeleceu que deveriam buscar alianças com os partidos da base aliada. Não conseguiu, a aliança ficou com Kassab e o DEM na maior cidade do país. E ainda tem gente dizendo que o maior vencedor foi… o PT! Tudo por causa da presença de Quércia na aliança… isso vindo de um partido vestal que tem aliança para valer com algumas das figuras mais nefastas da política nacional.

É a novalíngua. Quando o PT ganha, ele ganha. Quando perde, ele ganha também.

E a lógica de Aristóteles vai para as cucuias…

Novo presidente do STF

Em se tratando de cúpula dos três poderes, o judiciário realmente dá um banho nos outros dois. O Brasil só não está pior por causa de sua suprema corte, que mesmo com seus problemas e vaidades, ainda é bastante superior ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional. Pelo menos lá ainda existe o pudor, coisa que se perdeu no executivo e legislativo quase que completamente.

Na posse de Gilmar Mendes este não se sentiu constrangido pela presença do atual presidente e foi bastante claro em suas palavras:

Qualquer obstáculo erguido em oposição ao poder-dever de legislar, de que é exemplo o já desgastado modelo de edição de medidas provisórias, afeta a construção de um processo democrático livre e dinâmico. É necessário que se encontre um modelo de aplicação das medidas provisórias que possibilite o uso racional desse instrumento, viabilizando, assim, tanto a condução ágil e eficiente dos governos quanto a atuação independente dos legisladores – disse Gilmar.

Algo está errado em um país onde o legislativo passa o ano inteiro brigando para aprovar medidas provisórios e projetos de lei do executivo. Algo está errado em uma país onde o Congresso se deixou prostituir pelo governo. No vazio que se forma pela ineficiência do legislativo, o Supremo tem que se desdobrar para garantir que a constituição, mesmo esta porcaria que temos, continue de pé. Por pior que seja é melhor ter uma do que nenhuma.

Ainda mais quando existe um governo para quem a lei é sempre um obstáculo.

A destruição de Alckmin

Alckmin está conseguindo várias proezas em São Paulo. Além de dar chance de ressurreição para Marta Suplicy e dividir seu partido, conseguiu ainda jogar o DEM na aliança com o PMDB paulista, leia-se Orestes Quércia. Parece que os ratos estão abandonando o navio e não tem mais tanta gente assim querendo apoiá-lo na candidatura.

Faltou um pouco mais de horizonte político para Alckmin. Ao invés de tentar a prefeitura de São Paulo, e parece que não vai consegui-la, poderia pensar em 2010, no governo de São Paulo ou até mesmo na presidência. Mas o PSDB nunca o lançaria novamente como candidato! E quem falou em PSDB? É hora do ex-governador entender que sua chance passou no partido, não tem mais essa de “brigar por espaço”. Existem partidos que buscam há décadas nomes em São Paulo, aliás um partido especial. Justo o que pisou em cima.

Loucura? Loucura foi a solução que arrumou. O resto seria política.

Hillary sobrevive

Inspirada em Rocky Balboa, Hillary continua obstinada em conseguir a nomeação de seu partido para as eleições de 2008. Venceu na Pensilvânia, último estado importante, e praticamente garantiu que a disputa vai até a convenção nacional democrata. Hussein Obama sentiu o golpe e na última semana esteve mais agressivo, saindo da posição “superior” que havia estrategicamente se colocado.

Tudo indica que muito suor e sangue ainda vai rolar até o meio do ano entre os democratas.

Para alegria de John McCain que novamente saiu-se vencedor em uma convenção do partido adversário. Sua principal preocupação é que a economia não desande de vez, se conseguir se manter até novembro tem boas chances de ser eleito.

Para quem era uma azarão completo, está bom demais.

Coisas do Brasil

A última notícia plantada pelo governo na Imprensa diz que Dilma Rousseff está se fortalecendo eleitoralmente devido aos ataques da oposição. É a mesma tese idiota que acabou com as possibilidades de Alckmin em 2006.

Na ocasião, depois de um excelente primeiro debate onde massacrou o candidato-presidente, foi divulgada uma pesquisa onde Lula havia aberto vantagem. Pronto, logo apareceram gênios para dizer que era uma reação ao discurso agressivo do candidato. Balela. O crescimento devia-se a dois fatores, o esfriamento do caso do Dossiê Serra e a desastrosa primeira semana de campanha do Tucano que conseguiu sumir dos noticiários quando era vitorioso, adiar o início da campanha do segundo turno dando tempo ao governo e reaparecer para subir no palanque com Garotinho.

O resultado é que Alckmin abandonou a postura combativa e passou a dar mensagens cada vez mais confusas, com a ridícula foto com logomarcas de estatais.

O mesmo acontece agora. Acho natural que a próxima pesquisa mostre que Dilma subiu, mas não devido à exposição no caso do Dossiê (como estes bandidos gostam disso) e sim pela exposição junto com Lula nos comícios __ ops, desculpe, não são comícios mas inaugurações __ pelo país a fora.

Só no Brasil que pode prosperar a tese que acusar alguém de corrupção é benéfico para sua candidatura a presidente. E que pode fortalecê-lo.

É por teses estúpidas como essa que Lula nada de braçadas e a oposição bate cabeça e encolhe.

Cota na TV por assinatura

Está em fase final de tramitação no Congresso Nacional a famigerada lei que inclui cotas na programação da TV por assinatura. Mais uma vez o estado está ser articulando para se meter onde não deve, no caso no contrato entre particulares.

Já não basta as TVs por assinatura terem que transmitir aquele conjunto de canais que praticamente ninguém vê (TV Brasil, Senado, Câmara, Judiciário), agora querem impor uma cota de programação nacional para cada canal de TV a cabo. É um absurdo. Na prática inviabiliza a retransmissão de canais de notícias internacionais (que não vão montar uma estrutura só para atender ao Brasil) e inviabiliza a própria TV por assinatura, pois os custos serão repassados para a já salgada conta do assinante.

Não se trata de uma proteção para a cultura nacional, que diga-se de passagem sou radicalmente contra, não a cultura, mas a proteção. Trata-se simplesmente de acabar com a TV por assinatura. Faz parte da estratégia de domínio cultural do Gramcismo que está na raiz do Partido dos Trabalhadores, é preciso monopolizar a cultura.

Novamente aqui se mostra a extensão do alerta de George Orwell em 1984. O controle da mídia era essencial pois era preciso que não houvesse padrão possível de comparação do governo com os passados e com outros países. Era preciso que se acreditasse que o governo totalitário de 1984 era o melhor possível.

Não há um só programa na TV por assinatura que faça oposição ao governo, embora os chapas brancas existam as pencas. O problema é que existem muitos que tratam de valores universais, o que é um problema para uma força que deseja substituir os valores de uma sociedade pelos seus próprios. É melhor uma televisão que ninguém assiste do que uma que pode levar o indivíduo a pensar.

O comunismo não morreu em 1989 como demonstrou Jean François Revel em A Grande Parada. Ele se transformou, assumiu outra face, esta muito mais perigosa. Ele se revela por esta escalada lenta em direção ao controle hegemônico do pensamento humano para depois se instalar como realidade política.

Estamos assistindo a cada dia a diminuição das instituições brasileiras. Não há uma única que esteja mais forte hoje do que em 2002, muito pelo contrário. Os sinais estão evidentes para quem “tem olhos para ver”. A atuação do governo petista na questão das comunicações é exemplar.

Primeiro tentou emplacar o conselho de Jornalismo para controlar jornalistas, fui uma passo muito longo, acabou recuando. Depois conseguiu criar a TV pública, agora quer acabar com a TV por assinatura. Age para fundir empresas de telecomunicações e formar monopólio no setor, tendo para isso que mudar as próprias leis do país. Será que ninguém enxerga o rumo que estamos tomando? Será que ninguém enxerga onde vamos parar?

Só um detalhe

Alguém sabe quanto o Paraguai gastou na construção de Itaipu? Não. É um número fácil de guardar:

0,00

De novo:

0,00

Se quer receber valor de mercado, que tal começar a pagar por sua metade?

Com a palavra o teólogo da escatologia da libertação.

Em tempo: Não tenho nenhum pré-conceito sobre o tal Lugo, mas ao vê-lo rezando ao lado de Frei Betto já tenho um pós-conceito bem definido…

Imprensa no caso Isabella

Estou acompanhando bem de longe o caso da menina Isabella. Existem coisas que me revoltam, e o assassinato de uma criança inocente é uma dessas.

Não comentei nada aqui até hoje porque se trata de um problema de ordem humana, do mal que habita o coração de algumas pessoas. Não há um componente social como foi visto no caso do menino morto ano passado; este sim, uma expressão da violência urbana e o descaso das autoridades brasileiras.

O que aconteceu com Isabella poderia ter acontecido, e acontece, em qualquer lugar do mundo. Sei que a televisão não noticia outra coisa, mas o fato é que o público quer acompanhar todos os detalhes e é melhor que se horrorize com o que está assistindo do que se mostre indiferente.

Chama-me a atenção, entretanto, o teor das críticas que estão sendo feitas à mídia pela cobertura, especialmente contra a Rede Globo. Acho injusto tentar acusar as emissoras de condenar o casal antecipadamente, o que está sendo mostrado é a posição das investigações. Quer dizer que o delegado encarregado diz que está convencido da culpa dos dois e a emissora não deve noticiar este fato? Deve esperar o que? O transitado e julgado? Isso é com a justiça, pelo menos até onde eu entendo.

A comoção popular e as coberturas mais intensas são uma realidade em todos os países do mundo, basta lembrar do seqüestro da menina inglesa ou do caso de O. J. Simpson. As emissoras mostram porque é interesse popular, quando deixar de sê-lo, irão parar. Querer colocar nelas a responsabilidade pelo que foi feio com a menina é absurdo.

O pior é que a Globo se deixou pautar e mostrou uma entrevista com o casal em que eles de defendiam da perseguição da imprensa. Não foi permitido nenhuma pergunta sobre as provas encontradas até agora, o que seria da maior relevância. Afinal, se são inocentes, devem ter uma explicação. Ou não?

Sou contra o sensacionalismo da imprensa, mas ao contrário de muitos, não responsabilizo a imprensa por isso. Responsabilizo quem assiste. Ao invés de atacar a cobertura da imprensa, os sociólogos de plantão deveriam estar estudando e tentando entender o que leva uma pessoa a querer assistir a esta tipo de cobertura.

Talvez começamos a ter alguma respostas e não apenas chutes a esmo.