Não há outra palavra para o artigo de hoje no excelente blog Coturno Noturno. Eu ia copiar e colar, mas é melhor ir direto para site. O artigo é ainda sobre o General Heleno e suas palavras da semana anterior.
Mês: abril 2008
Crise dos alimentos
A Veja da última semana trouxe uma matéria sobre o aumento do preço dos alimentos. Apontou como principais causas:
- O crescimento da economia mundial dos últimos 4 anos. Em conseqüência, aumentou o consumo de alimentos nos países emergentes, especialmente China e Índia, onde se concentra quase 1/3 da população mundial.
- O aumento do preço do barril de petróleo que duplicou do início de 2007 para cá, elevando o preço dos transportes e dos insumos, como fertilizantes e adubos.
- A queda da cotação do dólar no mercado internacional nos últimos 6 anos, provocando fuga de investidores para os fundos de commodities.
- O incentivo do governo americano aos produtores de etanol de milho estimulando a migração dos produtores de soja e trigo.
- Fatores climáticos e de doenças que provocaram quebra de safra graves na China, Europa e Austrália
Analisando estas causas, é possível perceber que o presidente comprou a briga errada ao defender o biocombustível brasileiro. Em nenhum momento foi apontado como vilão, a crítica é ao incentivo dado ao biocombustível americano. É bom lembrar que no caso do milho, o rendimento por hectare é menor do que no caso da cana-de-açucar. Ao que parece o Brasil tem condições de aumentar sua produção sem prejudicar a produção agrícola, ainda estamos longe do nosso potencial.
Inveja
Era só o que faltava, o presidente da república está magoado e com inveja do espaço que a imprensa tem dado para o caso da menina Isabella.
Não dá nem para comentar.
Overdose de Lula
Esta overdose de Lula discursando todos os dias sobre todos os assuntos, não sei não, mas acho que alguma hora vai cansar seus próprios eleitores. Pessoalmente já não tenho mais estômago, pulo as referências aos discursos do presidente. O que gostaria mesmo era uma entrevista coletiva de verdade, com direito a perguntas incômodas e não aquele bando de jornalistas chapa-brancas que ficam abanando o rabo por um pouco de carinho.
Mas é exigir muito de alguém que se considera tão democrata, não?
Nova face de uma velha estatal
100 mil ONGs
O governo informou que existem na amazônia 100 mil ONGs agindo livremente e sem fiscalização. É bom lembrar que nenhuma delas paga impostos e ainda possuem uma série de benefícios como não precisar participar de licitações.
Algo está bem errado neste número. O vazio demográfico convive com esta concentração incrível de ONGs. Por que?
A ONG é uma verdadeira máfia moderna.
É preciso abrir este baú. Enquanto é tempo.
Pergunta: por que existem tantas ONGs chefiadas por esquerdistas?
Resposta: porque são os únicos que se preocupam com a “justiça social”1.
Notas de Rodapé:
1 Em novalíngua, refere-se a qualquer prática criminosa exercida por um socialista.
Cristovão e a Guerra do Paraguai, a da esquerda
Cristovão Buarque:
Não podemos simplesmente negar ao Paraguai o direito de pedir o reajuste. Nós não podemos esnobar o Paraguai. Até porque temos uma dívida com esse nosso país vizinho, já que há 138 anos matamos 300 mil de seus cidadãos [na Guerra do Paraguai]. Em proporção, seria como se matassem nove milhões de brasileiros.
Toda vez que alguém fala que o Cristovão Buarque era o melhor candidato em 2006, que infelizmente não tinha como vencer em um país que não se importa muito com educação eu penso aqui comigo, ainda bem. Porque este é um daqueles que simplesmente não me convence.
Primeiro porque é do PDT. Quem morou no Rio muito tempo, e é capaz de pensar um pouco, sabe o câncer que o partido foi para a cidade e o estado. É um partido que defende muitas das idéias mais retrógradas que existem por aí, estas que fracassaram no mundo inteiro.
Como ministro da educação foi um fiasco, sua principal realização foi acabar com o provão que estava vencendo as resistências e tornando-se um indicador de qualidade para as Universidades. Também se destacou na defesa dos privilégios absurdos das universidades públicas.
Recentemente saiu em defesa do gasto de meio milhão de reais para reforma do apartamento do reitor da UNB.
Agora resolve trair os milhares de brasileiros que tombaram na Guerra do Paraguai.
O mito
Nos anos 70, com o domínio cultural da esquerda na educação, os militares não davam muita bola para o que aconteciam nas escolas, e estão pagando por isso até hoje, surgiu uma versão da Guerra do Paraguai que perdura até hoje. Faz parte de todo um quadro que tenta pintar a América Latina como um pobre continente explorado até hoje pelos malvados imperialistas. A maior expressão deste pensamento é a obra de Eduardo Galeano chamada “As veias abertas da América Latina”.
Dentro deste quadro, a Guerra do Paraguai passou a ser pintada como uma guerra de extermínio. O Paraguai era uma espécie de oásis na América Latina, um país industrializado, sem analfabetismo, no padrão dos países europeus. O Brasil, instigado pela Inglaterra, promoveu juntamente com Argentina e Uruguai, uma campanha para acabar com aquele mal exemplo de independência no continente.
Foi um massacre contra os pobres paraguaios, com a morte de crianças e mulheres inclusive.
A verdade
Um trabalho muito sério e recente de Francisco Doratioto, que passou anos no Paraguai pesquisando as fontes primárias, mostra que não foi bem assim.
O Paraguai era sim o país mais independente das américas, mas devido a conjuntura e não a um desenvolvimento superior. Por não ter saída por mar e ser dependente de Buenos Aires para praticar comércio pelo Prata, o país voltou-se para dentro procurando ser auto-suficiente.
Este isolamento trouxe com ele a ditadura e o estatismo, o povo não vivia muito melhor que no resto das américas e ainda tinha que abrir mão de sua liberdade.
Mas não dá para viver isolado para o resto da vida e surgiu o sonho do Paraguai Maior. Os López, pai e filho, sonhavam com a saída para o mar e controle do estuário do Prata e começaram a organizar o exército e preparar-se para uma campanha militar.
Foi assim que as tropas paraguaias invadiram o Mato Grosso, a Argentina e o Rio Grande do Sul e o governo paraguaio declararou guerra ao Brasil e Argentina. Desta situação originou-se o Tratado da Tríplice Aliança, conseguindo romper com décadas de confrontos entre brasileiros e argentinos.
A campanha foi a mais sangrenta da América Latina. Milhares de brasileiros morreram nos campos de batalha e o custo foi altíssimo para a monarquia brasileira que viu o início de sua queda. Mas não havia outra alternativa, o país fora invadido.
Se a guerra foi até o final, cabe-se a dois motivos. O primeiro é inerente às ditaduras. Solano López levou seu país até as últimas conseqüências, resistindo quando sabia não ter mais condições de vencer. O segundo foi a recusa do ministério conservador de D Pedro II de aceitar a proposta de Caxias para encerrar a guerra com a conquista de Assunção. Queriam a cabeça de López.
O Brasil ocupou tudo o Paraguai. Fosse um país conquistador, poderia ter anexado o território. Retornou às fronteiras de antes da querra e reconheceu a independência do Uruguai e a soberania de seu povo. O Paraguai herdou uma dívida de guerra que nunca pagou e foi finalmente perdoada por Getúlio Vargas.
Na campanha eleitoral deste ano, mesmo nos momentos de maior ataque ao “imperialismo brasileiro”, nenhum candidato chegou a referir-se, mesmo de passagem, ao conflito. Eles sabem muito bem quem foi responsável pelo banho de sangue.
Que um jovem brasileiro tenha a versão propagada nas escolas é compreensível. Que um senador da república, ex-reitor de uma das maiores universidades do país, um intelectual, defenda esta versão é pura delinqüência. E o fato de ser um defensor público da educação torna o quadro ainda pior.
E uma traição à memória dos brasileiros que tombaram defendendo seu país.
Que vergonha senador!
Importantes apoios de Obama
Husseim Obama recebeu dois importantes apoios para as eleições americanas.
O primeiro de Daniel Ortega, um dos membros do Foro de São Paulo e que considera as FARCs como grupo beligerante que luta pela “justiça social”.
Outro dos próprio Hammas, o grupo terrorista que provoca o caos na Palestina há décadas. Segundo uma alto-funcionário da ONU (esta instituição merece um estudo mais profundo) um grupo de reação legítimo à opressão israelense, da mesma forma que os judeus e as resistências nacionalistas reagiram ao nazismo.
É preocupante que o mais poderoso exército do mundo possa ser simpático a grupos terroristas.
Os americanos deveriam ser pragmáticos. Seja qual for a indicação de gente como o Hammas, FARC, Foro de São Paulo, MST, PT, escolham o contrário. Não há como errar.
Enfim, a Telezona
Por Janaína:
O acordo que permite aos sócios privados da Oi, a antiga Telemar, se tornarem donos da Brasil Telecom foi assinado há pouco no Rio de Janeiro. Nasce a BrOi, que eu chamo de Telezona, porque além de gigantesca, a nova empresa está sendo criada à revelia da lei.
O mais constrangedor é que a ilegalidade é, como sempre foi, abençoada pelo governo. A desculpa é a criação de uma supertele nacional. Mas não é preciso ser muito esperto para perceber que agradar grandes financiadores de campanha também pesou na balança do Planalto. (íntegra aqui)
Pois é, o liberalismo no Brasil deu um pé atrás. As leis foram rasgadas para permitir uma fusão de interesse do Palácio do Planalto e que ruma para a formação de monopólio do setor. O monopólio é o verdadeiro câncer do capitalismo e origem de seus principais males pois vai contra um pressuposto básico: a livre concorrêncio.
O pior é que tudo foi feito sob silêncio constrangedor da oposição pois um dos seus líderes foi extremamente beneficiado no negócio. Não fossem alguns blogs e a parte séria da imprensa nem ficaríamos sabendo.
No fim das contas, o Brasil retrocedeu mais um pouco.
Pendei na teoria de Celso Furtado que o subdesenvolvimento não é necessariamente um estágio prévio do desenvolvimento. Pelo pouco que li dele, pois ainda não li um livro seu, acreditava que não era certo que estávamos atrasados historicamente, que um dia chegaríamos ao ponto das nações mais desenvolvidas de hoje; podemos estar seguindo um caminho errado, nos afastando delas.
Este pensamento traz muitas reflexões e alertas. A privatização ocorrida no governo FHC foi um passo modernizante e necessário. Não foi mais além porque era o que se permitia fazer no momento e ao contrário do que se propagandeia por aí, o PSDB é um partido de esquerda. Adotou algumas receitas liberais porque era necessário. O caos econômico estava batendo à porta no fim do governo Collor. Os próprios tucanos têm vergonha de defender as medidas que tomaram, conforme foi visto na campanha de 2006.
Para os que perguntam até onde poderia ter ido as reformas de FHC pensem em Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica… Como é? Vender o país? Como se a nós pertencessem de fato estes monstros sagrados do estatismo…:
O patriotismo é o último refúgio do canalha.
Ah… na fusão da telezona tem o discurso nacionalista. Para isso vale sempre a frase de Edmund Burke
E a arrecadação continua subindo
Uol:
BRASÍLIA – A arrecadação total de impostos e contribuições federais e de contribuições previdenciárias alcançou R$ 161,741 bilhões no primeiro trimestre, em termos nominais. Com a correção pelo IPCA, o montante aumenta para R$ 162,581 bilhões, volume recorde para o período de acordo com os dados divulgados pela Super Receita.
O recolhimento total subiu 12,97% em termos reais, ou seja, também com correção pelo IPCA, frente ao mesmo período de 2007 (R$ 143,912 bilhões).
Pois é, mais uma vez demonstra-se que o fim da CPMF não foi o fim do mundo que se imaginava, muito pelo contrário. É preciso ficar atento, volta e meia aparece uma notícia dando conta de algum deputado da base aliada querendo propor a volta do monstro. Seria um desrespeito ao legislativo, a quem cabe representar o povo em uma democracia.
Era hora do Brasil arrancar e investir em infra-estrutura (não me falem em PAC, por favor!) e cortar impostos para estimular a atividade econômica. Infelizmente não é assim que o governo enxerga aumento de arrecadação. Na verdade é visto como um sinal verde para aumentar o gasto público e o ciclo vicioso prossegue. Uma das coisas que não combinam com esquerda no poder é redução de impostos, afinal, seu pudessem pegariam até a última gota da economia para o estado. Mas não se preocupem, em troca teríamos o paraíso na terra. Como a história bem nos mostrou.