Um dos líderes da oposição, o senador Arthur Virgílio, protagonizou dois vexames nesta semana.
No primeiro, subiu na tribuna para elogiar a ação do banco central em elevar as taxas de juros. Nem entro no mérito da questão, mas a atitude do senador é uma das coisas que só acontecem no Brasil. Aumento de taxa de juros é uma atitude impopular, embora muitas vezes responsável. É um custo que o governo arca por ser governo, em qualquer lugar do mundo.
Se o senador gostou da medida que fique quieto e deixe para o governo o ônus de defendê-la. Isto é política. Não precisa ir para os holofotes fazer demagogia e atacar a medida, mas também não precisa se tornar fiel dela. O resultado foi que os governistas atacaram a decisão do próprio governo e um líder da oposição correu em socorro desnecessário.
É algo de inédito, o governo toma uma medida impopular, não entro no mérito se era necessária ou não, e o custo político fica… para oposição! O pior é que o grande motivo para o Banco Central ter elevado os juros foi a escalada dos gastos públicos. O governo gasta mais para fazer política e um líder da oposição corre para socorrê-lo! Só no Brasil.
A segunda patacada foi a crítica ao General Heleno. Virgíllio se colocou em companhia de gente como Tarso Genro e o secretário de direitos (des)humanos. Nem o ministro da defesa veio a público criticar o General. Nem mesmo o presidente arriscou-se a ir ao microfone para defender a posição do seu governo (preferiu o golpe baixo que comento no post a seguir).
Querer resgatar 1964 no atual momento histórico é uma absurdo completo. Embora exista da parte do governo atitudes que lembram em muito a do governo João Goulart, o país não é o mesmo de 40 anos atrás. Os militares já não exercem a influência política da época, para o bem ou para o mal, estão dentro dos quartéis enquanto que a sociedade (em que eles fazem parte) decide seus próprios caminhos.
Atitudes como a de Virgílio, que muitas vezes acerta, como no fim da CPMF, mostra porque o governo atual obtém tanto sucesso de propaganda. Com adversários assim, fica fácil construir um discurso hegemônico e com isso perde a democracia.