Era só o que faltava

Quando acho que já vi de tudo aparece mais uma. Agora está se organizando uma “marcha da maconha” em São Paulo.  O ministério público está fazendo sua parte, a marcha é ilegal pois fazer apologia ao uso de drogas é contra a lei.

Os organizadores defendem a liberdade de expressão e o direito de provocar a discussão de uma lei que consideram injusta. A lei é bastante liberal com o consumidor, que não comete crime nenhum, mas voltam ao argumento que a caracterização de crime provoca a violência, se fosse liberado não haveria mais traficante vendendo o produto.

Engraçado que muitas pessoas que defendem a legalização da maconha querem a proibição do cigarro. Parece que um é um barato, o outro é o mal. Querem mudar a lei? O lugar disso é no parlamento. Basta convencer um deputado a propor um projeto de lei, ou mesmo o governo, quem sabe com a ajuda providencial do ministro da Justiça que não liga muito para os aspectos, digamos assim, jurídico das leis.

Só não consultem o povo brasileiro, esse sempre deixou bem claro o que pensa da maconha e dos maconheiros.

Sobre cultura

Sobre o post do blog do blogildo, e a comparação cultural que fez, cabe algumas considerações.

O juízo de valor sobre as culturas é suspenso pela antropologia ao estudar as diferentes culturas que surgiram ao longo da história. Para estudar uma civilização que adotou, por exemplo, o canibalismo, é preciso não condená-la. Trata-se de um método científico próprio da antropologia como ciência, o que não pode ser confundido com a metafísica.

Os instrumentos de estudo e as delimitações de estudo de uma determinada ciência, não pode ser estendida para a realidade objetiva. Este é um dos problemas, por exemplo, do Marxismo. Para estudar o capitalismo, Marx reduziu toda a civilização à economia. Posteriormente, seus seguidores chegaram a conclusão que a civilização era a economia, o que é uma generalização de um princípio de estudo.

Não se deve fazer juízo de valor sobre as culturas ao estudá-las do ponto de vista antropológico, talvez até histórico ou filosófico, o que não significa que estes valores não existam e não possam ser comparados. O infanticídio é um valor ligado à barbárie, seja qual for a cultura que o pratique. Aqui no Brasil defende-se que os índios possuem “direito” de matar suas crianças por ser próprio de sua cultura, e mais, que não se pode condená-los por isso. Acho a tese um absurdo.

Quase nada conheço de cultura não-ocidental, mas conheço um pouco de cultura indígena brasileira, e afirmo com todas as letras que a cultura ocidental brasileira é sim superior a estas culturas indígenas. E nesse ponto concordo com Blogildo, nossa cultura nos dá elementos, como a antropologia, para estudar a cultura indígena, a cultura indígena é capaz de fazer o mesmo? É capaz de um pensamento filosófico mais profundo?

Considerar que não exista cultura superior, sob algum determinado parâmetro, é um caminho para o relativismo. Da mesma forma poderíamos dizer que não existe indivíduo superior a outro, apenas diferente. Assim Gandhi é apenas diferente de Hitler, Jesus é apenas diferente de Barrabás, Sócrates é apenas diferente de Mileto…

Sobre valor cultural

O Blogildo traz um post que diz tudo sobre valores culturais. Retrata um diálogo em uma universidade, não diz se é real ou não, mas aposto que sim. Reproduzo o diálogo e comento depois, em outro post.

Professor: O que é superior: um vaso chinês de porcelana ou um artefato ianomâmi?
Aluna morena: Nenhum dos dois.
Professor: Por que?
Aluna loura: São diferentes, ué!
Professor: Ai meu c…
Aluna morena: Não há superioridade, pois são expressões artísticas de culturas diferentes.
Professor: EXATAMENTE! São culturas diferentes. Esse é o ponto onde quero chegar. Não há isso de “cultura superior”. Existem diferentes culturas. E toda cultura deve ser respeitada em virtude dessas diferenças.
Aluno conservador cristão hidrófobo raivoso: Professor, e que dizer de uma cultura que respeite e reconheça as diferenças culturais? Não seria uma cultura superior?
Professor: Seria uma cultura mais esclarecida!
Aluno conservador cristão hidrófobo raivoso: Ou seja, superior!
Professor: Mas que cultura seria essa? Existe?
Aluno conservador cristão hidrófobo raivoso: A Ocidental.
Professor: HAHAHAHAHAHAHAHAHA! A Ocidental? Com todas as guerras, intolerância religiosa, genocídios etc?
Aluno conservador cristão hidrófobo raivoso: Mas essa é a única cultura – até onde entendo – que forneceu os instrumentos teóricos para avaliar outras culturas e até fazer uma auto-avaliação. Isso não indica superioridade, esclarecimento etc?
Professor : Pois é, mas aí a gente descamba para a filosofia e isso renderá um longo debate…

Mais sobre a Telezona

Folha:

AS “OCUPAÇÕES”, eufemismo para invasões, estimuladas pela administração Lula não se restringem ao setor agrário. Com financiamento estatal bilionário e apoio dos fundos de pensão controlados pelo governismo, duas companhias telefônicas acabam de “ocupar” um terreno irregular. A aquisição da Brasil Telecom pela Oi dá-se a contrapelo das normas anticoncentração responsáveis pelo sucesso da privatização da telefonia no país.
Como os contumazes invasores de terra, os artífices das negociações da “supertele verde-amarela” não temem repressão do Estado. Pelo contrário, estão certos de que serão, ao fim e ao cabo, premiados com a assinatura do presidente da República no decreto que, após o fato consumado, sacramentará o popular “liberou geral” nas regras para atuação desses gigantes empresariais em território nacional.

O grande problema do capitalismo é a tentação do monopólio. Talvez seja este o principal papel do estado na economia, impedir a concentração de empresas e defender a concorrência. Os efeitos nocivos do capitalismo __ nunca disse que era perfeito __ são bastante atenuados quando vigora um regime de competição real entre empresas.

A telefonia no Brasil foi um grande exemplo, hoje é preciso se desviar de tantos celulares que são arremeçados em nossa direção. A qualidade do serviço é melhor hoje do que no passado, os preços são menores, emprega-se muito mais gente e o serviço universalizou-se.

A constituição da Telezona é emblemático. É uma fusão que vai na direção de um monopólio, o governo deveria, portanto, desestimula-la. Além do mais, é contra a legislação em vigor. Não há garantia de criação de um único emprego, pelo contrário existe a assinatura de um contrato em que a empresa se compromete a não demitir ninguém nos próximos três anos. Mesmo assim o BNDES está despejando 3 bilhões de reais no negócio, mesmo sendo ilegal. Tudo porque existe um entendimento para que o presidente da república mude a lei para permitir a fusão.

Ao invés de estimular a concorrência, o governo trabalha para o monopólio no setor. Isto é próprio do estado quando se pretende agente econômico, na prática é uma medida estatizante, própria de um governo socialista. Ainda tem o discurso nacionalista para tentar dar uma explicação “moral” para a imoralidade, como sempre.

O editorial da Folha lembrou bem, quem pagará a conta no fim de tudo será o consumidor que terá menos uma opção em um mercado fortemente regulado.

Mais uma derrota do indivíduo em um mundo em que o estado é cada vez mais opressor.

Sinal amarelo para a democracia

A pesquisa divulgada hoje pela SENSUS (esta instituição deve ser vista sempre com cautela) mostra que cresceu a quantidade de brasileiros favoráveis a um terceiro mandato para Lula. Há lógica neste crescimento, o presidente está em um nível recorde de aprovação e nada parece indicar uma futura queda.

Não se deve entender democracia como direito de maioria. O princípio mais importante em uma democracia é o respeito aos direitos da minoria, coisa que simplesmente não existe quando se fala em estado totalitário. Além disso, a democracia deve ser protegida contra a própria maioria, que volta e meia pode apoiar a derrubada dos princípios democráticos.

Um deles é a alternância de poder.

Por isso é preciso acender o sinal de alerta, se é que não estava aceso, para evitar a tentação.

No totalitarismo, a preocupação é com a minoria. Na democracia, o contrário.

Em tempo: não acredito que Lula tope essa, mas não coloco minha mão no fogo. Acho que realmente está se preparando para o retorno redentor e triunfal em 2014, o que é um direito legítimo seu.

Alta do preço dos combustíveis

Diante da negativa do presidente da república sobre aumento nos preços de combustíveis fica cada vez mais evidente que ocorrerá a qualquer momento. A próprio presidente alerta sobre a alta do preço do petróleo internacional. Ficam duas perguntas para o monarca brasileiro:

  1. E a tão falada auto-suficiência brasileira do  petróleo?
  2. E a queda do dólar no mercado internacional? Afinal, o preço do barril é dado nesta moeda…

O que o presidente não fala é na queda de produtividade da estatal brasileira, a Petrobrás. Por que está caindo? Só somar:

estatal + monopólio + PT + governo Lula = queda de produção

O que leva à terceira pergunta: qual a relação da queda de produtividade da Petrobrás com o aumento do preço dos combustíveis?

Notícias no Brasil

Crise dos Alimentos

Folha:

Goldemberg descarta com outro dado objetivo: a agricultura de todos os países juntos se espalha por 12 milhões de km2 do planeta, mas só 100 mil km2 são destinados a biocombustíveis nos EUA e no Brasil. Ou seja, os “críticos perderam completamente o senso de proporção”.

José Goldemberg é um físico brasileiro respeitado mundialmente por seus trabalhos na área de energia renovável. Ele não nega, portanto, que haja substituição do cultivo de alimentos por biocombustível, apenas que a proporção é muito menor do que se prega. Seu impacto seria, na verdade, ainda irrelevante. É mais um dado para entender a questão dos alimentos.

Caso Isabella

Folha:

O integrante do Supremo critica a atitude das autoridades policiais e do Ministério Público no caso. “Polícia e promotoria alimentaram o espetáculo, firmaram uma convicção e divulgaram desde o início dados para comprovar sua tese.”
O ministro sintetiza seu sentimento com a seguinte frase: “Parece que decidiram massacrar a monstruosidade com outra monstruosidade. Pior, aqueles que deveriam zelar pelo Estado de Direito incentivaram o sentimento de Justiça com as próprias mãos”.

Trata-se daquelas famosas opiniões em off de autoridades. O ministro, seja lá quem for, está correto. Existe uma campanha de demonização da cobertura que a imprensa tem feito do caso Isabella, mas pouco li sobre o papel das autoridades policiais e judiciárias. Este problema não é de hoje, nem restrito ao Brasil. Os principais responsáveis são os promotores que buscam os holofotes atrás de auto-promoção. O que deveria fazer a imprensa? Ignorá-los? Deixar de noticiar a posição dos investigadores do caso? Antes de condená-los é bom lembrar que o caso é sim de interesse nacional, pode até não ser meu, mas é da maioria dos brasileiros.

ONGs na Amazônia

O Globo:
O sertanista Sydney Possuelo, que presidiu a Funai entre 1991 e 1993, critica a proliferação de ONGs em terras indígenas. Ele defende o fortalecimento da Funai e considera contraditório que o governo restrinja a liberação de recursos para o órgão enquanto financia ONGs.

– O Estado deve estar presente nas terras indígenas através de uma Funai forte e com poder de polícia, mas faltam recursos e pessoal – critica.

Para Possuelo, as ONGs só deveriam atuar em programas complementares de saúde e educação, e sob controle da Funai. Nunca em atividades como a demarcação de terras. Ele foi demitido da Funai em 2006 e depois criou uma ONG, que será desativada no fim do ano.

Eu entendi errado ou este cara condena as ONGs e depois de demitido da FUNAI fundou uma… ONG? Ou seja, ONG boa é a minha! Na verdade a FUNAI está na raiz do problema que se transformou a questão indígena do país, é a maior incentivadora da segregação, que não interessa à maioria dos indígenas. São muitos interesses, boa parte escusos, na questão. Parece que está se começando a discutir com um pouco mais de realismo este problema.