5 anos de ocupação no Iraque

Editorial da Folha de hoje:

Já se mostrou à exaustão que a aventura foi uma catástrofe humanitária e um fracasso político que encalacrou o Pentágono numa ocupação militar sem perspectiva de solução. Verifica-se agora que foi também um desastre financeiro.

Gostaria de saber o que a Folha define como “catástrofre humanitária”. Que a ocupação militar foi um fracasso político e financeiro não há dúvidas, os Estados Unidos erraram, e feio, o cálculo. Na cabeça de seus estrategistas teriam uma operação militar rápida, o que ocorreu, e depois ocupariam com poucas tropas pelo tempo suficiente para devolver o poder aos próprios iraquianos.

Mas que iraquianos? Rapidamente descobriram que não  bastava apenas destituir o ditador sanguinário (e não os são, todos?) mas era preciso reconstruir as instituições, uma coisa que leva tempo. A situação é ainda mais delicada quando o país é dividido em xiitas e sunitas. O erro americano custou caro, logo os grupos terroristas perceberam que as forças de ocupação não sabiam o que fazer e começaram a atuar.

É preciso entender que a guerra destes homens não é contra os Estados Unidos, mas contra o mundo ocidental. A ONU recusou-se a dar aval para a guerra, mas não escapou de dois atentados ainda em 2003. Em 19 de agosto, morreram 22 pessoas na seda da missão em Bagdá, incluindo Sérgio Vieira de Melo. 27 de outubro, atentado à sede da Cruz Vermelha Internacional, 11 mortos. O terror existe de fato e não vai desaparecer apenas por tentar esquecê-lo. Os Estados Unidos e a Inglaterra parecem ser os únicos que perceberam isso.

Nos últimos meses a situação tem se acalmado, o ritmo de atentados e mortes tem diminuído bastante. O principal fator foi o aumento do contingente militar americano que começa a efetivamente colocar ordem no caos. Aos que defendem a saída imediata das tropas é bom lembrar que no dia seguinte começaria a real “catástrofe humanitária”. Não é possível a saída enquanto não houverem instituições iraquianas em condições de manter a ordem e evitar a guerra civil. Não é coisa para amanhã, leva tempo.

Um bom livro para entender a questão, e ler uma opinião contrária ao lugar comum que se instalou na mídia é “Sobre o Islã”, de Ali Kamel. É um daqueles obrigatórios.

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