Não adianta, o foco de combate do Ministério da Saúde não é a saúde; dengue, febre amarela, tudo isso só vem para atrapalhar. O que o Ministro Temporão gosta mesmo é de modificar costumes, ou da “reforma” da atrasada e arcaica sociedade brasileira. Nada se aproxima mais do pensamento liberal americano do que a luta de Temporão. Um a um ele vai batendo os pontos “programáticos” do partido Democrata.
Primeiro foi a defesa da legalização do aborto, segundo ele uma questão de saúde pública, sem espaço para qualquer discussão ética. Depois foi a campanha de “redução de danos” que acampou até a famigerada “balada boa” que disse, entre outras bobagens, que o LSD pode ser ruim para uns, mas sem efeito para outros. Curioso como a tolerância com as drogas convive com a total intolerância com o cigarro e as bebidas. Continuando, veio o programa de educação sexual, ou sei lá o nome que foi dado, que distribui para crianças de 7 anos da escola pública as mesmas informações das de 13 ou 14, e ainda pergunta sobre a troca de saliva no beijo. Por fim a distribuição de pílulas do dia seguinte, com efeitos colaterais ainda incertos, para menores de idade sem a menor preocupação com os pais.
A última é esta campanha pelo uso da camisinha. A tese é que o homem é um ser irracional, incapaz de controlar seus impulsos sexuais primitivos, sem o menor parâmetro moral. O alvo são os homossexuais, um grupo com índices comparativos elevados de contágio de AIDS. O que originou este cartaz do Ministério da Saúde:
O que se pode dizer? Que sou a favor da AIDS? Contra os homossexuais? Longe disso, ser contra homossexuais é retratá-los como o Ministério fez. Particularmente acho que QUALQUER ser humano é capaz de pensar. Pelo menos é capaz de entender como é feito a propagação da doença e a importância da redução do número de parceiros e da proteção. Não acredito que depois de tudo que já foi mostrado na mídia e no cinema ainda exista gente que não saiba que o risco de contágio na relações sexuais existe e aumenta com a liberalidade. Por que assumem estes riscos então? Por que se entregam à promiscuidade se sabem que estão sujeitos ao contágio?
Por que querem. Por que aceitam este risco. Por que exercem seu livre arbítrio, e é essa liberdade de agir que nos caracteriza como seres humanos. É próprio do homem resistir aos seus impulsos e tomar decisões. Por isso que a verdadeira reforma é no interior de cada um de nós, não é o estado ou a “sociedade” quem vai nos curar de nossos vícios. Já foi tentado inúmeras vezes, nunca funcionou.
Como pano de fundo para tudo isso o abandono cada vez maior dos valores, da virtude. A cada dia nos afundamos mais e mais no relativismo moral advogado pelos humanistas. Acho curioso que a AIDS seja combatida através do incentivo às relações sexuais mas que o cigarro seja combatido com fotos cada vez maiores dos horrores que provoca. Fosse por este raciocínio, na embalagem de camisinha e na entrada de motéis deveria ter uma aviso: cuidado, o Ministério da Saúde adverte, fazer sexo pode ser prejudicial a saúde!
Um dos pilares da sociedade ocidental, queiram ou não, é a tradição judaica-cristã. Quando se afasta dela, todo o mundo ocidental começa a ruir pois fica sem base para apoiar qualquer sistema moral. Tentaram ao longo dos tempos fazê-lo em cima da razão e da ciência; até hoje só tivemos fracassos: facismo, comunismo, cientificismo, existencialismo, etc. Um sistema moral só pode ser apoiado em algo maior do que todos nós, em algo perfeito, em algo que seja sim, objeto de fé. Nós humanos somos imperfeitos e portanto qualquer moral baseada em nossa razão só poderá ser imperfeita. O mundo a nossa volta prova isso a cada dia, e a cada dia aparecem mais pessoas achando que estamos no caminho certo, que a humanidade está progredindo.
Pois nesse processo prefiro ser retrógrado, e são valores baseados na fé cristã que tento passar aos meus filhos. Não consigo esquecer a célebre frase dos Irmãos Karamazovi: “Se Deus não existe, tudo é permitido!”
É cada vez mais difícil defender a virtude na sociedade contemporânea, mas nosso filhos são mais inteligentes e melhores do que nós. Tenho esperança que as futuras gerações superarão o humanismo. Para o bem de todos nós.