Para pensar

Diogo Mainardi trouxe a informação de um estudo, não guardei o nome do autor, que mostra que a porcentagem de gastos do PIB referentes á previdência e assistência social aumentaram em relação à educação e saúde.

É para pensar e muito. Se é assim, estamos privilegiando o passado em detrimento do futuro. A longo prazo o resultado é desastroso. Um dos motivos para o Japão ter superado a destruição da II Guerra Mundial foi ter apostado em seu futuro e de certa forma ter sacrificado a geração da época. Tratava-se de uma situação de crise, era um país destruído. Talvez não seja o caso de sacrificar uma geração (da qual eu estou incluído), mas seguramente é o caso de colocar o futuro como prioridade.

Nossa única esperança é o amanhã, é bom não esquecermos disso.

Na disputa entre Hilary X Obama, MCCain está vencendo

Lucas Mendes, no Manhattan Connection, resumiu bem o que está acontecendo no processo eleitoral americano. Até agora, o maior vencedor da disputa entre B. Hussein Obama e Hilary Clinton foi John McCain. Era uma azarão, já não é mais.

Hilary está com sua candidatura na UTI, mas ainda aguarda para ver a extensão do desgaste que Obama tem enfrentado por conta de seu pastor. Não fosse este fato já estaria desistindo de sua candidatura. Na verdade, parece que tem ainda outro objetivo; caso não seja candidato, prejudicar a do companheiro de partido. Sua conta é simples: com a derrota de Obama, teria uma nova chance em 2012. Uma eleição que provavelmente não teria McCain por causa da idade. Caso Obama vença, sua pretensão ficaria para 2016, quase que inviabilizada.

No editorial de hoje na Folha, credita-se a subida de McCain também à crise econômica que se consolida nos Estados Unidos. Enquanto os democratas tem uma receita de aumento do gasto público, principalmente para atender demandas sociais, McCain está sendo firme na proposta do receituário de Reagan: o mercado que se vire, não é dever do estado socorrer empresas que se arriscam no mercado financeiro. É um discurso que agrada à boa parcela dos americanos que relutam em ter o estado atacando seus bolsos mais vorazmente em época de crise.

O quadro ainda é completamente indefinido para as eleições, a campanha ainda nem começou, mas sem dúvida a disputa democrata passou um pouco do limite e o desgaste mútuo dos candidatos poderá deixar seqüelas que um político hábil como McCain poderá saber exportar.

Sobre McCain, achei bastante interessante seu discurso sobre substituir a Rússia no G8 por Brasil e Índia. Nem tanto pelos substitutos, mas por dar um recado à Putin. É extremamente perigoso um arsenal nuclear, ainda mais o segundo do globo, nas mãos de uma nação totalitária. Apesar de todos os seus problemas, o Brasil não está nem perto do quadro que se configurou nas últimas eleições russas.

Artigo de Gustavo Ioschpe na Veja

A Veja da última semana trouxe um artigo muito interessante de Gustavo Ioschpe. Desta vez a polêmica que levanta é com os ambientalistas.

Lembra que o Brasil tem uma área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, mas pouco mais de um terço é para os brasileiros. Isto porque o restante é destinado por lei às árvores e os animais. Nestas áreas não é permitido nenhuma atividade econômica produtiva.

Nas áreas em que a atividade industrial é permitida, “ela não escapa do controle __ e dos custos __ da polícia verde. Qualquer obra de grande impacto ambiental no país (fábricas, siderúrgicas…) devem pagar uma taxa de 0,5% de seu valor ao Instituto Chico Mendes, órgão do Ministério do Meio Ambiente”.

Além disso, existem as licenças ambientais, que no Brasil levam anos para serem concedidas. Isso apesar do Brasil flertar a anos com a escassez de energia, existe uma grande chance de um novo apagão em um futuro próximo. Como conseqüência, o preço da energia elétrica no atacado subiu 91% em apenas um ano, o que causará alto nos insumos básicos, cancelamento de investimentos, demissão e aumento do preços ao consumidor.

Este assunto já foi tratado por Nelson Ascher este ano. De maneira geral a população é mantida na total ignorância sobre os custos da política ambiental. O Congresso não participa das discussões sobre medidas, tudo é decidido dentro da burocracia oficial. Em se tratando de Meio Ambiente, a democracia é solenemente esquecida.

O orçamento da União de 2008 resume bem a punição que o Brasil se impõe: o orçamento do Ministério do Meio Ambiente (R$ 2,9 bilhões) é mais do que o dobro daquele destinado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (R$ 1,3 bi). Apesar de sermos um país jovem e pobre, investimos mais na conservação da nossa escassez do que na geração das riquezas futuras.

Ioschpe lembra que é preciso ter uma boa dose de cesticismo com qualquer teoria que faça previsões catastróficas. Faz todo o sentido que os países desenvolvidos utilizem seus recursos para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos, reconstruindo o que foi danificado em seu país.

O que espanta, no caso brasileiro, é que esse discurso tenha sido integralmente “comprado” por aqueles que certamente colhem mais custos do que benefícios com a preservação ambiental, da maneira como vem sendo praticada. Estudo recente do economista U. Srinivasan, da universidade de Berkely, estima que os países ricos imporão perdas ambientais de até US$ 7,4 trilhões aos países de renda per capita baixa e média (como o Brasil) por conta de suas ações no período 1961-2000.

Ioschpe questiona porque a solidariedade universal só aparece na hora de socializar as perdas, e não os ganhos. Parece natural e aceitável que os brasileiros preservem suas florestas para o bem dos europeus, mas parece ficção científica sugerir que os mesmos europeus devolvam os recursos naturais que roubaram ao longo dos séculos. “Por que eles podem defender nossas árvores e ficar com nosso ouro”.

Não se trata de uma defesa do desmatamento, mas de prioridade e foco. E o nosso foco deveria ser o bem-estar do brasileiro. “Enquanto uma massa de brasileiros vive em condições subumanas, sinto-me moralmente impedido de defender a preservação do mico-leão-dourado. Se os países ricos querem que preservemos nossas florestas, que pagem por isso.”

O autor lembra outro custo que não é divulgado:

Faz sentido, em um país com os nossos índices de criminalidade, com os nossos problemas de tráfico de drogas e contrabando nas fronteiras, deslocar mil homens da Polícia Federal para vigiar madeireiras no Pará, como o governo acaba de anunciar?

Por fim, lembra que o índice de pessoas plenamente alfabetizadas no Brasil é de 28%. A cada dia milhões de pessoas vão para as escolas e saem sem aprender. Estamos garantindo que o cérebro da nossa população continue virgem e preservado, assim o país vai fechando suas portas para o desenvolvimento. O que aconteceria se a energia despendida na preservação de florestas e animais selvagens fossem transferida para um único objetivo: “que todas as nossas crianças aprendam a ler e a escrever na primeira série”. Deveríamos nos preocupar mais com a inteligência de nossas crianças do que a intelligentsia estrangeira.

Se a colonização intelectual nos leva à cópia de todas as porcarias que vêm do hemisfério norte, do fast-food ao blockbuster, será que não podíamos também copiar o pragmatismo e o patriotismo que ajudaram a levar esses países a onde eles estão hoje?

Artigo Completo

O passado absolve? Que passado?

Clóvis Rossi é mais um dos jornalistas que respeito, como Lúcia Hipólito, que acredita na inocência de Dilma Rousseff. Diz ele que ela não parece ter o “déficit de caráter” capaz de ligar para Ruth Cardoso para dizer que não tinha nada a ver com o dossiê. Aquele mesmo que ela afirmou não existir. Clóvis acredita que tudo foi realmente obra de sua secretária executiva, que não informou à chefe.

Rossi parece esquecer de como funciona o petismo. Não há como uma pessoa como Erenice tomar uma decisão dessas sem explícita autorização da chefe. No fundo, trata-se de um certo ar de mistificação tendo em vista o passado guerrilheiro de Dilma, que no Brasil se confunde como luta pela liberdade. O passado de Dilma parece ser seu maior aliado.

Só não consigo entender como um país pode aceitar que um passado como terrorista possa ser evidência de decência.

Eleições no Zimbábue

O que o Brasil tem a ver com as eleições presidenciais no Zimbábue? Vai atuar como observador. E o que tem isso de ruim? Primeiro os parceiros: Rússia, Sudão, Irã, Venezuela, China. Precisa dizer mais alguma coisa? Esses são os únicos países que Robert Mugabe considera “neutros”.

O Zimbábue deve ser um daqueles países que o nosso presidente considera ter democracia até demais. Mugabe é um fenômento de popularidade maior até do que o seu colega brasileiro, chefia um governo que conseguir colocar a inflação em 100.000% ao ano e reduzir a expectativa de vida para 37 anos (era 60) por conta da epidemia de AIDS. Ainda assim tem 57% das “intenções” de voto.

E tem gente que ainda acredita em ditadura…

O que vai pela imprensa

O Globo:

SÃO LUÍS. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez em São Luís o que mais gosta. Com um discurso recheado de ataques ao capitalismo, falou da sacada do Palácio dos Leões, sede do governo estadual, para um público estimado em duas mil pessoas, que se reuniu em praça pública exibindo bandeiras vermelhas e gritando palavras de ordem. Chávez assinou com o governador Jackson Lago (PDT) protocolos de intenções nas áreas da educação, agropecuária, saúde e meio ambiente. Um dos acordos beneficiará assentamentos do Movimento dos Sem Terra (MST) com um programa de alfabetização de adultos, baseado num método cubano que utiliza a TV como veículo de educação.

O MST é um grupo fora da lei, que provoca atos terroristas, mata pessoas e ignora completamente o arcabouço legal do país. No entanto consegue celebrar convênios e receber dinheiro do governo brasileiro e agora do bravateiro venezuelano. O líder do movimento já reconheceu que a causa agrária já não existe no Brasil, que a luta é contra o capitalismo mesmo. A principal arma de seus líderes é a manutenção de um enorme contingente de pobres como massa de manobra para seus atos de demonstração de força. O tal método cubano pode até ensinar a ler e escrever mas tem um preço altíssimo: a renúncia da capacidade de pensar. Tudo isso sob olhos do estado. Pobre país.

O Globo:

A irritação dos produtores agrícolas, que contamina as classes médias e altas dos melhores bairros de Buenos Aires, decorre, em grande parte, de uma política econômica que tem produzido mais uma bolha de crescimento – na faixa de invejáveis 8% ao ano – do que um ciclo de expansão sustentada, como o que parece entrar o Brasil. Afinal, a explicação para esse crescimento está na ocupação da enorme capacidade ociosa causada pela profunda recessão de mais de 15% ocorrida em 2001/2. Não decorre de novos investimentos.

Quando a Argentina declarou a moratória, os petistas deram urras. Diante do crescimento argentino dos últimos anos passaram a ficar mais afoitos: a solução para nosso problemas econômicos estava logo ali do lado. O principal mérito do atual governo é não escutar seu próprio partido, manteve a política econômica do governo anterior e estamos crescendo, apesar do petismo.
Não é de graça ou por bondade dos comissários atuais. Eles sabem que para continuar rebaixando as instituições precisam da estabilidade econômica. É um pacto, conservam a economia funcionando razoavelmente mas que os deixem em paz para meter a mão em todo o resto.
Um dia o populismo cobra seu preço. Cobrará logo na Argentina porque as bases econômicas lá são muito mais frágeis do que aqui. Aqui demorará um pouco mais, mas cobrará.

Merval Pereira:

O presidente Lula prossegue na sua campanha para banalizar qualquer transgressão legal que venha a ser cometida por um aliado político. Do alto de uma popularidade inédita no segundo ano de um segundo mandato, reafirmada ontem pela pesquisa do Ibope, o presidente sente-se autorizado a fazer e dizer qualquer coisa. De público, no clima de palanque eleitoral em que inaugurou obras do PAC em Recife, absolveu o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, defenestrado de seu cargo por culpa do “pedágio” que cobrava do concessionário do restaurante da Câmara, uma quantia tão irrisória quanto emblemática do clima de amoralidade que dominava a Casa.

A popularidade em alta do presidente solta sua língua, fica cada vez mais belicoso e a vontade no mito que construiu para si mesmo. Mitos não são eternos e caem diante da própria empáfia. Quanto tempo demorará para o brasileiro ver a verdadeira natureza de seu príncipe?

Severino Cavalcanti não foi perseguido, muito menos por ser nordestino. Foi defenestrado porque foi pego com a mão na bufunfa pública e ao contrário do conterrâneo não tinha a popularidade e a ideologia para protegê-lo de si mesmo.

Jornal do Brasil:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o colega venezuelano Hugo Chávez foi o “grande pacificador” do conflito entre Colômbia e Equador. Na ocasião, Chávez reforçou a presença das tropas na venezuelana na fronteira com a Colômbia, o que gerou um clima de tensão na região.

Dizer o que? Chamar Hugo Chávez de pacificador é alguma coisa de inédito. Já era democrata “até demais”, agora também pacifica a região através do movimento pirotécnico de suas forças armadas.
Sabem que pacificou a região? O “senhor da guerra” George Bush. Só precisou de uma frase: os Estados Unidos estão incondicionalmente ao lado do aliado democrático que enfrenta um grupo narco-revolucionário-terrorista. E não falou mais no assunto. Nem precisava.

Folha de São Paulo:

Partiu da secretária-executiva da Casa Civil, braço direito da ministra Dilma Rousseff, a ordem para a organização de um dossiê com todas as despesas realizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sua mulher Ruth e ministros da gestão tucana a partir de 1998. O banco de dados montado a pedido de Erenice Alves Guerra é paralelo ao Suprim, o sistema oficial de controle de despesas com suprimentos de fundos do governo.

A Folha usou o termo correto, dossiê. As digitais de Dilma Rousseff estão todas ali, como estavam as de Palocci na quebra do sigilo do caseiro. O que já dá uma resposta para a tranqüilidade da ministra, afinal agiu contra FHC e não contra um pobre coitado. Neste caso não tem muito problema, é só briga política. Ao moderno príncipe tudo é permitido.

Temporão, o nosso humanista

Não adianta, o foco de combate do Ministério da Saúde não é a saúde; dengue, febre amarela, tudo isso só vem para atrapalhar. O que o Ministro Temporão gosta mesmo é de modificar costumes, ou da “reforma” da atrasada e arcaica sociedade brasileira. Nada se aproxima mais do pensamento liberal americano do que a luta de Temporão. Um a um ele vai batendo os pontos “programáticos” do partido Democrata.

Primeiro foi a defesa da legalização do aborto, segundo ele uma questão de saúde pública, sem espaço para qualquer discussão ética. Depois foi a campanha de “redução de danos” que acampou até a famigerada “balada boa” que disse, entre outras bobagens, que o LSD pode ser ruim para uns, mas sem efeito para outros. Curioso como a tolerância com as drogas convive com a total intolerância com o cigarro e as bebidas. Continuando, veio o programa de educação sexual, ou sei lá o nome que foi dado, que distribui para crianças de 7 anos da escola pública as mesmas informações das de 13 ou 14, e ainda pergunta sobre a troca de saliva no beijo. Por fim a distribuição de pílulas do dia seguinte, com efeitos colaterais ainda incertos, para menores de idade sem a menor preocupação com os pais.

A última é esta campanha pelo uso da camisinha. A tese é que o homem é um ser irracional, incapaz de controlar seus impulsos sexuais primitivos, sem o menor parâmetro moral. O alvo são os homossexuais, um grupo com índices comparativos elevados de contágio de AIDS. O que originou este cartaz do Ministério da Saúde:

cartaz_gay_tl.jpg

O que se pode dizer? Que sou a favor da AIDS? Contra os homossexuais? Longe disso, ser contra homossexuais é retratá-los como o Ministério fez. Particularmente acho que QUALQUER ser humano é capaz de pensar. Pelo menos é capaz de entender como é feito a propagação da doença e a importância da redução do número de parceiros e da proteção. Não acredito que depois de tudo que já foi mostrado na mídia e no cinema ainda exista gente que não saiba que o risco de contágio na relações sexuais existe e aumenta com a liberalidade. Por que assumem estes riscos então? Por que se entregam à promiscuidade se sabem que estão sujeitos ao contágio?

Por que querem. Por que aceitam este risco. Por que exercem seu livre arbítrio, e é essa liberdade de agir que nos caracteriza como seres humanos. É próprio do homem resistir aos seus impulsos e tomar decisões. Por isso que a verdadeira reforma é no interior de cada um de nós, não é o estado ou a “sociedade” quem vai nos curar de nossos vícios. Já foi tentado inúmeras vezes, nunca funcionou.

Como pano de fundo para tudo isso o abandono cada vez maior dos valores, da virtude. A cada dia nos afundamos mais e mais no relativismo moral advogado pelos humanistas. Acho curioso que a AIDS seja combatida através do incentivo às relações sexuais mas que o cigarro seja combatido com fotos cada vez maiores dos horrores que provoca. Fosse por este raciocínio, na embalagem de camisinha e na entrada de motéis deveria ter uma aviso: cuidado, o Ministério da Saúde adverte, fazer sexo pode ser prejudicial a saúde!

Um dos pilares da sociedade ocidental, queiram ou não, é a tradição judaica-cristã. Quando se afasta dela, todo o mundo ocidental começa a ruir pois fica sem base para apoiar qualquer sistema moral. Tentaram ao longo dos tempos fazê-lo em cima da razão e da ciência; até hoje só tivemos fracassos: facismo, comunismo, cientificismo, existencialismo, etc. Um sistema moral só pode ser apoiado em algo maior do que todos nós, em algo perfeito, em algo que seja sim, objeto de fé. Nós humanos somos imperfeitos e portanto qualquer moral baseada em nossa razão só poderá ser imperfeita. O mundo a nossa volta prova isso a cada dia, e a cada dia aparecem mais pessoas achando que estamos no caminho certo, que a humanidade está progredindo.

Pois nesse processo prefiro ser retrógrado, e são valores baseados na fé cristã que tento passar aos meus filhos. Não consigo esquecer a célebre frase dos Irmãos Karamazovi: “Se Deus não existe, tudo é permitido!”

É cada vez mais difícil defender a virtude na sociedade contemporânea, mas nosso filhos são mais inteligentes e melhores do que nós. Tenho esperança que as futuras gerações superarão o humanismo. Para o bem de todos nós.

Fazendo o possível

Ao aceitar uma CPI mista, a oposição ficou restrita à uma minoria bem definida. Suas chances de passar requerimentos contrários a base aliada são ínfimas, portanto não dá para contar com o sucesso da investigação. O que pode ser feito, e foi feito ontem, é forçar esta base ao desgaste. Está em todos os jornais que o governo impediu a aprovação do depoimento de Dilma Rousseff. Parece uma derrota mas não é. Era o possível. Se não dava para aprovar que pelo menos se escancare a proteção.

Que o povo de Santa Catarina veja bem o papel de Ideli Salvati e em 2010 escolha melhor seus representantes no senado. Aliás, a escolha de Luis Sérgio para relatoria já mostra que a CPI não tem a menor chance. O governo nem quis pensar na hipótese de indicar um “moderado” como fez na do Correios. Agora é a tropa de elite em ação.

Pobre “democracia” brasileira.

A Tese de Lúcia Hipólito

Uma tese perigosa

Lúcia Hipólito defende a tese de que não acredita no envolvimento da ministra Dilma Rousseff na questão do dossiê. Defende justamente o contrário, que o dossiê foi montado justamente para prejudicar sua candidatura à presidência. A linha de raciocínio segue a pergunta: a quem interessaria a divulgação da lambança da papelada? Mais interessante ainda foi que a jornalista usou o termo “aloprados”, fazendo uma ligação com o dossiê Serra.

A questão é mal formulada. A divulgação da existência do dossiê não está sendo boa para o governo, mas ele não foi feito para ser divulgado como um dossiê de chantagem. A idéia era que os dados vazassem na maior revista do país com a finalidade de aumentar a pressão sobre o PSDB constrangendo o ex-presidente. A pergunta da jornalista deveria ser outra: a quem interessaria divulgar dados comprometedores sobre gastos de FHC e Dona Ruth?

A lista é enorme não é Lúcia? Pode começar a enumerar: Dilma, Tarso Genro, Franklin Martins, Lula…

O que aconteceu é que a Veja resolveu colocar o destaque o uso da máquina do estado para montar dossiês e chantagear a oposição, não os dados do relatório. Aí a coisa ficou feia. Parece bobagem, mas derrubaria qualquer governo democrático. A fato do governo brasileiro ser apenas arranhado mostra que o regime político atual é uma coisa híbrida e indefinível, mas não é democracia. Pode até parecer, mas não é.