A vitória do filme “Tropa de Elite” em Berlim foi um feito notável. Rompe com a tendência do “progressismo” na produção cultural brasileira. Tendência aliás que não é só nossa, mas uma realidade do mundo do século XXI.
Muito se falou sobre a obra no último ano; infelizmente o debate não foi mais longe pela recusa da elite intelectual em fazer qualquer concessão ao diálogo. O filme foi acusado de fascista, de uma defesa da violência policial. Longe disso, a premiação em Berlim, onde o fascismo é tratado com um crime, mostra que foi uma interpretação equivocada por muitos. Longe de qualquer justificativa, “Tropo de Elite” é um painel da realidade do Rio de Janeiro. Existem policiais corruptos, em boas quantidades, mas existem os honestos também, bem como os idealistas. Já os bandidos… são bandidos. Nada de concessão, de estória triste para justificar sua escolha. Este é o que assusta aos nossos progressistas. O bandido é o que é por escolha, motivado pela ganância, pela busca do dinheiro fácil. No meio a população civil, os que financiam o crime e os que sofrem suas conseqüências, estes geralmente os moradores das favelas, mantidos sob regime de terror pelos traficantes.
Mas não é só as mensagens do filme que foram premiadas, mas a estética também. Outro choque. Existe uma espécie de monopólio estético por esta burocracia intelectual pensante que existe no Brasil. Leiam o “Imbecil Coletivo” de Olavo de Carvalho, está tudo lá. Primeiro se classifica a obra: é progressista ou é reacionária
(forma “carinhosa” como os progressistas tratam os que não comungam de seus credos, em especial os conservadores). Depois se analisa sua estética. Se progressista, é ressaltada. Se conservadora, o contrário. É fácil ser crítico assim, não?
O valor estético não é privilégio de uma posição ideológica, pelo contrário. A ideologia leva, invariavelmente, a corrupção da beleza. Basta ver a feiúra cultural produzida nos países comunistas. A arte tem em si sua beleza. Geovanni Reale afirma a perda do sentido do belo como um dos 10 maiores problemas da sociedade moderna.
Tropa de Elite rompeu um paradigma. Espero que não fique só no filme, que outras obras rompam esta barreira defensiva criada pelos progessistas que impede o questionamento de seus valores, como se fossem absolutos. Não são. E muita gente começa a perceber isso no Brasil, para desespero de alguns.