Gente muito mais qualificada do que eu já falou tudo que tinha que falar sobre o acordo esdrúxulo feito pelo PSDB, não adianta colocar a culpa exclusiva em Carlos Sampaio, na proposta de CPI para os cartões corporativos. O resumo é o seguinte:
- O partido conseguiu, na pressa de tentar mostrar que nada tema , envolver desnecessariamente seu maior nome na lama. Não há o menor fato ou denúncia envolvendo FHC, a confusão é toda do governo atual. Coloco a mão no fogo? Claro que não, mas o governo tem acesso a todas as despesas do ex-presidente. Em caso de suspeitas, que investigue. Está mais do que na hora deste partido defender seu próprio legado.
- Uma CPI no senado era essencial. Ali a oposição tem uma bancada mais vistosa; o suficiente para conseguir o cargo de presidente da comissão. Na mista meteu os pés pelas mãos. Fica sem lugar na mesa. Parece que Sampaio acreditou que a CPI dos Correios seria re-editada, onde com presidente e relator governista, deu no que deu. Pode esquecer, não há a menor chance de repetir uma dobradinha tipo Dulcído-Serraglio. Serão escolhidos a dedo.
- Uma das apostas é o papel da imprensa pressionando a CPI. Outra bobagem, a mídia está em uma cruzada para se mostrar “isenta”. Isso quer dizer que para cada notícia ruim para o PT, deve ser dada outra para o PSDB. Outro dia o JN noticiou que no caso de São Paulo, não existem funcionários comissionados com o cartão, mas que por outro lado, não existe dados disponíveis na internet. É uma tentativa de se mostrar isento, mas uma grande bobagem. 100% dos gastos com o cartão de SP estão disponíveis para TODOS os deputados estaduais. Tanto que o líder do PT, em um primeiro momento, afirmou não ter motivos para pedir a instalação de uma CPI. No caso federal, apenas 11% estão, ou estavam, disponíveis na internet. NENHUM deputado ou senador tem acesso aos outros 89%. Nestas condições, dizer que o governo federal é mais transparente que o governo estadual paulista é uma vergonha para um veículo de comunicação.
- Não se atentou para a gravidade da apelação para a segurança nacional para proteger as informações. Até o atentado no Timor Leste serviu como comparação. Como se Brasil e este país tivessem alguma coisa em comum além do idioma. Só agora parece haver uma tentativa de lutar no STF para que o legislativo faça sua missão constitucional: investigar as contas do executivo. TODAS. O que houver de segurança nacional deve ficar na comissão de mesmo nome no senado. Para isso que ela serve.
- Está mais que na hora de se discutir esta estória que a vida da família do político deve ser preservada. Por que? Por acaso esta família é melhor do que qualquer outra deste país? Estariam imune ao pecado de cobiçar o recurso público alheio? A atitude de muitos políticos de se esconder atrás dos próprios familiares deveria ser um motivo suficiente para perda de mandato por falta de decoro. Se esconder por trás de mulheres e crianças, francamente!