Vai mal uma democracia onde o presidente ataca os outros poderes

Mais uma vez fica patente que o presidente não possui o menor respeito pelos poderes constituídos. Em seu reino encantado, o legislativo existe só para ter a antipatia da população e o judiciário cuida só do… judiciário. Pelo menos foi o que disse em Sergipe hoje. Condenou a oposição por recorrer à justiça contra um programa social que contraria a lei eleitoral. E mandou um recado para o presidente do STF: o judiciário deveria se meter apenas com seus próprios problemas.

Tudo errado. O presidente da república não tem poderes ilimitados para fazer o que quer, não importa a votação. Um dos pilares da democracia é a defesa da minoria, o que é feito através das leis constituídas. Caso contrário o presidente poderia, por exemplo, expulsar as minorias do país. Estaria agindo da acordo com o desejo da maioria, qual o problema?

Felizmente não pode. A oposição, por definição em minoria, tem seu papel no regime democrático. Não é ficar esperando pelas próximas eleições, mas fiscalizar o governo e propor alternativas para a nação. É o que estão fazendo, mal ou bem, o PSDB e DEM. É um direito recorrer ao STF quando um ato do presidente da república ferir as leis do país, e é uma obrigação do judiciário julgar a causa, sempre em defesa da constituição.

É engraçado. O presidente Bush é demonizado como um ser incivilizado.  Nunca li um pronunciamento seu que atacasse os poderes constituídos ou agredisse a oposição, e olhe que lá a oposição é muito mais virulenta e eficiente do que a nossa. Por que a mídia protege tanto o presidente contra si mesmo? Por que não lhe chamam à razão?

O meu único consolo é que nossos formadores de oposição, apesar do silêncio e as defesas sem sentido, sabem no intimo que estão se prostituindo e só não o reconhece por vaidade pessoal e orgulho. Acreditaram e apostaram no “presidente popular”, ganharam o que estamos vendo. Agora fazem um silêncio vergonhoso. Regina Duarte estava  certa quando falou em medo. O tempo só lhe deu razão.

Um pouco de política: o sistema bi-partidário

Minha irmã me trouxe um artigo muito interessante sobre uma comparação entre o sistema político canadense com o americano, principalmente sobre o bi-partidarismo nos Estados Unidos. O leitor pode conferir aqui (em inglês).

Argumenta que no Canadá, apesar de existirem dois partidos fortes, existe partidos minoritários que funcionam como uma espécie de fiel da balança. Não há maioria parlamentar se não houver uma composição com estas minorias. Desta forma o eleitor não ficaria “refém” do partido vencedor, que por sua vez não teria poderes ilimitados pois não teria a segurança de manter a sua maioria. O próprio eleitor teria uma opção de fuga no embate entre os dois partidos tradicionais, ao contrário do que aconteceria nos Estados Unidos onde o eleitor não possui opção quando se desilude com seu partido mas não quer migrar para seus “oposto”.

Não vou defender um ou outro sistema, não tenho elementos para isso. O autor afirma na introdução que existe uma cultura de que elogiar o Canadá é atacar os Estados Unidos; como se fossem dois estados e modelos opostos. Não vejo assim, os dois países possuem uma identidade cultural muito parecida, em termos históricos e de colonização, suas semelhanças são maiores do que suas diferenças.

O que vejo é que a democracia está muito ligado ao patrimônio cultural construído por uma civilização, o que não quer dizer exatamente tempo de existência. Estados Unidos, Brasil, Canadá e Cuba possuem a mesma idade mas experiências democráticas diferentes, algumas vezes bem diferentes.

A existência das minorias, funcionando como necessidade de composição para governar, ao meu ver, traz alguns perigos. O poder exagerado que estas minorias recebem, ficando em uma posição de ser cortejada pelos partidos dominantes, participando dos benefícios mar sem partilhar o ônus. Este papel não lhe foi conferido pelo eleitor, o de decidir o confronto entre os partidos majoritários. Pode acabar surgindo partidos como os que existem no Brasil, que existem apenas para conseguir concessões dos governos constituídos em troca de seus votos. São autênticas “prostitutas” eleitorais. Por isso tenho muito receio desse poder legado a partidos pequenos que nunca se tornam, efetivamente, governo. Acho que na democracia o rodízio de poder é fundamental, os partidos têm que ser experimentados no governo para que suas propostas saiam do terreno da simples demagogia e possam ter um passado de realizações para defender.

O sistema bi-partidário permite este rodízio. O longo das décadas houveram períodos de domínio dos republicanos e dos democratas, mas sempre houve a troca de papéis. O papel da oposição em uma democracia é tão importante como o do governo. Preocupa-me quando se formam governos de consenso,  como parece propor agora o governador mineiro, mas isto é outra estória.

Não vejo os partidos americanos como camisas de força que aprisionam seus eleitores. Boa parte dos eleitores não são partidários, flutuam de um partido para outro a partir de suas convicções do momento. Se fosse de outra forma as eleições estariam decididas antes de começar e não haveria esta troca de partidos no governo. Nem mesmo dentro do legislativo os congressistas são obrigados a seguirem as lideranças partidárias. O candidato republicano enfrenta a desconfiança de seu partido justamente por ter votado com os democratas em questões importantes, mostrando que é possível a discordância interna. Os partidos não são camisas de força.

Uma outra questão é histórica. Os Estados Unidos já tiveram partidos minoritários importantes, inclusive conseguindo eleger presidentes, como mostra o próprio artigo. No entanto, ao longo da estória, foi ocorrendo a polarização em torno de democratas e republicanos. Por que? Seria o sistema bi-partidário uma superação do multi-partidário, pelo menos no patrimônio cultural norte-americano? Não há leis que impeçam a atuação de outros partidos, é o eleitor que os rejeita nas urnas. Por que assim o fazem? Não seria o temor de aventuras sem lastro histórico?

É um tema interessante, que leva a muitos questionamentos e muitas dúvidas. Deve se ter muito cuidado ao se comparar o sistema eleitoral americano com o canadense, são regimes políticos diferentes. Um é presidencialista e outro parlamentarista. Existem diferenças que devem sempre ser consideradas. No presidencialismo é possível um governo com minoria parlamentar, embora dificulte a ação do governo. É um limite que o eleitor coloca para seus governantes. No parlamentarismo é necessário a maioria, já que o governo é exercito pelo parlamento. O melhor para um não é necessariamente o melhor para outro e vice-versa.

Francisco de Oliveira: artigo da Folha

Na seção de debates da Folha de hoje há um artigo de um professor aposentado da USP sobre Tocqueville, Obama e o que chama de “ilusão americana”.

Fala do teórico da democracia americana e o paradoxo segundo o qual a ampla democratização torna banal a participação democrática e leva ao desinteresse pela democracia. Confesso que não sei bem o que quis dizer com isso. Mostra a forte abstenção americano como uma prova do “pessimismo tocquevilliano”. Será que defende que seria melhor menos democracia para ter… mais democracia? Ou será que esse desinteresse não tem nada a ver com o próprio processo democrático? O homem moderno, ou o homem-massa, caracteriza-se pelo desinteresse pelo que está fora de sua existência pessoal. Está mais preocupado com sua própria vida, nos seus interesses imediatos, do que em política.

Em seguida o autor mostra o que seria o vilão da estória: para variar o capitalismo. Acusa um seqüestro da política pela economia, tornando inútil a escolha do presidente americano, o que importa mesmo é o presidente do BIRD. É a redução da vida à uma de suas dimensões, a econômica, e base do pensamento de Marx. É a confusão do processo pela realidade. Para estudar a sociedade de sua época, o alemão separou o componente econômico e destrinchou-o. O problema é que depois considerou o processo como a realidade: a vida seria a própria economia. A velha estória que o homem é definido pelo que produz, o que considero o principal erro de base do marxismo.

No parágrafo de conclusão deixa mais claro seu pensamento ideológico, torce para Obama, mas que ele “suspenda imediatamente o odioso embargo contra Cuba (…) retire as tropas do Iraque, terminando de vez com este desastre anunciado (…) inaugure uma linha próxima do New Deal rooseveltiano “.

São mais ou menos lugares comuns do esquerdista brasileiro. Primeiro deixa nas entrelinhas que o fracasso cubano deve-se ao embargo americano. Nada mais falso. O embargo existe, embora não seja tão radical quanto se pensa, mas não é um bloqueio. Cuba pode negociar com o mundo inteiro. A decisão de se fechar para o comércio internacional é único e exclusivo de seu regime, e por tal decisão deve historicamente ser responsabilizado.

Sobre a retirada do Iraque, os EUA devem fazê-lo sim, mas somente depois de terem resolvido o conflito resolveram intervir. Ao contrário do que se imaginava, o aumento das forças no Iraque estão diminuindo os índices de violência mostrando que o grande erro de Bush foi  mesmo o apontado por Ali Kamel, a ocupação com tropas reduzidas. Uma retirada pura e simples só levaria ao caos e à Guerra Civil. Muita gente aposta neste cenário para evidenciar o fracasso americano. O ódio por eles é maior do que as vidas que se perderiam na carnificina que se transformaria o país.

Sobre o New Deal, gente com Paul Johnson colocam em seus fundamentos o prolongamento da crise de 1929. Na verdade Roosevelt apenas se apropriou das medidas que o próprio Hoover já havia tomado contra as recomendações de sua equipe econômica que defendia que deixasse que as forças do mercado se auto-ajustassem. De qualquer forma, suas teses foram descartadas a partir do governo Reagan levando os Estados Unidos a vencer a estagnação dos anos 70.

Existe muita mistificação nos discursos repetidos no Brasil, este artigo está repleto deles. Ainda fala no final sobre a crescente desigualdade social nos Estados Unidos. Será? Vejo falar disso a todo instante mas ainda não vi nada que o demonstre.

Ah, conclui dizendo que Hilary e Obama são tão diferentes quanto o PSDB e o PT. Acho que não dá para deixar mais claro qual a posição ideológica do articulista. Ou dá?

A Importância da Tradição

O mundo contemporâneo tem por uma das suas principais características o rompimento com o passado, a crença que o novo é sempre melhor do que o velho. Não é difícil de constatar. Quantas propagandas de televisão se referem a um “novo” produto, mesmo que seja para lá de antigo. Na própria política se ouve falar o tempo todo de novo. Barack Obama se coloca nas eleições americanas como um novo político. A esquerda mundial se define como a nova esquerda. Hugo Chávez quer estabelecer o novo socialismo.

Este tema não é novo, Ortega y Gasset tratou dele nas décadas de 20 e 30 quando definiu o que seria o homem-massa. Uma das suas características, segundo o autor, é o rompimento com o passado. Este homem está convencido que o mundo de possibilidades cada vez mais infinitas que encontra a sua volta é obra do acaso. Não reconhece o esforço de gerações para que se chegasse ao nível tecnológico, econômico, político atual. Por isso despreza o passado e se atém apenas no presente.

Gasset argumenta que o que diferencia o homem do animal não é a inteligência, mas a capacidade de reter memória. Existem animais que se mostram bastante inteligentes, mas por não conseguir guardar informações não conseguem aprender e evoluir. A humanidade tem uma bagagem cultural que se configura na tradição; é perigoso desprezá-la. “O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro de seus erros, a longa experiência de vida decantada gota a gora durante milênios (…) Romper a continuidade com o passado, querer começar de novo, é aspirar a descer e plagiar o orangotango“.

Isto não quer dizer que tenhamos que estar presos a esquemas que não funcionam. A questão é saber o que não está funcionando. Muitas teorias modernas de liderança trazem estórias que mostram a tradição como algo que caducou, o líder está sempre modificando-a. Se não se sabe porque uma coisa é feita de uma determinada maneira, é porque não precisa ser feita assim.

É neste ponto meu maior questionamento. Acho que para mudar algo, deve-se estudar a fundo este algo e estar convencido que não funciona ou que pode melhorar. Na dúvida, deve ser mantido. Por que tanta pressa com a mudança? Por que não fazê-la de forma segura e consciente? Por que o desprezo automático com nossos antepassados?

A educação é um grande exemplo do perigo da mudança sem reflexão adequada. É lógico que não se deve desprezar as novas tecnologias e as novas variáveis do mundo moderno; mas daí a jogar no lixo tudo que a tradição nos mostra nesta área vai uma distância muito grande. No Brasil existe um ímpeto de mudar nossos processos educacionais pelo ouvi dizer. Nossos condutores do processo ouvem falar de determinado autor, de determinado método revolucionário e pronto, mudança radical. O resultado está aí para quem quiser ver, o quase total fracasso do sistema educacional brasileiro.

A educação é só um exemplo. Nunca a mudança foi tão desejada por todos, nunca foi tão presente em nossas vidas. O mundo está melhor por causa disso? As pessoas estão melhores por causa disso? Onde está nos levando o desprezo pelo antigo?

Respeito muito a tradição, sempre procuro escutar os mais velhos. Acredito que eles possuem respostas para problemas atuais, mesmo que formulados em bases diferentes. Olavo de Carvalho defende que o mundo ocidental foi assentado na filosofia grega, no direito romano e na tradição judaico-cristã. Quando estas bases são solapadas, a própria civilização se perde.

Por isso desconfio do novo por ser novo. Não basta. É dar um cheque em branco para um futuro incerto. A mudança começa com o respeito ao passado, o seu entendimento. Somos o que somos por nossa tradição, temos que entendê-la; a partir daí estaremos aptos para pensar em modificá-la e com muito cuidado.

Sempre é bom lembrar

“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”

Martin Niemöller (1892-1984)

Cretinice intelectual

Um grupo de professores da UNB resolveram hipotecar sua solidariedade com o reitor da UNB, aquele de nome de filme americano e que gastou dinheiro público para reforma luxuosa em apartamento funcional. É isso aí, demonstra que não vêem nada demais na gastança __ coisa que o ministério público não concorda. Imagino se o reitor não fosse um deles, se fosse um convervador, um de “direita”. O mínimo seria uma greve geral para forçar seu afastamento, mostrando como a posição ideológica vem antes de qualquer julgamento. Isso no pensamento dos professores universitários de uma das maiores escolas do país me parece muito grave. Com mestres assim o que estaria sendo formado lá?

Esses são os mesmos que acham Fidel um humanista e que a Venezuela tem democracia “até demais”.

Presidente do povo

Enviado por e-mail por um amigo:

QUINZE PERGUNTAS EXTREMAMENTE DIFÍCEIS DE SEREM RESPONDIDAS.

1. Por que o presidente do povo usa terno Armani?

2. Por que o presidente do povo pode ter ensino fundamental incompleto e um gari necessita de ensino fundamental completo?

3. Por que o presidente do povo acumula aposentadoria por invalidez, aposentadoria de dep. federal, pensão vitalícia de’perseguido político’ isento de Imposto de Renda, salário de presidente de honra do PT e salário de presidente da república?

4. Por que o presidente do povo é perseguido político, sendo que passou apenas UMA noite no DOPS?

5. Por que o presidente do povo comprou um avião da concorrente da Embraer?

6. Por que o presidente do povo se aposentou por invalidez apenas por ter um dedo a menos e hoje trabalha como presidente do Brasil?

7. Por que o presidente do povo protege seus amigos comprovadamente corruptos e nunca aconteceu nada com ele?

8. Por que o presidente do povo se vangloria de não ter estudo e ser filho de mãe analfabeta e acha normal ter filhos estudando fora do Brasil?

9. Por que o presidente do povo quando do seu mandato de Dep. Federal, não participou da vida parlamentar do Congresso?

10. Por que o partido do presidente do povo tem ligação com a FARC e ninguém comenta isto?

11. Por que a mulher do presidente do povo não faz absolutamente nada?

12. Por que o presidente do povo não sofreu impeachment’ como o Collor sofreu?

13. Por que a candidata Heloísa Helena foi expulsa do PT e o José Dirceu dep.cassado) e Antonio Palocci (indiciado por quebra ilegal de sigilo bancário e outros crimes) não o foram?

14. Por que o presidente do povo nunca soube das coisas do partido e do governo dele, MAS SABE DE TUDO SOBRE OS GOVERNOS ANTERIORES?

15. Finalmente, a pergunta mais difícil de todas: Por que tantos intelectuais, cientistas, professores universitários, reitores e outros membros da nata do país continuam apoiando o presidente do povo?

Do que reclama o PSDB?

Por que reclama o PSDB do vazamento da informação de que teve sua imunidade tributária suspensa e foi autuado em R$ 7 milhões pela Receita Federal, acusado de usar notas fiscais frias emitidas por uma empresa fantasma e por outra inidônea em 2002, durante a campanha presidencial do hoje governador José Serra (PSDB)? O valor total das notas é de R$ 476 mil.

O chamado distinto público tem o direito de saber, sim. Assim como soube que a ex-ministra Matilde Ribeiro, da Igualdade Racial, usou cartão corporativo para pagar o que não devia. E que com cartão corporativo o ministro dos Esportes pagou uma tapioca de R$ 8,00. As notas frias do PSDB foram descobertas quando a Receita investigou a contabilidade dos partidos. Tem mais é que investigar.

Noblat escreveu um post hoje defendendo que o PSDB não tem direito de reclamar do vazamento da investigação sobre a campanha de Serra em 2002. Segundo ele, o povo tem tanto o direiro de saber desta investigação quanto da tapioca do ministro dos esportes.

Toda vez que um jornalista fala em tapioca para se referir ao cartão corporativo é bom abrir o olho. O que o Noblat fez neste post é tentar igualar os desiguais.

Não morro de amores pelo PSDB, mas daí a dizer que é igual ao PT a distância é larga. O que os tucanos estão reclamando, com toda razão, é do vazamento pela receita federal de dados em investigação para a imprensa com a finalidade única de atingir um adversário político. Isso é inadmissível em uma democracia; foi uma das razões para a queda de Nixon há 30 anos atrás. Disputa partidária é uma coisa, governo é outra completamente diferente. Usar o estado para atingir rivais políticos é muito grave, é coisa de criminoso mesmo, e uma das razões que o PT deveria ser varrido não da presidência, mas da própria política.

A partir do momento que o estado é colocado à disposição de um partido político, a luta torna-se desigual. A própria investigação é criminosa pelo origem. Existe um processo de fiscalização, definido por lei, para as campanhas políticas. Em virtude do mensalão, os partidos que foram flagrados com caixa dois, PT, PL, PP e PR, deveria ser devassados. Um gênio do planalto colocou os partidos de oposição e o PMDB na mesma barca. Por que? Única e exclusivamente para achar podres para que se iguale os desiguais.

Estou aqui se defendendo que não se investiguem partidos? Claro que não; estou defendendo algo muito mais importante que a corrupção em si: as leis e a democracia. O jornalismo deveria estar cobrando esta utilização da máquina pública para atingir a oposição. Isto é inadmissível. A confiança nas instituições é destruída quando o estado vira refém do partido no poder. Basta ver o que aconteceu na Caixa Econômica no episódio do caseiro. E agora a Receita Federal entra na mesma dança.

Cadê a coragem da mídia para cobrar a separação do estado com o partido político?

Quer dizer que o governo não pode lutar? Tem que ficar na defensiva? Exatamente. Governo tem que dar explicações sobre tudo que coloca as mãos. É direito do cidadão acompanhar a atuação dos seus governantes. E o papel de fazer a cobrança é da oposição. Podem ver nos Estados Unidos. Bush apanha de tudo quanto é lado, mas em nenhum momento acusa os democratas de nada. Este jogo não é permitido a um presidente da república. O dia em que a Receita de lá fizer algo parecido com o que aconteceu esta semana, cai o governo.

Fora do previsto no processo de prestação de contas, só se deve investigar sobre denúncias concretas. Não houve no caso da campanha de Serra. Usar a força do estado para devassar as contas de um adversário é perigoso e grave. Se fazem isso com o governador do maior estado da federação, o que poderão fazer contra nós? A justificativa de combater a corrupção não pode atropelar as leis e a própria democracia. Não vale o preço.

Que vergonha Juca!

Juca Kfouri apelou desta vez, mostrando que seu lugar é como comentarista esportivo. Conseguiu comparar Fidel com Pelé. Segundo ele, Fidel apenas não soube a hora de parar. Deveria ter feito junto com o rei do futebol. Quando estava ganhando.

Ganhando? O que? Campeonato de execuções sumárias? O Fidel velho não é melhor ou pior do que o novo, são a mesma pessoa. O monstro que permitiu o extermínio de mais de 15 mil pessoas que jurou defender.

Juca costuma dizer que Pelé deveria se limitar ao futebol, que suas opiniões sobre tudo mais são desastres. Pode até ser. Mas acho que Pelé pode dizer o mesmo de seu crítico, que Juca deveria comentar apenas sobre futebol, porque seu pensamento no caso de Fidel foi lamentável.

Comparar Pelé com Fidel, nem nossos mais iludidos ou aproveitadores são capazes de fazer. Repetindo o bordão: é uma vergonha!