Expurgo do IPEA

O expurgo do IPEA é muito mais grave e emblemático do que a maioria pensa. Em seu grande livro, A Revolução dos Bichos, Orwel narra que os animais da fazenda começaram a achar que estavam comendo menos do que no tempo do domínio dos homens. Foi então que Chalaça, o porco responsável pela proganda da revolução, trouxe uma série de gráficos e estatísticas mostrando que era o contrário: comiam mais ração do que antes.

Orwel criticava a propaganda oficial do regime soviético que produzia dados mentirosos para manter o controle da população. Observem qualquer dado oficial sobre Cuba: o regime caribenho é um sucesso completo. Regimes socialistas abominam a verdade sobre si mesmos, repetem mentiras sem o menor pudor.

O petismo não instalou uma república socialista no Brasil porque não pode. Mas não passa um dia sem avançar um pouquinho nesta linha, testando as reações, extendendo o limite do possível. Foi o que aconteceu no IPEA: o expurgo de 4 economistas não alinhados com o governo.

Por que a presença desses economistas tornou-se indesejada no instituto? O IPEA sempre se caracterizou por estudos sérios, estatisticamente bem fundamentados, produzindo panoramas e projeções econômicas para o Brasil. Seu trabalho sempre foi independente do governo da ocasião, e isto, no petismo, é intolerável.

A re-eleição de Lula, principalmente depois de todos os escândalos de corrupção de seu governo, revelou-se um verdadeiro cheque em branco. Se o eleitor aceitou tudo aquilo, não há nada que não posso aceitar. O governo é mais forte hoje do que no início do primeiro mandato. Daí a prepotência cada vez maior de seu chefe e a virulência com que seu governo atropela, uma a uma, as instiuições da república.

Os novos 4 economistas nomeados para o IPEA mostram a intenção do governo. São todos da denominada linha “desenvolventista”, a que acredita que o importante é o crescimento econômico, mesmo se resultar no desequilíbrio das contas públicas, e na inflação.

Não é por acaso que o gasto público sobe a taxas três vezes maiores do que a arrecadação; a ordem do governo é ampliar cada vez mais, aumentando ao máximo o estatismo.

Giambiaggi, um dos economistas expurgados, apontou em livro recente as razões do atraso brasileiro. O principal vilão é o estado, que consome grande parte das riquezas do país, e sufoca a iniciativa privada, essa sim capaz de produzir geração de riquezas que tanto se precisa. Por suas idéias agora está fora.

É como muita tristeza que vejo esta caminhada rumo ao abismo inevitável; é uma política que sempre levou à ruína econômica. Quando o petismo deixar o poder, terá produzido a verdadeira herança maldita dessa nação. Minha geração e as futuras terão que lidar com essa herança, nosso futuro estará comprometido por tudo que está sendo feito hoje, com aplausos boa parte da intelectualidade brasileira, é bom que se diga.

A cada dia estou mais pessimista. É um pesadelo contínuo, que parece nunca chegar perto do fim. Toda euforia que senti nos anos de 94 a 96, com a constatação que pela primeira vez estávamos no rumo certo, acabou-se. Resta apenas a desilusão de ver meu país cada vez mais dominado por uma quadrilha, assaltando os cofres públicos à luz do dia, e jogando às favas o nosso futuro.

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