É preocupante a tomada de parte da Igreja Católica por ideologias, notadamente a de esquerda. O atual papa foi contundente em suas mensagens: a Igreja não participa de processos políticos. Pois uma parte, principalmente em países latino-americanos, não dá a menor bola para Bento XVI e participa ativamente do processo político.
Acho inconcebível um padre, ao término da missa, colocar uma urna para votar pela re-estatização da Vale do Rio Doce. E ainda dar “carão” em quem votar contra. Ou um bispo negar palco para o movimento Cansei mas ceder o mesmo espaço para uma “missa” do MST. Considereo ideologia e religião incompatíveis, ainda mais a ideologia de esquerda.
Pois o caso de Júlio Lancelotti é, em si só, uma tese sobre tudo isso. Trata-se de um padre, líder de uma ONG, que defende os menores de rua. Reinaldo Azevedo mostra, em seu blog, os detalhes da atuação do “religioso”.
O jornalismo está blindando o padre descaradamente. Lancelotti foi extorquido durante 3 anos por um ex-interno da FEBEN que ameaçava denunciá-lo por pedofilia. Pagou as prestações de uma Pajero, num total de 16 mil. No fim, acabou procurando a polícia para denunciar a extorsão.
Quando perguntado porque não procurou a polícia de imediato disse:
“Esperava um resultado positivo. Esperava que parasse. Esperava que eu conseguisse tocar no coração deles.”
Mandou ainda o seguinte bilhete para o ex-interno:
“Anderson, te mandei o que é possível. Chega, por favor. Não tenho mais como. Estou sendo investigado. Chega, por favor. Júlio”
Reinaldo Azevedo resumiu bem: dois por favor em um bilhete para um marginal?
Não estou dizendo que o padre tenha realmente molestado ninguém, a questão é ainda mais grave do que isso. Enquanto vimos um rabino ser triturado pela imprensa ao roubar uma gravata, lidamos com o silêncio das redações. Imagine se fosse uma padre ligado à Opus Dei?
Cadê as investigações? Onde estão os depoimentos de ex-internos da FEBEM? Ou do homem que foi preso ao buscar dinheiro para a Pajero? É porque o padre é católico? Não, é porque pertence a uma ONG ligada ao PT. Está sendo protegido pela mídia por suas convicções ideológicas.
O maior absurdo foi a explicação de Lancelotti sobre como deixou ser extorquido da maneira como foi:
“Se Jesus tivesse tomado muito cuidado, não teria morrido na cruz, né? Teria morrido idoso numa cama”.
Pode a Igreja Católica ter um padre assim? Que considera que Jesus morreu crucificado porque não “teve cuidado”? Este homem não pode estar dirigindo uma missa, não pode estar orientando fiéis. Deveria ter honestidade suficiente para largar a batina e cuidar de sua ONG, como militante que é.
É mais um caso que mostra que a grande mídia está dominada pela esquerda, conforme descrito por Hewitt em seu livro. Se não fossem pelos blogs, este caso se resumiria a mínima cobertura, e simpática, que alguns jornais fizeram no dia da prisão do “chantagista”.
A Igreja Católica deveria estar preocupada com a tomada ideológica da sua fé.