Um pouco de tudo

Existem dois motivos práticos que me levam a ler o Jornal do Brasil: seu preço e seu formato. Apesar de ter preço popular (R$ 1,00) o jornal não tem aquele estilo apelativo dos demais na mesma faixa. E seu formato é muito melhor para ler no ônibus em movimento. Lendo a edição de hoje, separei alguns pontos.

Amazônia

Em artigo, Mauro Santayana trata da necessidade de intensificar a presença na maior região brasileira e tomar atitudes contra a presença indiscriminada de estrangeiros no local. Até aí tudo bem. Mas quando diz que a afirmação do presidente Lula, de que a Amazônia tem dono, deve mudar a atitude passiva dos brasileiros contra a ingerência estrangeira na região eu me pergunto: o que quis dizer com isso? Referia-se ao brasileiro comum ou àqueles que detém o poder? Nos dois casos uma afirmação pública do presidente vale o mesmo que nada, pois já é notório que o discurso presidencial não coincide com a realidade dos fatos. É comum dizer uma coisa em público para nos bastidores fazer exatamente o oposto. Ou não foi assim na absolvição de Renan Calheiros? Quantas vezes disse que não interferiria em um problema exclusivo do Legislativo? E, no entanto, qual foi sua real atitude no episódio? Não colocou a tropa de choque, capitaneada pelo chefe dos aloprados, para resolver o problema?

O articulista também fala sobre a anexação do Acre. E afirma que se não fosse a ação de Rio Branco o estado teria se tornado uma ponta de lança para a conquista de todo o território pelos Estados Unidos. Não sei de onde tirou isso, mas não conheço um único historiador sério, e até não sério, que tenha em algum momento falado em um plano norte-americano para a conquista do território (sei lá qual) a partir do Acre.

O PAC está empacado

Nem perco meu tempo comentando este plano. É a cara do governo Lula: muita propaganda e nada de execução. E o que executa vem recheado de corrupção, como atesta o último relatório do TCU. Cada um acredita no que quer.

Chávez em Manaus

Em um canto inferior, no meio do jornal, está a notícia que o ditador de araque criticou o congresso brasileiro navamente. Desta vez na frente de Lula, que limitou-se a concordar com o amigo, afirmando que também enfrenta muitos problemas por ser progressista. Para ver como a mídia brasileira se coloca ideologicamente à esquerda: imagine se fosse o Bush falando a mesma coisa? Estaria estampado na capa de todo jornal brasileiro, com direito a mobilização para passeata de protesto, com dinheiro oficial, é claro. E o parlamento ainda vai acabar aprovando a entrada da ditadura venezuelana no Mercosul. Uma piada.

E parte da mídia andou soltando que Lula não aguenta mais o companheiro venezuelano. Conversa para boi dormir, estão juntos no Foro de São Paulo. Reinaldo Azevedo toca no ponto certo: Lula só não faz a mesma coisa que Chávez porque o Brasil não é a Venezuela. Mas dêem tempo ao homem para ver onde vamos parar.

É claro que é um absurdo o Brasil se colocar como local para negociação entre FARC e o governo colombiano. O primeiro é um grupo terrorista financiado pelo tráfico de drogas, o segundo é um governo constituído. O lado que o Brasil deveria estar é muito claro. Infelizmente também é para o nosso presidente.

Busca de vagas em colégios públicos

Em matéria no caderno de cidades ficamos sabendo que quase 5 mil pais fizeram filas para matricular os filhos em um tradicional colégio público na Lagoa, um dos poucos com ensino de qualidade. O motivo é o endividamento da classe média. Sem saída, foge das mensalidades das escolas particulares. Como as vagas são limitadíssimas, haverá sorteio nos moldes da Mega-sena. É uma vergonha. Este é o efeito das práticas estatisantes no mundo todo: empobrecimento da classe média. É aquela realidade chata: o estado gera muito menos riqueza do que a iniciativa privada, e o país não cresce o suficiente. Esta é a política do lulismo: arrancar o couro da classe média e distribuir para os mais pobres. E ainda se surpreendem se a desigualdade social diminui! Gerar riquezas para toda a sociedade é coisa da direita. Não funciona. O negócio é reduzir desigualdades transformando todos em pobres. Uma lástima.

Dunga e Kerlon

Um jogador inventa um drible novo e é agredido pelo adversário, quase penalti, com direito a expulsão. O tal drible da foca. Uma montanha de técnicos querem a proibição do drible por considerá-lo imarcável. Claro que não é. Basta ficar na frente do jogador e dividir a bola na cabeça. O pior que pode acontecer é os dois cabecearem ao mesmo tempo.

Dunga se juntou a este grupo que sistematicamente vem destruindo o futebol. A genialidade, o talento, incomoda. E não é só nos esportes. Existe uma tendência pela exaltação da mediocridade, da falta de talento. Basta olhar na sociedade a quantidade de exemplos de nivelamento por baixo. Uma vez Gustavo Corção definiu a sociedade moderna como a exaltação do burro diante do inteligente; antes o burro tinha vergonha de sua burrice, e se escondia. Em algum momento da história passou a bater no peito e gritar com orgulho: eu sou burro. E assim nasceu o desprezo aos inteligentes. Assim como os gênios. O resultado é este mundo que vivemos.

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