Refém do PMDB

Esta semana o PMDB deixou claro o quanto o governo está dependente. O motivo foi a rápida nomeação de petistas na Petrobrás enquanto se cozinhava as do gigante da base aliada. Eles sabem que cheque pré-datado do atual governo não vale nada, a fatura tem que ser à vista. Por isso pegaram uma questão sem valor para o país, a criação do Sealopra, e deram um recado ao governo. Lula já sentiu e mandou abrir as porteiras.

Nas últimas eleições falei que o segundo governo teria o PMDB como grande beneficiado, e é rigorosamente o que estamos vendo. E pior, a cada dia vai se perdendo o decoro e fica mais evidente como são negociadas as questões no legislativo. A CPMF vai custar caro ao governo, mas este está disposto a pagar esta conta. O voto mais barato é o da oposição. Ainda existem oposicionistas dispostos a aprová-la em nome da “governabilidade”.

É claro que é uma farsa. A arrecadação bate recordes a cada ano e o país só não quebrou ainda, por força da carga tributária, porque existe a sonegação. O problema é que gasto público sobe junto, com o inchaço da máquina federal. Na hora de renovar o tributo, o governo fala na saúde e nos programas sociais. Na hora da verdade vai virar salário para mais cargos de confiança, tv estatal, secretaria de previsão do futuro e etc.

É isto que deve ficar bem claro para a oposição. O governo pergunta da onde vai sair o dinheiro da saúde. É dever da oposição mostrar. Basta somar todas estas bobagens que se chega ao valor da CPMF; se falarem do poder fiscalizador da CPMF, basta reduzí-la a um valor simbólico.

Argumentam que seu valor é baixo, 0,38%. Não é verdade, como demonstrou a Veja esta semana. Incide, também, em toda cadeia de produção. No preço de um carro existe mais de 2% só em CPMF.

Não existe nenhuma outra votação importante neste mandato. A não ser, é claro, que se aprove a tal mini-constituinte para a reforma política, aí vem um terceiro mandato para o jogo. O PMDB sabe disso e está jogando tudo para arrancar o máximo que pode, assim como os nanicos da base. Por isso mesmo é que é hora da oposição honrar seus 40 milhões de votos.

Antes que seja tarde.

Só para constar

A essa altura já ficou evidente o preço que o governo pagou pela primeira votação da CPMF __ ainda faltam três! Foi o loteamento indiscriminado da Petrobrás, seguindo, logicamente, critérios que passam longe da competência. Esta aí é considerada a nossa melhor empresa estatal. Na última sexta, quando passei pelo escritório da Av Rio Branco, estava tendo uma manifestação de funcionários da empresa. Estavam criticando o governo pela partilha que estava sendo feita. O governo FHC, claro. É ou não é impressionante? Já fazem 5 anos que deixou o governo mas continua sendo o culpado de tudo que consideram ruim na empresa. Este é o modelo de empresa pública. Só que dirigida por particulares partidários. Privatizar a Petrobrás? Primeiro vão ter que desprivatizá-la!!

Tv Pública

Tereza Cruvinel como presidente da TV pública? Pública não vai ser mesmo. E o modelo era a BBC? Aos poucos os jornalistas com serviços prestados ao petismos vão ocupando seu lugar devido. Ela e Franklin Martins se merecem.

Língua Portuguesa

Na última semana a revista Veja colocou em destaque a língua portuguesa, muito em função da nova reforma que está se estudando. Em artigo, Reinaldo Azevedo fez uma defesa, não só da manutenção, como no resgate da língua original. Questionou o surgimento da matéria Comunicação e Expressão no lugar do Português. Esta mudança não foi apenas no nome, mas no ensino. Passou-se a dar mais importância à interpretação de textos e redação do que à análise sintática, e mesmo esta interpretação é feita em cima de textos cada vez mais pobres.

Estou fazendo um curso de pós-graduação em língua portuguesa. Confesso que fui um aluno mediano desta matéria que, na época, não gostava. Hoje mudei meu pensamento e a cada dia me apaixono mais por nosso língua tão maltratada.

Pois estudando coerência e coesão textual, nossa professora nos apresentou a uma frase de Camões e pediu-nos, inicialmente, que identificássemos as orações. A frase é a que se segue:

Se dizem, fero amor que a sede tua nem com lágrimas tristes se mitiga é porque queres tuas aras banhar em sangue humano.

Pela indentifcação dos verbos temos:
Se dizem, fero amor / que a sua sede tua nem com lágrimas tristes se mitiga / é / porque queres tuas aras banhar em sangue humano.

A pergunta seguinte é a mais interessante: qual é a oração principal?

Todas as orações iniciam por conjunções subordinativas, com uma única exceção: a oração “é”. Mas pode um verbo auxiliar constituir a oração principal?

Aí vem o conhecimento do verbo vicário. O verbo vicário é um verbo que pode substituir outro verbo para evitar a repetição. Na nossa língua apenas o “fazer” e o “ser” podem realizar esta função. Veja o exemplo: precisava comprar balas e assim o fez. O verbo fazer substitui o verbo comprar.

Na frase de Camões o verbo deve ser substituído por “dizem-no” para permitir a análise sintática. Desta forma fica bem mais fácil identificar a oração principal, mostra e beleza da construção do nosso maior poeta e a importância de se analisar sua obra nas salas de aula.

A Importância dos detalhes

Frase da semana do nosso presidente:

Não acredito que haja qualquer prova de que Dirceu cometeu o crime de que é acusado“.

Quem lê a frase sem muita atenção entende que Lula prega a inocência do companheiro e braço direito durante a primeira metade de seu primeiro mandato. Quem lê com atenção entende que em nenhum momento o presidente diz que Dirceu não cometeu o crime que é acusado, mas que acredita que não haja qualquer prova contra ele.

É bem diferente o sentido. É como se dissesse: sei que Dirceu cometeu um crime, mas tenho dúvidas se existem provas à este respeito e, portanto, deve ser absolvido. Foi o mesmo teor da mensagem no congresso do PT. E o próprio José Dirceu nunca se declarou inocente, apenas afirmou várias vezes que não existiam provas de sua participação. Vale lembrar que durante a CPI soltou uma das frases mais interessantes do processo: “estou cada vez mais convencido da minha inocência“.

O petismo é uma ideologia, e como tal não se confronta com a verdade. Pode aparecer uma gravação com Dirceu distribuindo o produto do roubo, vão negar que seja prova. Basta ver o mensalão: existe assinatura de parlamentares, com recibo e tudo. Mas o que foi dito no congresso do PT? Que o mensalão não foi provado. O tesoureiro do partido confessou que distribuiu dinheiro à base aliada. Mais uma vez afirmou-se que não existem provas. A tese de defesa beira ao escárnio: a presença de petistas nas listas de recebimento, com assinaturas e tudo, prova que não houve mensalão. Afinal, por que pagariam aos próprios petistas para votar pelo governo? Pura delinqüência intelectual.

Quem quiser se abraçar com esta gente que não se faça de rogado. No futuro não vai adiantar dizer que se enganou; será tarde. E mais, todas as evidências estavam escancaradas; só não vê quem realmente não quer.

Um pouco de tudo

Existem dois motivos práticos que me levam a ler o Jornal do Brasil: seu preço e seu formato. Apesar de ter preço popular (R$ 1,00) o jornal não tem aquele estilo apelativo dos demais na mesma faixa. E seu formato é muito melhor para ler no ônibus em movimento. Lendo a edição de hoje, separei alguns pontos.

Amazônia

Em artigo, Mauro Santayana trata da necessidade de intensificar a presença na maior região brasileira e tomar atitudes contra a presença indiscriminada de estrangeiros no local. Até aí tudo bem. Mas quando diz que a afirmação do presidente Lula, de que a Amazônia tem dono, deve mudar a atitude passiva dos brasileiros contra a ingerência estrangeira na região eu me pergunto: o que quis dizer com isso? Referia-se ao brasileiro comum ou àqueles que detém o poder? Nos dois casos uma afirmação pública do presidente vale o mesmo que nada, pois já é notório que o discurso presidencial não coincide com a realidade dos fatos. É comum dizer uma coisa em público para nos bastidores fazer exatamente o oposto. Ou não foi assim na absolvição de Renan Calheiros? Quantas vezes disse que não interferiria em um problema exclusivo do Legislativo? E, no entanto, qual foi sua real atitude no episódio? Não colocou a tropa de choque, capitaneada pelo chefe dos aloprados, para resolver o problema?

O articulista também fala sobre a anexação do Acre. E afirma que se não fosse a ação de Rio Branco o estado teria se tornado uma ponta de lança para a conquista de todo o território pelos Estados Unidos. Não sei de onde tirou isso, mas não conheço um único historiador sério, e até não sério, que tenha em algum momento falado em um plano norte-americano para a conquista do território (sei lá qual) a partir do Acre.

O PAC está empacado

Nem perco meu tempo comentando este plano. É a cara do governo Lula: muita propaganda e nada de execução. E o que executa vem recheado de corrupção, como atesta o último relatório do TCU. Cada um acredita no que quer.

Chávez em Manaus

Em um canto inferior, no meio do jornal, está a notícia que o ditador de araque criticou o congresso brasileiro navamente. Desta vez na frente de Lula, que limitou-se a concordar com o amigo, afirmando que também enfrenta muitos problemas por ser progressista. Para ver como a mídia brasileira se coloca ideologicamente à esquerda: imagine se fosse o Bush falando a mesma coisa? Estaria estampado na capa de todo jornal brasileiro, com direito a mobilização para passeata de protesto, com dinheiro oficial, é claro. E o parlamento ainda vai acabar aprovando a entrada da ditadura venezuelana no Mercosul. Uma piada.

E parte da mídia andou soltando que Lula não aguenta mais o companheiro venezuelano. Conversa para boi dormir, estão juntos no Foro de São Paulo. Reinaldo Azevedo toca no ponto certo: Lula só não faz a mesma coisa que Chávez porque o Brasil não é a Venezuela. Mas dêem tempo ao homem para ver onde vamos parar.

É claro que é um absurdo o Brasil se colocar como local para negociação entre FARC e o governo colombiano. O primeiro é um grupo terrorista financiado pelo tráfico de drogas, o segundo é um governo constituído. O lado que o Brasil deveria estar é muito claro. Infelizmente também é para o nosso presidente.

Busca de vagas em colégios públicos

Em matéria no caderno de cidades ficamos sabendo que quase 5 mil pais fizeram filas para matricular os filhos em um tradicional colégio público na Lagoa, um dos poucos com ensino de qualidade. O motivo é o endividamento da classe média. Sem saída, foge das mensalidades das escolas particulares. Como as vagas são limitadíssimas, haverá sorteio nos moldes da Mega-sena. É uma vergonha. Este é o efeito das práticas estatisantes no mundo todo: empobrecimento da classe média. É aquela realidade chata: o estado gera muito menos riqueza do que a iniciativa privada, e o país não cresce o suficiente. Esta é a política do lulismo: arrancar o couro da classe média e distribuir para os mais pobres. E ainda se surpreendem se a desigualdade social diminui! Gerar riquezas para toda a sociedade é coisa da direita. Não funciona. O negócio é reduzir desigualdades transformando todos em pobres. Uma lástima.

Dunga e Kerlon

Um jogador inventa um drible novo e é agredido pelo adversário, quase penalti, com direito a expulsão. O tal drible da foca. Uma montanha de técnicos querem a proibição do drible por considerá-lo imarcável. Claro que não é. Basta ficar na frente do jogador e dividir a bola na cabeça. O pior que pode acontecer é os dois cabecearem ao mesmo tempo.

Dunga se juntou a este grupo que sistematicamente vem destruindo o futebol. A genialidade, o talento, incomoda. E não é só nos esportes. Existe uma tendência pela exaltação da mediocridade, da falta de talento. Basta olhar na sociedade a quantidade de exemplos de nivelamento por baixo. Uma vez Gustavo Corção definiu a sociedade moderna como a exaltação do burro diante do inteligente; antes o burro tinha vergonha de sua burrice, e se escondia. Em algum momento da história passou a bater no peito e gritar com orgulho: eu sou burro. E assim nasceu o desprezo aos inteligentes. Assim como os gênios. O resultado é este mundo que vivemos.

Mais material didático

Reinaldo Azevedo extraiu os trechos seguintes do livro Nova História Crítica – 500 anos de História Mal Contada, no site do projeto reeducar:

“No museu do Ipiranga, em São Paulo, tem o célebre quadro do pintor paraibano Pedro Américo, retratando o dia 7 de setembro de 1822. Parece um anúncio de desodorante, com aqueles sujeitos levantando a espada para mostrar o sovaco”.

“Vilas inteiras foram executadas. Doentes eram perfurados a baionetas no leito dos hospitais. Meninas paraguaias de 12 ou 14 anos eram presas e enviadas como prostitutas aos bordéis do Rio de Janeiro. Sua virgindade era comprada a ouro pelos barões do império! O próprio Conde d’Eu tinha ligações com o meretrício do Rio. Gigolô imperial.”

“Diziam que a princesa Isabel era feia como a peste e estúpida como uma leguminosa. Quem acredita que a escravidão negra acabou por causa da bondade de uma princesa branquinha, não vai achar também que a situação dos oprimidos de hoje só vai melhorar quando aparecer algum principezinho salvador?”

“Ninguém sério acreditava num Terceiro Reinado. A estupidez da princesa Isabel, e a péssima fama de seu esposo, o Conde d’Eu (corrupto, assassino da Guerra do Paraguai, picareta mesmo) contribuíam para isso.”

Para os republicanos “não era D. Pedro II que estava velho, esclerosado e babão. A própria monarquia estava caduca e precisava ser substituída por uma forma de governo que botaria o Brasil nos trilhos da modernidade: a República”.

Além da mentirada deslavada, chama atenção a vulgaridade de um texto que se pretende educativo, ou reeducativo (seja lá o que for isso). Expressões como “principezinho salvador”, “velho, esclerosado e babão”, “estúpida como uma leguminosa” só podem ter vindo de alguma mente lastimável. Eis o que se ensina por aí. E não é só no ensino público não, a coleção também é adotada em muitas escolas particulares. É bom dar uma olhada no material do seu filho, eu vou!