Infraero: nada se aprendeu

Nada se aprendeu da crise aérea que tomou conta do Brasil. Todos os especialistas que opinaram nos diversos periódicos concordaram em um ponto: a infra-estrutura do setor deve ser tratada por profissionais, como em qualquer lugar civilizado.

A raiz da crise está, entre outros fatores, na gestão política do petista Carlos Wilson no comando da Infraero. Gastou 3 bilhões de reais em reforma cosméticas (e suspeitas) no aeroporto de Congonhas. Quando lembrado por Alckmin no debate presidentical Lula saiu-se com um agora famoso: “o povo de São Paulo deveria me agradecer por Congonhas…”.

Depois, já com a crise escancarada veio o Brigadeiro José Carlos Pereira. Mas este é do ramo!, exclamam alguns. Não, nunca exerceu nenhum cargo na força ligado à área. Mas se “converteu” ao petismo ainda na campanha presidencial de 2002. O resultado fala por si só.

O novo presidente da infraero é o ex-deputado do PSB Sérgio Gaudenzi cuja principal credencial é sua atuação política pela esquerda. Justamente quando se espera uma solução técnica, como foi prometida pelo presidente, aposta-se novamente em solução(?) política. Vejam o que disse o novo burocrata:

O que o senhor conhece do setor aéreo?
Nessa área não conheço nada, porque nunca trabalhei em empresas desse setor. No entanto, não considero isso um impeditivo porque tenho minha formação em engenharia civil, o que dá muita flexibilidade a qualquer pessoa para conhecer as áreas de infra-estrutura.

Pois eu também tenho formação em engenharia e se me convidassem para ser presidente da Infraero só me restaria perguntar se meu interlocutor perdeu completamente o juízo.

E por estas atitudes que o governo é sim responsável pela crise aérea. E seus desdobramentos. E não para por aí. A cada dia anuncia-se uma futura crise energética. Quem o governo nomeou para presidente de furnas? Luis Paulo Conde, para garantir a aprovação da prorrogação da CPMF.

E ainda me espanto quando defendem que a solução para todos os nossos problemas é… mais estado!

E assim vamos contando nossos mortos…

Os objetos do acidente da GOL

Levantaram na imprensa o problema sobre o desaparecimento de objetos pessoais das vítimas do acidente do avião da GOL no ano passado. Lembrei do relato de um colega meu do Exército que participou das buscas.

Ele contou que os militares ficaram especialmente revoltados com os indígenas do local, que segundo ele teriam saqueado tudo o que foi possível no meio dos destroços, sem demonstrar o menor sinal de remorso.

O ministro da defesa afirmou hoje não acreditar na culpa da Aeronáutica, já que outros órgãos tiveram envolvidos na busca. Esqueceu que os habitantes do local também estiveram por lá. Cabe uma investigação também.

Por fim, segundo relato deste colega, quem pegou pesado nas buscas e recolhimento de cadáveres e tal foi, para variar, o Exército. Os outros “atores” citados pelo ministro da justiça, recusaram-se a sujar as mãos.

São partes de uma tragédia que ninguém conta.

Diogo Brilhante

A coluna de Diogo Mainardi na Veja desta semana é simplesmente brilhante. Confesso que foi a melhor que já li, e bate com algumas coisas que já vinha falando e escrevendo.

Trata da posse de Nelson Jobim no Ministério da Defesa. Parecia um ato de rotina. O clima era festivo, com risos soltos e um Lula soltando suas piadas como sempre. Em dado momento, como já tinha comentado aqui, ele disse era preciso ter “momentos de descontração para tornar uma vida menos sofrível”.

Qual o problema? O problema é que o novo Ministro estava sendo empossado pela absoluta incapacidade do anterior de resolver o caos que tomou conta do espaço aéreo brasileiro. Não era uma ocasião para festa, à rigor não deveria nem ter cerimônia de posse. Publique-se e comece a trabalhar porque os aviões estão no céu. Era na verdade um momento que deixava claro que o governo era sim responsável pelas 200 mortes de Congonhas. Se não fosse não precisaria trocar seu ministro (faço questão do “m” minúsculo).

Aquela cerimônia só estava acontecendo por causa desta tragédia, e portanto não havia nenhum motivo para o riso do presidente. E não era só ele. Havia também, entre outros, Guido Mantega (o que disse que a crise se devia ao sucesso da política econômica), Celso Amorim (o que tenta a todo custo nos aproximar da Venezuela) e Marco Aurélio Garcia (top top top). Aliás a presença deste último demonstra toda a consideração que o presidente tem pelas famílias arrasadas de Congonhas. Em qualquer país com um mínimo de decência estaria demitido.

Mas Mainardi toca em outro ponto, que também tenho comentado. A falência da sociedade brasileira, e infelizmente não é no sentido econômico. Quem me conhece sabe que ando repetindo para quem quiser ouvir: não acredito mais no futuro do Brasil. Acho que já fracassamos como nação, como sociedade, como grupo humano.

O colunista defende que o espetáculo mostrado na posse de Jobim seria o momento em que o país se perdeu definitivamente. Naquele momento o presidente (também minúsculo) profanou os corpos de 200 brasileiros e o “triunfo da boçalidade predatória que caracteriza Lula e sua gente”.

O Brasil perdeu o resto de civilidade que possuía. Não há mais nada. Apenas o fracasso total e irrestrito de uma sociedade. O Brasil já era.