Kamel e sua tese sobre a popularidade do presidente

Ali Kamel escreve sobre a popularidade do presidente Lula em sua coluna de hoje no Globo. Apresenta um ponto de vista interessante.

Apesar do forte impacto da tragédia envolvendo o avião da TAM que atingiu o governo como pode ser constatado em pesquisas pós-acidente, a popularidade do presidente manteve-se estável.

Resumiu as análises da última pesquisa em três fatores principais que foram utilizados para explicar a manutenção dos índices da pesquisa de março: “a maior parte dos brasileiros é pobre, apenas 8% usam avião como meio de transporte e a maior parte do povo não teria capacidade crítica para ligar o acidente a alguma falha do governo federal“.

Pois Kamel discordou inteiramente dos fatores apresentados. Primeiro porque as pesquisas mediram apenas, de maneira rápida, a avaliação do governo, sem entrar em maiores considerações. Os analistas estariam extrapolando os resultados apresentados.

O fato da maioria dos brasileiros serem pobres não invalidaria também a pesquisa, pois o discernimento existe em todas as classes sociais.”Olhar para a decisão da maioria e, com olhos da minoria, julgar que a avaliação é positiva porque o povo não sabe julgar é uma pretensão descabida“. Parte-se do princípio que a minoria está certa e a maioria errada, baseado apenas no grau de instrução, o que nem sempre caminha junto com a capacidade crítica.

O ponto que achei mais interessante foi sua análise sobre a influência dos programas assistencialistas do governo. Segundo Kamel, “o povo aprova estas políticas não porque seja incapaz de julgar, mas porque foi convencido que eram boas“. E por que foi convencido? Porque nenhuma força política apresentou qualquer argumento de que assim não o seja; ao contrário, nas últimas eleições a oposição disputou com o governo a paternidade e prometeu um programa ainda mais generoso.

E é neste ponto que Kamel vai ao encontro do que escreveu Reinaldo Azevedo em sua última coluna na Veja. As oposições no Brasil não cumprem o que se espera delas em uma democracia: o embate político. Os partidos de oposição não aproveitam as oportunidades para se posicionar e se mostrar como uma alternativa real ao que está aí. E por isso permanece a sensação que é tudo farinha do mesmo saco, e portanto não há razão para mudar.

Kamel defende que uma democracia onde as idéias não são debatidas livremente em campanhas eleitorais perde sua essência, e torna-se perigosa.

E no Brasil, infelizmente, posições políticas sobre temas polêmicos são evitadas pelas campanhas. Tanto Lula quanto Alckmin mostraram-se dúbios toda vez que estiveram diante de questões desta natureza.

No fundo, o eleitor escolheu Lula porque ninguém foi capaz de convencê-lo que possuía alternativa melhor.

Linchameto moral

Parte da mídia nacional está em franca campanha para linchar o movimento Cansei e caracterizá-lo como ilegítimo. Só nesta república de bananas mesmo.

Do que tenho lido, chama a atenção a ironia constante de Josias de Souza, a cobertura vergonhosa de Laura Capriglione e a chamada do evento de ontem pela Uol.

Começamos pelo último:

Óculos Gucci no rosto e um cartaz “Cansei do Lula, cansei de ver o Brasil apodrecer e não fazer nada” na mão. A empresária Jaqueline (não quis dar o sobrenome) era a síntese dos manifestantes no ato promovido pelo movimento “Cansei”, encabeçado pela sede paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e sindicatos patronais.

Dentre 5000 mil pessoas o tal de Rodrigo Bertolotto elegeu essa Jaqueline como “síntese” do movimento. Posso imaginar o petista transvestido de repórter procurando no meio da multidão um óculos Gucci para satanizar através dessa pessoa o movimento todo. Aliás o termo empresário é bem amplo, no Brasil até camelô se caracteriza como empresário. O mais provável é que nem exista esta Jaqueline, a que não quis dar o sobrenome. Mas o mais importante é que mesmo que exista, mesmo que estivesse de óculos Gucci, por que ela estaria impedida de se manifestar? Onde na constituição está escrito que protesto só é permitido com atestado de pobreza e mesmo assim organizado pela UNE, CUT, MST e outros braços do PT?

Outro dia, entre outras, Josias de Souza postou esta nota:

O “Cansei”, aquele movimento de combate ao “deixa-pra-laísmo” que infelicita a vida nacional, ainda não arrebatou multidões. Mas atraiu um grupo singular. Tem elenco para dois ou três vídeo clips. E já consegue encher uma van.

Quem lê a coluna de Josias de Souza conhece a persistência com que ironiza o movimento e tenta caracterizá-lo como um efado dos endinheirados paulistas. E agora de um grupo pequeno de artistas, o suficiente para encher uma van. Afinal, artista que se preze só pode ser a favor da esquerda não é?

Mas delinqüente mesmo é Laura Capriglione. Faz tempo que já deveria ter deixado de assinar notícias e ter passado para o colunismo político. Uma notícia retrata o que aconteceu, de forma objetiva, procurando ser fiel aos fatos. A coluna apresenta a interpretação do colunista e suas digreções sobre o cotidiano nacional.

Laura não quer ser lida como colunista, quer se lida como notícia o que dá veracidade ao que escreve. A direção da Folha de SP comete um imenso deserviço ao matê-la onde está. Na invasão da USP este ano foi autora da tese de que os estudantes promoviam um movimento apolítico, uma espécie de maio de 68 francês com algumas décadas de atraso. Quando professores se manifestaram taxou-os como reacionários.

Sobre a manifestação de ontem escreveu:

‘Os artistas aqui na frente, por favor. Hebe querida, vem. João Dória…Wandeca, eterna Ternurinha; Agnaldo Rayol, a voz inesquecível…’, dizia o mestre de cerimônias, o advogado João Baptista de Oliveira, conselheiro da OAB, entidade que encabeça o movimento.” Estava lá também o Padre Antonio Maria. Como caracterizá-lo? Ora, é o “que casou Daniella Cicarelli e Ronaldo”. Hebe Camargo estava? Estava. A apresentadora “chegou a bordo de um Mercedes Benz F-65 preto, com motorista, e saltou na porta da OAB. ‘Eu sempre participei de movimentos. Tenho fotos minhas de 40 anos atrás, na rua. Eu sou do povo!’, disse ela, escoltada por seguranças”. Hebe estava acompanhada de uma amiga. Leiam: “Segurando por trás nos dois ombros de Hebe Camargo, a empresária Ana Luiza Massari, que se diz indignada, explica o que faz ali pendurada: ‘Eu não sou ninguém, sou só amiga dela. Na verdade, sou dona de uma clínica estética’, diz ela.” Entenderam?

O texto é pura delinqüência política, uma satanização do movimento. Vejam a ênfase que a jornalista coloca no carro de Hebe, na existência de um motorista e de seguranças. Não existe movimento promovido pelo PT ao longo da estória em que a origem do manifestante tenha ganhado linhas nos jornais. Mas é que eram todos pobres! Pior que tem gente que acredita nisso.

Nenhum deles aponta a maior verdade do movimento. Sim, existem empresários, existem artistas, existem endinheirados. Mas a maioria dos que participam são da classe média. Aquela que trabalha um ano para ganhar 7 meses de salário e financia o aumento do gasto público, as verbas indecorosas de propaganda e do gabinete presidencial, os programas de compra de votos, que pagam os salários destes mesmos jornalistas que o demonizam.

Tem gente que tem verdadeiro nojo dessa gente. Que acha que o devem se conformar em ser extorquidos pelo governo e ficar calados. A esquerda nunca conviveu bem com o contraditório, mesmo que em minoria, gosta mesmo de unanimidade.

Por isso o movimento incomoda, porque quebra a idéia de unanimidade do governo de Lula II. Dez pessoas com nariz de palhaço em uma inauguração de porta de serviço já é o suficiente para tirar o presidente do sério.

Aí está a força da minoria.

Avante, camaradas!

Bastaram uma meia dúzia de heróis que conseguiram furar o forte bloqueio policial e vaiar o governador do Rio e o presidente da república para tirar os dois do sério. Sérgio Cabral incitou a esmagadora maioria a vaiar a minoria que protestava, dando uma idéia do que entende por democracia. Lula utilizou mais um de seus discursos improvisados que não dizem nada com coisa nenhuma, afirmando que os que vaiaram eram jovens sem consciência política.

Os dois não aceitam que apesar de terem sido legitimamente eleitos, não foram e nunca serão por uma unanimidade. Isto só existe em Cuba, e bem sabemos como. A democracia pressupõe a existência de uma minoria, muitas vezes expressiva, que não votou nos representantes eleitos. A esta minoria cabe, entre outros, o direito de se manifestar livremente. Desde que de forma civilizada e sem violência.

Qual a arma que usaram ontem em Campos? Cartazes e nariz de palhaço. E foi o suficiente para levar os dois à reação. As pesquisas indicam que temos um presidente popular, mas que agora depende do trabalho da polícia para conseguir fazer um discurso com a unanimidade dos aplausos.

O que dá um sinal de esperanças para aqueles que não aceitam o estado de coisas que os petismo instalou no Brasil. Quer dizer que antes era tudo perfeito? Claro que não, mas a aliança do petismo-lulismo com nossa oligarquia política e todos seus males levaram o país ao ponto mais baixo de sua história.

E algumas pessoas estão acordando. O preço? Estão sendo taxadas de reacionárias, contra os pobres, golpistas, insensíveis; em resumo demonizadas pela esquerda e por grande parte da mídia a serviço da primeira. Até mesmo o bispo Odílio Scherer resolveu negar a eles o que não negou ao PCC.

Mas eles vão em frente, levando contra tudo e contra todos as esperanças de quem não pode protestar.

Avante, camaradas!

Atualizando os números do comunismo

JB Online:

TEZNO – Investigadores encontraram na localidade de Tezno, no norte da Eslovênia, uma vala comum que poderia ser uma das maiores da Europa, com os restos mortais de cerca de 15 mil vítimas da Segunda Guerra Mundial, informou nesta quinta-feira o jornal “Delo”.

Segundo a publicação, que se baseia na investigação de uma comissão governamental eslovena, trata-se de uma trincheira antitanque de um quilômetro de comprimento e entre 4 a 6 metros de largura, cheia de ossos até 1,5 a 2 metros de profundidade.

Os objetos encontrados indicam que a maior parte das vítimas são soldados croatas fascistas e seus parentes, detidos pelo então Exército comunista iugoslavo.

Trata-se de soldados de forças pró-nazistas ou outras que no final da Segunda Guerra Mundial tentaram fugir da vitoriosa guerrilha antifascista, liderada por Josip Tito, para se entregar às forças aliadas na Áustria, das quais esperavam um tratamento mais humano.

No entanto, as unidades aliadas na Áustria os obrigaram a voltar à Eslovênia (então Iugoslávia), e então eles se tornaram prisioneiros de guerra do Exército iugoslavo.

Bem, o que dizer? Que me surpreende? Nem um pouco. Massacres como esse são comuns em todos os cantos do mundo onde o comunismo se instalou. Mas foram desvios!, afirmam. O socialismo não é isso que implantaram. Mas em todos os casos? Que ideal é esse que causou tantos massacres? Será que o problema não pode estar na própria ideologia?

Juízes brasileiros

A esta altura já correu pela rede a sentença do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho em que o togado escreveu:

5. Já que foi colocado, como lastro, este Juízo responde: futebol é jogo viril, varonil, não homossexual. Há hinos que consagram esta condição: “OLHOS ONDE SURGE O AMANHÃ, RADIOSO DE LUZ, VARONIL, SEGUE SUA SENDA DE VITÓRIAS…”.

6. Esta situação, incomum, do mundo moderno, precisa ser rebatida…

7. Quem se recorda da “COPA DO MUNDO DE 1970”, quem viu o escrete de ouro jogando (FÉLIX, CARLOS ALBERTO, BRITO, EVERALDO E PIAZA; CLODOALDO E GÉRSON; JAIRZINHO, PELÉ, TOSTÃO E RIVELINO), jamais conceberia um ídolo seu homossexual.

8. Quem presenciou grandes orquestras futebolísticas formadas: SEJAS, CLODOALDO, PELÉ E EDU, no Peixe; MANGA, FIGUEROA, FALCÃO E CAÇAPAVA, no Colorado; CARLOS, OSCAR, VANDERLEI, MARCO AURÉLIO E DICÁ, na Macaca, dentre inúmeros craques, não poderia sonhar em vivenciar um homossexual jogando futebol.

9. Não que um homossexual não possa jogar bola. Pois que jogue, querendo. Mas, forme o seu time e inicie uma Federação. Agende jogos com quem prefira pelejar contra si.

10. O que não se pode entender é que a Associação de Gays da Bahia e alguns colunistas (se é que realmente se pronunciaram neste sentido) teimem em projetar para os gramados, atletas homossexuais.

11. Ora, bolas, se a moda pega, logo teremos o “SISTEMA DE COTAS”, forçando o acesso de tantos por agremiação…

12. E não se diga que essa abertura será de idêntica proporção ao que se deu quando os negros passaram a compor as equipes. Nada menos exato. Também o negro, se homossexual, deve evitar fazer parte de equipes futebolísticas de héteros.

13. Mas o negro desvelou-se (e em várias atividades) importantíssimo para a história do Brasil: o mais completo atacante, jamais visto, chama-se EDSON ARANTES DO NASCIMENTO e é negro.

14. O que não se mostra razoável é a aceitação de homossexuais no futebol brasileiro, porque prejudicariam a uniformidade de pensamento da equipe, o entrosamento, o equilíbrio, o ideal…

15. Para não falar do desconforto do torcedor, que pretende ir ao estádio, por vezes com seu filho, avistar o time do coração se projetando na competição, ao invés de perder-se em análises do comportamento deste, ou daquele atleta, com evidente problema de personalidade, ou existencial; desconforto também dos colegas de equipe, do treinador, da comissão técnica e da direção do clube.

16. Precisa, a propósito, estrofe popular, que consagra:

“CADA UM NA SUA ÁREA,

CADA MACACO EM SEU GALHO,

CADA GALO EM SEU TERREIRO,

CADA REI EM SEU BARALHO”.

17. É assim que eu penso… e porque penso assim, na condição de Magistrado, digo!

18. Rejeito a presente Queixa-Crime. Arquivem-se os autos. Na hipótese de eventual recurso em sentido estrito, dê-se ciência ao Ministério Público e intime-se o querelado, para contra-razões.

É vergonhoso que um juiz de direito possa escrever tamanha bobagem, e mostra simplesmente uma falha grotesca de todo nosso sistema judicial. Como pode uma pessoa dessas ser juiz? Como pode um juiz ignorar as leis em vigor para assinar uma aberração destas?

O pior é que não é o único. Este é apenas um caso conhecido.

Um que não ficou conhecido da imprensa mas que chegou ao meu conhecimento aconteceu no ano passado.

A Academia Militar das Agulhas Negras excluiu um Cadete por prática de cola. Prática que deveria ser seguida por toda universidade que se preze, fato corriqueiro no mundo civilizado. Mas o próprio juiz que julgou o processo movido pelo Cadete deixou claro que não é concebível no Brasil. Escreveu o nobre magistrado que não poderia concordar com a exclusão de um aluno por cola pelo simples motivo de dever a esta seu diploma de direito.

Então temos um juiz que admite que se não fosse pela cola não teria se formado e, em conseqüência, não estaria na posição de juiz. É um escárnio. Uma verdadeira vergonha e mostra que, no Brasil, um juiz é realmente capaz de qualquer sentença.

Infelizmente.

Mais uma vergonha

Esta vergonha pode ser dividida entre governo e grande parte da imprensa brasileira.

Esta preocupada em demonizar os protestos contra o atual estágio de civilização que chegou o Brasil simplesmente se calaram diante de um ato vergonhoso do atual governo: a extradição dos dois cubanos presos pela polícia federal.

Podem notar: silêncio. Nem mesmo os porta vozes do petismo se manifestaram desta vez, a tese não permite uma defesa com um mínimo de coerência.

Depois de fugirem da delegação e se esconderem os dois cubanos foram presos e extraditados em tempo recorde. A PF afirma que eles manifestaram desejo de voltarem para Cuba, que haviam sido enganados.

Claro que foram. O fato de estarem escondidos e não terem se apresentado em qualquer embaixada de um país democrático para solicitar asilo já mostra que os promotores alemães não queriam correr riscos… de perder seus lutadores! Vejam que o asilo deveria ser em uma embaixada, já que o Brasil não concederia proteção aos dois.

E eles sabem disso, o que é bem pior.

O que temos até agora é a afirmação da PF que não desejavam voltar. Por que então a pressa para embarcá-los? Por que isolá-los da imprensa? É claro que Fidel pode até mostrá-los curtindo a vida numa praia da ilha. Faz parte da propaganda do regime. Mas os dois sabem que não há mais garantias para a vida de nenhum deles.

A coisa toda fica ainda mais nojenta quando se sabe que o Brasil concedeu asilo político em definitivo para o terrorista das farc, Camilo Collazzos, também conhecido como Padre Olivério Medina. Este seqüestrou e matou. Só que por um grupo terrorista com ligação fortes com o PT, pelo Foro de São Paulo (outro assunto ignorado pela mídia).

Assim temos um governo que fica contra um presidente que conseguiu enfrentar a violência de frente e colocar seu país no rumo de um futuro melhor, a Colômbia, e fica do lado de um ditador que já destruiu o futuro do seu, Cuba.

Sobre o silêncio cúmplice da mídia nacional.