A coluna de Diogo Mainardi na Veja desta semana é simplesmente brilhante. Confesso que foi a melhor que já li, e bate com algumas coisas que já vinha falando e escrevendo.
Trata da posse de Nelson Jobim no Ministério da Defesa. Parecia um ato de rotina. O clima era festivo, com risos soltos e um Lula soltando suas piadas como sempre. Em dado momento, como já tinha comentado aqui, ele disse era preciso ter “momentos de descontração para tornar uma vida menos sofrível”.
Qual o problema? O problema é que o novo Ministro estava sendo empossado pela absoluta incapacidade do anterior de resolver o caos que tomou conta do espaço aéreo brasileiro. Não era uma ocasião para festa, à rigor não deveria nem ter cerimônia de posse. Publique-se e comece a trabalhar porque os aviões estão no céu. Era na verdade um momento que deixava claro que o governo era sim responsável pelas 200 mortes de Congonhas. Se não fosse não precisaria trocar seu ministro (faço questão do “m” minúsculo).
Aquela cerimônia só estava acontecendo por causa desta tragédia, e portanto não havia nenhum motivo para o riso do presidente. E não era só ele. Havia também, entre outros, Guido Mantega (o que disse que a crise se devia ao sucesso da política econômica), Celso Amorim (o que tenta a todo custo nos aproximar da Venezuela) e Marco Aurélio Garcia (top top top). Aliás a presença deste último demonstra toda a consideração que o presidente tem pelas famílias arrasadas de Congonhas. Em qualquer país com um mínimo de decência estaria demitido.
Mas Mainardi toca em outro ponto, que também tenho comentado. A falência da sociedade brasileira, e infelizmente não é no sentido econômico. Quem me conhece sabe que ando repetindo para quem quiser ouvir: não acredito mais no futuro do Brasil. Acho que já fracassamos como nação, como sociedade, como grupo humano.
O colunista defende que o espetáculo mostrado na posse de Jobim seria o momento em que o país se perdeu definitivamente. Naquele momento o presidente (também minúsculo) profanou os corpos de 200 brasileiros e o “triunfo da boçalidade predatória que caracteriza Lula e sua gente”.
O Brasil perdeu o resto de civilidade que possuía. Não há mais nada. Apenas o fracasso total e irrestrito de uma sociedade. O Brasil já era.