TAM

A TAM informou que por lei não pode informar a lista de passageiros pois deve informar primeiro às famílias. É uma falsa verdade.

Das duas uma. Ou existem sobreviventes ou não.

Se não existem sobreviventes, é obrigação da empresa confirmar as vítimas inicialmente para as famílias. O que não a impede de divulgar uma informação de que não há sobreviventes e deixar a lista para depois.

Se existem sobreviventes, que informe a situação. Quantos são e para onde foram, e informe às famílias.

O que está acontecendo agora é um pânico em Porto Alegre, com famílias ameaçando invadir o terminal da empresa. A lista sai com um clique de computador.

O que não pode é deixar todo mundo, família e imprensa especulando. É óbvio que não há como confirmar se morreram todos, parece que só agora os bombeiros estão podendo entrar no prédio. Mas que coloque um assessor de imprensa na frente das câmaras explicando tudo isso. É o mínimo que se espera da empresa.

Meu palpite é que quem estava no avião não sobreviveu. A informação é que as 14 vítimas atendidas pelos bombeiros são de funcionários que trabalhavam no local, portanto é milagre ter escapado alguém na aeronave.

Indignado

Estou completamente indignado, mais uma vez.

Esta tragédia era mais do que anunciada, estávamos, infelizmente, só esperando e rezando só para na roleta russa macabra que virou os céus brasileiros não apontassem para nós.

O que se vê, mais de uma hora após o acidente, é a completa incompetência gerencial de todas as esferas envolvidas. Não há informação e não se montou ainda um gabinete de crise. Chega notícias de que o presidente está reunido com alguns ministros para tomar conhecimento dos fatos. E agora acaba de convocar uma reunião de emergência.

Infelizmente não dá para acreditar que alguém será responsabilizado pela tragédia. Será mais um festival de desinformações e terminará como todas as outras.

Este é o governo que foi aprovado em outubro passado. O chefe reclamou hoje que achou as vaias do Maracanã injustas. Uma coisa orquestrada.

Este é o tamanho do seu governo.

Mais uma Tragédia

As redes de televisão mostram agora as cenas da tragédia do Airbus 320 da TAM. Sim, na mesma pista recém-reformada de Congonhas, que custou 18 milhões de reais. A mesma que os pilotos têm reclamado de aderência. A mesma que um avião derrapou ontem. O festival de desinformação segue a mil, e a INFRAERO foi incapaz de, uma hora depois do acidente, informar qual voô se tratava. Nenhuma autoridade apareceu para dar alguma informação.

E a Rede Globo segue mostrando a novela…

Cada vez cheirando pior

Durante alguns dias foi possível ver uma propaganda da Peugeout em que pegava carona na besteira que Marta Suplicy falou sobre a crise dos aeroportos. Não durou muito, o presidente não gostou do tom e mandou recado para a montadora.

Fosse um país totalmente democrático receberia uma boa banana. Mas como é uma país onde o estado é onipresente e principal ator econômico, a montadora mandou tirar o comercial do ar. O criador do comercial reclamou no site do Clube de Criação de São Paulo, do qual é presidente e saiu a seguinte nota:

Em São Paulo, Jáder Rossetto, que acaba de voltar de Porto Alegre, diz que o melhor a fazer é tocar o barco adiante, já que um pedido do presidente não poderia ser negado.

Novamente as tropas petistas entraram em ação. Não poderia caracterizar interferência do presidente em um assunto eminentemente privado. Passaram a negar a pressão. Soltaram a versão que o comercial tinha chegado ao fim de seu ciclo útil. E a nota? Foi trocada. Agora está escrito “um pedido de Brasília não poderia…”.

Para mim fica até pior. Pior do que o presidente se metendo neste assunto é a burocracia fazendo-o. Toda vez que uma área criativa fica sobre pressões de burocratas a democracia perde um pouquinho.

O pior é o que vem depois. Criadores ficarão um pouco mais cautelosos em mexer com o governo. Tudo faz parte de um método, e assim vamos recuando sempre.

Este é um dos motivos que sou contra o estado forte, paternalista, dono da moral. A cada pedaço que ele avança na sociedade quer um pedaço a mais, e assim vai criando suas teias. O pior é que para desmanchar depois o esforço é gigantesco.

Esta herança que o petismo vai deixar um dia será a verdadeira herança maldita.

E terá de haver forças para tanto.

Mais uma conspiração

O presidente Lula aderiu a teoria petista de que as vaias foram orquestradas. De uma coisa entendo bem: de Maracanã. Não dá para orquestrar uma vaia daquelas, a não ser com a completa seleção de 90 mil pessoas, como num comício. No caso de ingressos vendidos, esqueça. Já fui em muito jogo do Flamengo e nunca vi uma vaia unânime, sempre existem aqueles que aplaudem, mostrando que nem a força das torcidas organizadas conseguem orquestrar tal coisa. Nem com os cabeças de bagre que já vi jogando.

São duas reações de Lula. A primeira, privada, furioso, xingando meio mundo. A segunda, em público, pousando de coitado e dizendo-se perseguido.

Pois uma hora a máscara cai. Esta ladainha está cansando, e foi uma das responsáveis pelas vaias que recebeu.

Duas medidas

Cada coisa no seu lugar.

Ainda sobre a já famosas vaias para Lula.

Anselmo Gois reclama na coluna de hoje que o New York Times noticiou as vaias que recebeu o presidente mas não a que recebeu a delegação americana. Acontece que o presidente brasileiro é o Sr Luis Inácio, e não George Bush. O sentimento anti-americano no Brasil, particularmente no Rio de Janeiro é grande. A meu ver um tanto injusto, fica a impressão que é o Estados Unidos que causa nossos males, tirando nossa responsabilidade em nosso futuro; tema este tão bem retratado em o “Manual do idiota Latino Americano”.

Já a vaia ao presidente da república, no Maracanã, é sim uma notícia muito mais importante. Imagino se Bush fosse vaiado de forma parecida em um estádio americano. Estaria nas primeiras páginas de qualquer jornal brasileiro, com muito mais destaque do que as de Lula. E isso porque seus partidários acusam a mídia de ser oposição.

O famigerado Noblat lembra que o presidente Médici era aplaudido quando entrava no Maracanã. Tenho um tio tricolor que pessoalmente participou destes aplausos. Ele tem uma tese: Médici teria de ter convocado eleições diretas em 73, e sido candidato. Teria vencido com folgas. Um ano depois renunciaria e convocaria novas eleições só com civis. Teria terminado a revolução com alta popularidade e com o fortalecimento do Exército. De quebra haveria um constante alerta para os governantes: as forças armadas estariam sempre ali.

Mas Noblat lembra que Médici foi o presidente dos anos de maior repressão, e que prefere ter um presidente vaiado no Maracanã do que um aplaudido. Cada um com suas preferências.

O que Noblat não lembra é o que Elio Gaspari já admitiu em seu recente livro. O grande responsável pelo enrijecimento da ditadura foram as guerrilhas armadas. Deve-se lembrar sempre que estas guerrilhas foram responsáveis por diversos atos de terrorismo e por morte de inocentes. Hoje as famílias destes recebem migalhas, enquanto que os assassinos de outrora recebem polpudas pensões.

Quem lê este espaço sabe que defendo as liberdades individuais. Sempre. Nenhum país precisa de uma ditadura para crescer, há outros caminhos. Mas existe uma falsa percepção que o governo militar era essencialmente impopular e violento. Pergunte a quem viveu na época. O que existiu de fato foi a repressão à guerrilha, o que fez muito bem, e a ação de alguns delinqüentes à serviço do estado diante de cidadãos, culpados ou não. Estes sim são os casos de justa indenização.

Pois Noblat que fique com o presidente que não hesita em defender, sempre nas entrelinhas. Eu já prefiro uma que se mostrou digno e honesto no cargo. Não existe até hoje uma acusação de enriquecimento ilícito de qualquer um dos presidentes militares. Ao contrário do presidente atual que a mídia prefere não dar destaque ao fato de ser milionário __ sem contar o caso Lulinha-Telemar.

As vaias _ insisto no plural _ do Maracanã foram daqueles que não dependem da bolsa família para sobreviver; que são extorquidos diariamente em altos impostos para manter a farra da nossa corte em Brasília. Por isso me senti representado naquelas vaias, e por isso é notícia no mundo inteiro. E Lula sabe da importância dela,s sabe que não poderá mais ir a um evento esportivo (com exceção, quem sabe, no Nordeste) até o fim de seu mandato.

Brasileiros vaiando americanos não se compara a brasileiros vaiando seu presidente. Não um presidente qualquer, mas um presidente popular em um estado que possui grande aprovação. Um presidente que sempre se mostrou blindado diante da podridão de seu governo e de seu partido.

Infelizmente os grandes jornais brasileiros deixaram esta passar, mais uma vez.

Nota de pesar


Do blog do Cláudio Humberto:

O grupo de militares mobilizou doações e pagou a publicação de “Nota de Pesar”, hoje, no jornal Correio Braziliense, protestando contra a decisão da Comissão de Anista, do Ministério da Justiça, concedendo à viúva do ex-capitão Carlos Lamarca (que desertou do Exército, no regime militar, para se associar à luta armada) uma pensão de general de brigada. A nota propõe que “elevemos nossas preces a Deus e pedimos pelas almas de suas vítimas, por ele assassinadas”, citando Orlando Pinto da Silva, Guarda Civil de São Paulo, assassinado em 9 de maio de 1969; Alberto Mendes Júnior, tenente da PM-SP, assassinado em 10 de maio de 1970; e Hélio Carvalho de Araújo, agente da Polícia Federal, assassinado em 10 de dezembro de 1970. A nota conclui: “Aos familiares desses homens, mortos no cumprimento do dever, nossa solidariedade e revolta. À sociedade brasileira, já desgastada pela descrença em valores éticos e morais, só resta lamentar por mais essa demonstração do revanchismo político”.