Novo Ministro

Depois de 10 meses, dois graves acidentes, 350 mortos, motim de controladores aéreos e situação caótica nos aeroportos, o presidente Lula enfim tomou uma atitude prática e demitiu o Ministro da Defesa.

A pasta possui uma particularidade em relação às demais. Junto com o Ministério das Relações Exteriores, é uma área de política eminentemente de estado, e não de governo. Em uma república presidencialista, onde o papel de chefe de governo e de estado é feito pela mesma pessoa, as duas políticas se confundem, o que não é bom.

A defesa nacional transcende governos, está ligada aos objetivos estratégicos da nação brasileira, independente do inquilino de plantão no Palácio do Planalto.

Que o governo FHC tenha criado o MD se entende, pessoalmente acho 4 ministérios militares um exagero. Mas privar o poder militar de um lugar na mesa de decisões estratégicas não é o caminho. Aos que argumentam que nos Estados Unidos (de onde se copiou o modelo) o secretário de defesa é constantemente um civil, deve-se lembrar que existe a figura do Comandante em chefe das Forças Armadas que possui lugar no secretariado.

A conseqüência do uso político do cargo foi a sucessão de ministros sem a menor qualificação e conhecimento para exercê-lo, tornando uma pasta de estado refém de políticas fisiológicas de governo.

Waldir Pires nunca poderia ter ocupado o ministério. Primeiro por seu absoluto desconhecimento e desinteresse pelos assuntos das FA, e depois pela sua absoluta incompetência gerencial. Além do desprezo que sempre teve pelos militares.

Nelson Jobim está longe de ser a solução ideal, mas não há termos de comparação com o defenestrado, é impossível ser pior.

O grande problema é que assume o ministério com os olhos voltados para a sucessão em 2010. Não é segredo que alimenta o sonho de ocupar o lugar de Lula, contando com isso com o apoio da dupla Sarney-Renan.

Dizem que possui a capacidade suficiente para exercer o cargo. O problema é que a crise aérea é real, o que exigiria, pelo menos por agora, uma solução que fosse a mais técnica possível. Afinal, a origem da crise está no absoluto descaso político para os alertas oriundos da Aeronáutica. A origem da crise é política, e mais uma solução política, e ainda mais alimentada por sonhos presidenciais, deixa-nos desconfiados.

Além do mais, a atuação de Jobim nos seus últimos meses no STF foi no mínimo questionável. Disposto a ser vice na chapa de Lula, usou o cargo mais importante do judiciário brasileiro à serviço do planalto. O sigilo do amigo-filatropo Paulo Okamoto só não foi quebrado por sua atuação direta.

Por isso desconfio seriamente desta nomeação como um primeiro passo para resolver a crise aérea. Continuo achando que o governo não está empenhado em solucionar o problema.

Por que Pedro Simon está certo

Uma infindável discussão toma conta das apurações das causas do acidente do avião da TAM.

De quem seria a culpa, da TAM? Do piloto? Ou do governo?

Pois é uma discussão desviada do verdadeiro ponto. Todos os especialistas concordam em um ponto: um acidente desta magnitude não ocorre por uma único fator.

O reverso não para sozinho o avião. Mas por que ele existe então? Por que se gasta dinheiro e pesquisa para desenvolver um dispositivo inútil?

O grooving não é prepoderante para a segurança. Por que então está no projeto? E por que será feito agora com urgência?

A garoa não impede o pouso. Por que então nenhum piloto quer mais aterrisar em Congonhas nestas condições? Por que o apelido da pista é Holiday in Ice?

A pista de 1960m é suficiente. Por que então participei de uma obra em Tefé, no coração da Amazônia, para aumentar a pista de 2200 m para 2600 m em função da segurança?

Tudo encaminha para aquele fator que tratei posts atrás. Jogaram com o azar. Cada fator destes, isoladamente não provocaria esta tragédia. Mas quando você junta uma aeronave, com reverso desligado, uma pista curta, sem área de escape, em uma área densamente povoada, ao lado de um posto de gasolina, com chuva e sem grooving… você está no limite!

Junte uma aquaplanagem com uma possível falha nos freios e pronto. Não há mais nenhum fator de segurança para proteger os passageiros e tripulação. O resultado foi a pira macabra fruto da brincadeira que fizeram com vidas humanas.

Estão discutindo as causas, e é bom que as encontrem. É importante para a segurança de vôo. Mas uma coisa é o fator que causou o acidente, ou que forneceu o ingrediente final desta receita funestra. Outra bem diferente é a responsabilidade de quem deveria garantir a segurança do transporte aéreo.

E aí está claramente a responsabilidade do governo. Por isso Pedro Simon estava correto quando entrevistado depois do espetáculo deprimente de M. A. Garcia disse claramente: é claro que a culpa é do governo!

Esta responsabilidade e a culpa associada fica ainda mais flagrante quando se analisa que nunca houve um acidente na aviação tão anunciado quanto este. A sequência de eventos que culminou em Congonhas está registrado para quem quiser ver. Toda a incompetência do governo em tratar do assunto está demonstrada. Foram necessários dois acidentes, 400 mortos, e uma situação sem igual no mundo, para que as primeiras medidas fossem anunciadas. E mesmo assim já se sabe a diferença de propaganda e realização para este governo.

Por tudo isso o governo não tem o que comemorar sobre o desdobramento futuro das investigações. Mas trabalha para isso, com toda sua força.

Retrospectiva

Um vídeo do youtube mostra uma retrospectiva da atuação das autoridades brasileiras nestes meses de caos aéreo. Estão lá Marta Suplicy, o presidente da Infraero, Guido Mantega, o presidente da república e os obscenos do planalto. Fico impressionado com a ginástica mental que os petistas e simpatizantes fazem para defender e justificar esta time. Só pode acontecer isso em um lugar onde a moral é relativa, fruto da vontade de potência prevista por Nietzsche.

clique aqui e tire as crianças da sala.

Medo

Realmente existe um fato novo no ar. O presidente não é o mesmo desde o Maracanã, que pode se tornar um divisor de águas em seu mandato. Não foi à São Paulo com medo de enfrentar as famílias das vítimas do acidente da TAM. E não vai ao enterro de ACM pois sabe que também será vaiado lá.

O povo está descobrindo que tem voz, e pode se manifestar. Isto é bom, pois o governante deve saber que existe um limite. Não é, e nunca será uma unanimidade. É popular, o que é outra coisa. Mas o quanto de sua popularidade é devido à bolsa-voto?

O Maracanã representou um alerta. Tanto para Lula quanto para aqueles que não o apóiam. Lembrou-nos a todos que podemos nos manifestar.

Perguntam mas por que não organizam manifestações? passeatas?

Não existe mais uma liderança civil significativa que não esteja a soldo do petismo. No passado coube a UNE a organização dos protestos mais eficazes no Brasil. Hoje está sustentada pelo estado e pela venda de carteiras estudantis para qualquer brasileiro com vinte reais para pagá-las. E ainda sonha com o “outro mundo possível“. O mantra criado por Gramsci para uma revolução socialista via-democracia.

O fato é que existe um processo natural de esgotamento de uma imagem. A de Lula pode ter começado e tudo que parecia descolado de sua pessoa pode começar a grudar agora.

Ainda existem esperanças de varrer este bando que está assaltando o estado brasileiro.

Não entendem

Não, definitivamente eles não entendem o que está acontecendo.

Uma das coisas que está clara na crise aérea é a total incompetência da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A sua ligação com as empresas que deveria fiscalizar é escandalosa.

Em tese é quem deve defender o consumidor, ou seja, o passageiro. Durante todos estes penosos meses foi incapaz de acionar uma empresa aérea pelos constantes desrespeitos praticados. O comportamento da TAM após o acidente foi vergonhoso.

Mostrando toda a sensibilidade com que trata o assunto, hoje, com presença do vice-presidente da república, foram entregues a medalha Santos Dumont a dois diretores da ANAC, Milton Zuanazzi e Denise Abreu.

A medalha é entregue aos que se destacam por serviços prestados à Aeronáutica.

Simplesmente não entendem. São atos de um governo que simplesmente se considera acima do bem e do mal.

Mas que na verdade já escolheu o lado em que batalha.

Onde vão embarcar 20 milhões de pessoas?

Presidente da INFRAERO

_ Entendo a postura do Ministério Público e de outras pessoas, mas a verdade é que não de pode ser radical nem fundamentalita. Onde vão embarcar 20 milhões de pessoas?

Com um pensamento destes, não existe a menor condição deste senho continuar no cargo que ocupa. O chefe do órgão que deveria zelar pela segurança dos passageiros está mais preocupado em garantir que continuem voando, em prejuízo da segurança!

Existe uma regra de ouro quando se trata de seguraça: nada é mais importante do que ela. A vida humana não tem preço e é bom estes 20 milhões começarem a ficarem seriamente preocupados, pois claramente esta não é a preocupação principal da INFRAERO.

Mais brilhante ainda foi sua conclusão sobre o acidente, depois de três dias:
_ Aconteceu algum problema no momento do pouso. O avião, por alguma razão, não perdeu a velocidade.

Dá-lhe Sherlock!