Por que Pedro Simon está certo

Uma infindável discussão toma conta das apurações das causas do acidente do avião da TAM.

De quem seria a culpa, da TAM? Do piloto? Ou do governo?

Pois é uma discussão desviada do verdadeiro ponto. Todos os especialistas concordam em um ponto: um acidente desta magnitude não ocorre por uma único fator.

O reverso não para sozinho o avião. Mas por que ele existe então? Por que se gasta dinheiro e pesquisa para desenvolver um dispositivo inútil?

O grooving não é prepoderante para a segurança. Por que então está no projeto? E por que será feito agora com urgência?

A garoa não impede o pouso. Por que então nenhum piloto quer mais aterrisar em Congonhas nestas condições? Por que o apelido da pista é Holiday in Ice?

A pista de 1960m é suficiente. Por que então participei de uma obra em Tefé, no coração da Amazônia, para aumentar a pista de 2200 m para 2600 m em função da segurança?

Tudo encaminha para aquele fator que tratei posts atrás. Jogaram com o azar. Cada fator destes, isoladamente não provocaria esta tragédia. Mas quando você junta uma aeronave, com reverso desligado, uma pista curta, sem área de escape, em uma área densamente povoada, ao lado de um posto de gasolina, com chuva e sem grooving… você está no limite!

Junte uma aquaplanagem com uma possível falha nos freios e pronto. Não há mais nenhum fator de segurança para proteger os passageiros e tripulação. O resultado foi a pira macabra fruto da brincadeira que fizeram com vidas humanas.

Estão discutindo as causas, e é bom que as encontrem. É importante para a segurança de vôo. Mas uma coisa é o fator que causou o acidente, ou que forneceu o ingrediente final desta receita funestra. Outra bem diferente é a responsabilidade de quem deveria garantir a segurança do transporte aéreo.

E aí está claramente a responsabilidade do governo. Por isso Pedro Simon estava correto quando entrevistado depois do espetáculo deprimente de M. A. Garcia disse claramente: é claro que a culpa é do governo!

Esta responsabilidade e a culpa associada fica ainda mais flagrante quando se analisa que nunca houve um acidente na aviação tão anunciado quanto este. A sequência de eventos que culminou em Congonhas está registrado para quem quiser ver. Toda a incompetência do governo em tratar do assunto está demonstrada. Foram necessários dois acidentes, 400 mortos, e uma situação sem igual no mundo, para que as primeiras medidas fossem anunciadas. E mesmo assim já se sabe a diferença de propaganda e realização para este governo.

Por tudo isso o governo não tem o que comemorar sobre o desdobramento futuro das investigações. Mas trabalha para isso, com toda sua força.

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