Forças Armadas e combate ao crime organizado

O artigo de Merval Pereira, no Globo de hoje, levanta a questão do emprego das forças armadas no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, fazendo um paralelo com a situação no Haiti.

A cada dia surgem mais defensores da tese que se o Exército entra nas favelas e enfrenta bandidos em Porto Príncipe, pode fazer o mesmo no Rio. O artigo mostra que não é bem assim.

Inicialmente cita o General Heleno, primeiro comandante da missão de paz no Haiti. Ele deixa claro que apesar dos 6 contingentes que já passaram por lá estarem bem preparados, as duas situações possuem diferenças marcantes.

Primeiro no aspecto político, “porque lá nós estamos trabalhando sob a égide da ONU, com regras de engajamento bem definidas“.

Já no Brasil não se definiu até hoje o amparo legal para atuação do Exército nesse tipo de operações. Existe o risco de militares acabarem no banco dos réus por cumprirem seu dever.

Outro ponto fundamental é que no Haiti o soldado não mora na área conflagrada. No Brasil a ameaça às famílias dos militares seria um ingrediente a mais.

Além disso, não dá para comparar as duas bandidagens. “Lá o tráfico de drogas é mínimo, a defesa de posições dos traficantes do Rio é muito mais forte e os armamentos, mais pesados“.

Cristovão Buarque, que esteve no Haiti, afirma não ter dúvidas da capacidade do Exército, mas possui dúvidas em seu emprego dentro do território nacional. Lembra que, neste caso, o Exército mataria brasileiros, mesmo sendo bandidos.

O mais interessante do artigo é a mensagem de Antonio Jorge Ramalho, que toca novamente na questão do marco legal da atuação das Forças armadas; e vai mais além.

Segundo ele, a missão está clara no texto constitucional, mas a “visão do que se espera das Forças Armadas não está“. As autoridades políticas do Executivo e Legislativo não definiram até hoje o projeto da Força, os cenários de emprego, o dimensionamento e capacitação específica.

Existe ainda um tabu em relação a 1964. A sociedade ainda não avaliou os erros e acertos do regime de 64 e não decidiu o que quer das suas Forças Armadas.

Conflui afirmando que cabe fazê-lo.

O grade problema, a meu ver, é que o poder político está sendo exercido justamente por aqueles que foram combatidos pelas Forças Armadas no regime militar. Existem políticos que deixam claro seu desprezo pelo Exército, e políticos importantes como José Dirceu e José Serra; só para ficar em dois figurões de lados opostos.

Quem já andou pelo Brasil sabe que a população possui os militares em muito melhor conceito do que os políticos e grande parte da mídia. Devemos lembrar que muitos são herdeiros de indenizações milionárias na condição de “perseguidos“. Um exemplo é o jornalista Carlos Heitor Cony.

Precisamos esperar a substituição desta velha guarda política por uma nova geração que não tenha vivido este período de nossa história.

O grande problema é que pelo que temos visto nos cursos de jornalismo e nas redações, a doutrinação é pesada nos valores do socialismo. O que não quer dizer que seja contra as Forças Armadas.

Mas, apesar do discurso, é, e sempre foi, contra as liberdades individuais e a democracia.

Artigo: Álvaro Vargas Llosa

O escritor peruano e analista político Álvaro Vargas Llosa já foi anarquista mas hoje se orgulha por ser considerado como um verdadeiro liberal. É co-autor do livro “Manual do Perfeito Idiota Latino Americano”.

Após a decisão do governo venezuelano de não renovar a licença de transmissão por causa de uma suposta violação dos padrões éticos, a rede de tevê mais antiga da Venezuela saiu do ar. Conseqüentemente, a Rádio Caracas Television (RCTV), a combativa emissora que foi demais para Hugo Chávez suportar, tornou-se a mais recente causa pública famosa da América Latina.

Não é fácil para quem não está familiarizado com a história da região entender a grande agitação sobre a decisão de Chávez em fechar a RCTV. Tenho visto muitas reportagens nos Estados Unidos e em outros países que revelam uma certa descrença com o status de herói que está sendo concedido à emissora e a seu diretor-presidente, Marcel Granier. Esses textos parecem sugerir que, afinal, se trata de uma questão burocrática e, por mais arbitrária que a decisão de Chávez possa parecer, a RCTV foi além dos limites do jornalismo independente e se tornou um instrumento contra as autoridades.

Deixando de lado o argumento óbvio de que o julgamento sobre o conteúdo jornalístico da emissora deve ficar a cargo dos telespectadores e que a história de Chávez o torna um guardião inadequado de qualquer moral do país, há uma razão mais profunda para que o caso da RCTV mereça a atenção mundial. Ela tem a ver com o papel que, na ausência de equilíbrio entre os Poderes, na firme marcha rumo ao totalitarismo, essa emissora foi forçada a desempenhar.

Levada pelas circunstâncias, a RCTV se transformou nos últimos anos em algo como uma Assembléia Nacional substituta, uma Suprema Corte substituta e um tribunal eleitoral substituto. “Não somos políticos”, disse-me Granier há poucos dias, “mas numa situação como esta são se consegue evitar ser considerado como parte da luta política pelos que não têm representação efetiva nem salvaguardas democráticas e pelos responsáveis de eliminá-las; só por fornecer informação a uma sociedade faminta por informação fomos colocado nessa posição”.

Isso está de acordo com a tradição da América Latina e em alguns outros lugares, onde a repetição de tiranias freqüentemente forçou as instituições civis a substituírem os partidos políticos ou os líderes oposicionistas.

Durante os anos 60 e 70, o Brasil se tornou a capital mundial das telenovelas. Por causa da censura à mídia, os brasileiros começaram a ver suas novelas como uma reflexão mais precisa da vida real do que as informações que recebiam dos jornais.

Em algumas nações, as redes de mídia assumiram papéis políticos. Durante a ditadura Somoza, o jornal nicaragüense La Prensa se tornou um símbolo tão poderoso que seu proprietário, Pedro Joaquín Chamorro, foi morto por capangas do governo. Após a queda de Somoza, a viúva de Chamorro, uma dona-de-casa, foi catapultada por forças acima de seu controle para a arena civil; ela se tornou o problema para a ditadura sandinista e por fim ganhou as eleições presidenciais. Granier e sua rede de TV são profundamente merecedores da solidariedade que estão tendo de milhões de venezuelanos e de governos, organismos internacionais e líderes mundiais que estão denunciando o ato monstruoso contra a instituição de 54 anos que empregava 3 mil trabalhadores.

A RCTV, a nau capitânia da corporação 1BC , é o último capítulo numa longa tradição de virtude cívica transformada em necessidade política numa época de extremo perigo à liberdade nacional. A decisão da Suprema Corte da Venezuela – a instituição que deveria revogar a ordem de Chávez – de confiscar os equipamentos de transmissão da RCTV, adicionando mais afronta à injúria, exemplifica as circunstâncias que tornaram Granier e seus jornalistas uma referência para os que estão desesperados para encontrar algo ou alguém que represente a justiça na Venezuela.

A RCTV teve o líder perfeito nessas circunstâncias extremas: um homem sereno que nunca se acovardou diante de forças terríveis – nem quando Chávez promulgou a Lei de Responsabilidade Social e modificou o Código Penal alguns anos atrás, para amordaçar a mídia radiofônica e televisiva, nem quando os Círculos Bolivarianos organizados pelo governo atacaram seus empregados, nem quando seu caixão foi exibido nas ruas como uma ameaça de morte.

Chávez está certo em ter medo de um homem desses. Granier triplicou os investimentos de sua empresa na Venezuela quando tudo lhe dizia que ele iria se arrepender da decisão e, com jornalismo crítico e entretenimento, conseguiu obter 44% da audiência nacional.

Com sua coragem característica, Granier disse: “Vamos voltar ao trabalho na segunda-feira, mesmo que estejamos fora do ar e as pessoas não possam ver o que estamos fazendo.” Na Chavezlândia, tal homem é realmente intolerável.

O lado de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a não-renovação da concessão da RCTV pelo presidente venezuelano Hugo Chávez foi um ato tão democrático quanto seria a possível manutenção da concessão da emissora.

Em entrevista exclusiva à Folha (só para assinantes), Lula ressaltou que não dá para “ideologizar” o tema, pois o mesmo Estado que dá uma concessão é o mesmo que não dá.

Taí para não ficar mais dúvidas quanto ao lado que Lula escolheu no episódio. Tivesse o Brasil instituições frágeis, como as venezuelanas, já teria feito a mesma coisa. Como não pode, usa as armas que tem: a propaganda institucional. Falou bem do governo? Toma propaganda da Petrobrás, do Banco do Brasil, etc. Falou mal? Se vira com seus leitores.

O grande trunfo do governo é a quantidade de partidários lulistas espalhados pelas redações sempre prontos a defendê-lo, seja qual for o assunto. Alguns pensadores já começam a manifestar uma opinião preocupante: o nosso guia é mais perigoso que o venezuelano.

E explicam. As manifestações da última semana em Caracas mostram que a população está pelo menos dividida e consegue se reunir para protestar. Aqui no Brasil não temos nada parecido. Os não lulistas estão mudos, incapazes de se mobilizar. Chegará um dia em que os venezuelanos darão um basta ao Chavizmo e aprenderão a não flertar com populistas-socialistas.

Aqui vai ser bem mais difícil. A oportunidade de varrer o nosso guia nas urnas foi perdida, em grande parte por culpa da própria oposição. Nas próximas eleições, sempre partindo do princípio que não será candidato, sairá para preparar-se para 2014. A bomba que deixará no colo de seu sucessor é um passaporte para sua volta triunfal para mais 8 anos.

E não é só isso. Mesmo fora do poder deixará uma herança maldita, como gosta de falar. Uma estrutura estatal toda infectada de partidários lulistas, sempre prontos a usar a máquina pública em seu favor. É como uma infecção por vírus. Já existiam antes de assumir a presidência, se multiplicaram e não param de crescer. São silenciosos e resistentes em sua maioria. Exigiria grande força política para extirpá-los da máquina pública.

E não é só no Estado. Estão nas redações, nos sindicatos, qualquer forma de organização comunitária e, pior de tudo, nas Universidades e escolas. O lulismo criou condições para sobreviver e ser passado por gerações.

Esta é a verdadeira herança maldita.

Retratos de uma sociedade

No carro um avô dirige. O neto, no banco de trás, chupa uma bala. Pelo retrovisor vê o menino colocar o papel dobrado no cantinho da porta.
__ Meu filho, não coloca aí não. Pode jogar pela janela.
__ Pode não vô. Vai entupir a rua se chover.

Uma pessoa sai feliz da lanchonete e diz para o amigo.
__ Ganhei o dia!
__ Que houve?
__ Paguei com uma nota de R$ 5 e recebi troco para R$ 50!
__ Valeu a pena hein?
__ Se valeu.

__ Tenho terror desta matéria. Repeti ela na faculdade.
__ Foi mesmo?
__ Foi. O professor era o maior carrasco! Ninguém entendia nada que ele falava.
__ Então deve ter ficado um monte de gente.
__ Que nada… passou quase todo mundo. Fui a única que não colou…

__ Cara deixa de ser bobo, pode lançar aí.
__ Mas não tem perigo?
__ Não, este campo eles não conferem. Não tem como. Pode lançar e pegar de volta na devolução. Foi um cara da receita que me ensinou.

__ Estou a duas semanas sem ver televisão.
__ O que houve?
__ Cortaram meu gato da net.
__ Que azar!
__ Pois é, e não tem nem um 0800 para reclamar!

__ Faz anos que não compro um software. São muito caros! Para que pagar se dá para baixar de graça na internet!

__ E aí ? Beleza? Vamos que estamos em cima da hora.
__ Seguinte, pode ir, leva meu ingresso e tenta passar.
__ O que houve?
__ Para todos os efeitos fui no jogo contigo. Vou aproveitar que a mulher me deu a liberação e fazer um programa paralelo…

Todas estas estórias são reais. Fui personagem de umas, escutei outras; todas envolvem pessoas de bem. Este é um pequeno mosaico de nossa sociedade, de nossa moral tortuosa e relativa. Não estou aqui para julgar ninguém. O leitor que tire suas próprias conclusões, como tiro as minhas.


Um dos temas que tenho me interessado ultimamente é o anti-americanismo na América Latina, particularmente no Brasil. Confesso que até bem pouco tempo padecia deste mesmo mal, tão bem retratado em duas obras que li recentemente: O Manual do Perfeito Idiota Latino-americano e A Grande Parada. Uma das constatações recentes é de que os americanos são mais odiados no Rio de Janeiro do que em Bagdá. Que existem áreas em São Paulo, intelectualizadas, que a repulsa é maior do que em Terã __ um lugar onde os Estados Unidos são chamados de Grande Satã.

Um dos aspectos deste quadro é a questão do entretenimento, particularmente a televisão. Ou os famosos “enlatados” como são referidos por aqui. No caso me prendo às séries televisivas.

Pois os seriados estão para os americanos como as telenovelas estão para os brasileiros. Tirando os telejornais e os eventos esportivos são líderes de audiência, e influenciam boa parte da sociedade.

Hoje estava assistindo um episódio de uma série já extinta chamada Frasier. Para quem não conhece trata-se de uma sitcom, ou uma comédia sobre costumes.

Frasier é um psicanalista que após o divórcio retorna à sua cidade natal, Seattle, e inicia nova carreira como apresentador de um talk show de rádio onde dá conselhos à pessoas com problemas em suas vidas.

Recebe para viver com ele o pai, com quem nunca conseguiu ter uma boa relação. Martin sofreu um acidente que o deixou com problemas de locomoção e impossibilitado de viver sozinho. Os dois passam a ter uma oportunidade de entender este afastamento e criar laços de união.

No episódio que vi hoje, Frasier e seu irmão descobrem que algo aconteceu 30 anos antes em umas férias de família. Confrontado pelos filhos, Martin reconhece que teve um caso com a vizinha no período, que não se orgulha do que fez e que considera o caso encerrado.

Frasier não se conforma com a traição do pai e sofre pela memória da mãe, já falecida. Acaba descobrindo que a estória era justamente o inverso, fora sua mãe quem tivera o caso. Em nova conversa, seu pai admite que mentiu para preservar a memória da esposa.

O que achei interessante, é que a tônica dos episódios gira em torno do personagem principal enfrentando situações cotidianas e tirando importantes ensinamentos. Sim, a sociedade e os homens não são perfeitos, mas existem valores que devem ser buscados.

Da primeira temporada, este é o sétimo episódio que assisti nas duas últimas semanas. Nele foram tratados temas como o respeito mútuo entre o pai e o filho, a ética na profissão, a ironia que por vezes humilha as pessoas, e outros. Todos valores preciosos que se perdem na modernidade.

Muitos seriados americanos giram em torno da propagação destes valores. Gostamos de chamar os americanos de falso-moralistas, que não seguem o que pregam, etc. Mas o fato é que muitos dos seus programas discutem e reafirmam valores morais universais. Basta ver a quantidade de sitcons já produzidos centrados no ideal da família.

Existem os que as ridicularizam? Sim. Os que as questionam? Sim. Mas existem muitos que a defendem e a coloca como centro da vida em sociedade.

Pois dêem uma olhada em nossas novelas e nossos programas. O que predomina em quase 100% das vezes? A desmoralização destes valores e da família. Impiedosamente. E o curioso é que nos colocamos como culturalmente melhores.

Não tenho estômago mais para ver nossa televisão. Prefiro ver seriados como Frasier, que a cada episódio trata com humor e também com sensibilidade temas importantes; com boas mensagens que muitas vezes desconcertam até mesmo seu personagem principal.

Falar bem de algo que vem dos Estados Unidos é quase pedir para ser apedrejado por aqui. Existe uma crença que estão sempre errados. Se hora mostram um adultério são acusados de denegrir valores, se apresentam a fidelidade são acusados de serem moralistas. Não tem como acertar.

Certos somos nós em nossa moral tortuosa que glorifica personagens como Foguinho ou Alemão, mostrando a pobreza de valores que somos submetidos todas as vezes que ligamos a televisão.

Debate sobre cotas raciais

Um interessante debate sobre cotas raciais foi feito no Estadão entre o geógrafo Demétrio Magnoli e o administrador de empresas Hélio Santos. O primeiro posiciona-se contra as cotas e o segundo à favor. Já li um livro de Magnoli, O Grande Jogo, onde já esboçava sua posição sobre o assunto. Atualmente estou utilizando mais dois livros de sua autoria para estudar Geopolítica. A Veja desta semana também toca no assunto (ainda não li a matéria). Parece que esta semana haverá discussões sobre o assunto, o que é sempre bom.

Segue link:
http://cantodojota.go2net.ws/DebateCotas.html

Eterna vigilância

O editorial do Globo de hoje toca em um assunto que tenho pensado bastante ultimamente, o enfraquecimento do poder Legislativo.

O periódico lembra que este enfraquecimento tem sido acompanhado por um fortalecimento excessivo do poder Executivo e, coloca como uma das causas, o carisma do presidente da república.

Lembra que a multiplicação de cargos de confiança nas mãos do poder central constitui um poderoso instrumento “para cooptar adversários ou indiferentes“.

O risco é uma “nova e poderosa versão de populismo“. O Globo lembra que é muito pouco provável que cheguemos ao quadro venezuelano, principalmente devido à complexidade política e social do Brasil.

Mas a situação argentina já constitui-se um modelo mais próximo, onde “o presidente governa de olho nas ruas, por cima dos partidos“.

Um agravante é o gigantismo do Estado brasileiro, que “abocanha parcela despropositada da riqueza nacional“.

Conclui lembrando que, em períodos recentes, o Brasil distanciava-se dos demais países latino-americanos em termos de construção institucional; o cenário atual, demonstra que o caminha para a modernidade é ainda longo e que o preço da democracia “é a eterna vigilância“.

Mais um absurdo ideológico

Ano passado li um texto muito interessante da jornalista Mirian Macedo, que retirava a filha de um celégio devido ao que viu em seu material didático. A jornalista publicou uma carta aberta no site www.escolasempartido.org. Pois o sistema COC após utilizar o direito de resposta do próprio site abriu processo contra a jornalista e todos os sites que noticiaram a carta. Abaixo o texto da jornalista para que reflitam um pouco sobre a situação atual do Brasil.

Acabei de tirar minha filha, de 14 anos, do Colégio Pentágono/COC (unidade Morumbi – São Paulo) em protesto contra o método pedagógico “porno-marxista” adotado pela escola no ensino médio este ano. O sistema COC, que começou como cursinho pré-vestibular há cerca de 40 anos em Ribeirão Preto-SP, está implantado hoje em mais de 150 escolas em todo Brasil, atingindo cerca de 200 mil alunos. O Pentágono – que, além do Morumbi, tem colégios em Alphaville e Perdizes – é uma das escolas-parceiras.
As provas de desvio moral-ideológico são incontáveis. Numa apostila de redação, a escola ensina “como se conjuga um empresário” e, para tanto, fornece uma seqüência de verbos retratando a rotina diária deste profissional:

“Acordou, barbeou-se… beijou, saiu, entrou… despachou… vendeu, ganhou, lucrou, lesou, explorou, burlou… convocou, elogiou, bolinou, estimulou, beijou, convidou… despiu-se… deitou-se, mexeu, gemeu, fungou, babou, antecipou, frustrou… saiu… chegou, beijou, negou, etc., etc.”.

A página 4 da apostila de Gramática ostenta a letra de uma música de Charlie Brown Jr, intitulada Papo Reto (Prazer É Sexo O Resto É Negócio) – assim mesmo, tudo em maiúscula, sem vírgula. Está escrito:
“Otário, eu vou te avisar:/ o teu intelecto é de mosca de bar/ (…) Então já era,/ Eu vou fazer de um jeito que ela não vai esquecer”.

Noutro exemplo, uma letra de Vitor Martins, da música Vitoriosa:
“Quero sua alegria escandalosa/ vitoriosa por não ter vergonha/ de aprender como se goza”.

As apostilas de História e Geografia, pontilhadas de frases-epígrafes de Karl Marx e escritas em ‘português ruim’, contêm gravíssimos erros de informação e falsificação de dados históricos. Não passam, na verdade, de escancarados panfletos esquerdejosos que as frases abaixo, copiadas literalmente, exemplificam bem:
“Sabemos que a história é escrita pelo vencedor; daí o derrotado sempre ser apresentado como culpado ou condições de inferioridade (sic). Podemos tomar como exemplo a escravidão no Brasil, justificada pela condição de inferioridade do negro, colocado (sic) como animal, pois era ‘desprovido de alma’. Como catequizar um animal? Além da Igreja, que legitimou tal sandice, a quem mais interessava tamanha besteira? Aos comerciantes do tráfico de escravos e aos proprietários rurais. Assim, o negro dava lucro ao comerciante, como mercadoria, e ao latifundiário, como trabalhador. A história pode, dessa forma, ser manipulada para justificar e legitimar os interesses das camadas dominantes em uma determinada época”.

Sandice é dizer que a Igreja legitimou a escravidão. Em 1537, o Papa Paulo III publicou a Bula Veritas Ipsa (também chamada Sublimis Deus), condenando a escravidão dos ‘índios e as mais gentes’. Dizia o documento, aqui transcrito em português da época que “com authoridade Apostolica, pello teor das presentes, determinamos, & declaramos, que os ditos Indios, & todas as mais gentes que daqui em diante vierem á noticia dos Christãos, ainda que estejão fóra da Fé de Christo, não estão privados, nem devem sello, de sua liberdade, nem do dominio de seus bens, & que não devem ser reduzidos a servidão”.

Outra pérola do samba do crioulo doido, extraída da apostila de História:
“O progresso técnico aplicado à agricultura (…) levou o homem a estabelecer seu domínio sobre a produção agrícola em detrimento da mulher”.

Ok, feministas. Agora, tratem de explicar a importância e o poder das inúmeras deusas na mitologia dos povos mesopotâmicos, especialmente Inana/Ishtar, chamada de Rainha do Céu e da Terra, Alta Sacerdotisa dos Céus, Estrela Matutina e Vespertina e que integrava, com igual poder, a Assembléia dos Deuses, ao lado de Anu, Enlil, Enki, Ninhursag, Nana e Shamash. Na Suméria,”tanto deuses quanto deusas eram patronos da cultura; forças tanto femininas quanto masculinas estavam envolvidas com a criação da civilização. A realidade dos papéis das mulheres dentro de casa estava em perfeito acordo com a projeção destes papéis no mundo divino”. (Tikva Frymer-Kensky em seu livro de 1992, In the Wake of Goddesses: Women, Culture and Transformation of Pagan Myth. Fawcet-Columbine, New York.

Mais delírio marxista de viés esquerdológico:
“Estas transformações provocaram a dissolução das comunidades neolíticas, como também da propriedade coletiva, dando lugar à propriedade privada e à formação das classes sociais, isto é, a propriedade privada deu origem às desigualdades sociais – daí as classes sociais – e a um poder teoricamente colocado acima delas, como árbitro dos antagonismos e contradições, mas que, no final de tudo, é o legitimador e sustentáculo disso: o Estado”. (Definição de propriedade privada, classes sociais e de Estado, em sentido marxista, no neolítico, nem Marx!).

Calma, não acabou: No capítulo sobre a Mesopotâmia, a apostila informa que o deus Marduk (grafado Manduque) ordenou a ‘Gilgamés’ que construísse uma arca para escapar do dilúvio. (Gilgamesh é, na verdade, descendente do Noé caldeu/sumério, chamado Utnapishtin/Ziusudra. É Utnapishtin que conta a Gilgamesh a história da arca e do dilúvio. Há versões em que Ubaretut, filho de Enki, é que é o verdadeiro Noé; Utnapishtin apenas revela a história do dilúvio a Gilgamesh).

Outro trecho informa que o “dilúvio seria enviado por Deus, como castigo às cidades de Sodoma e Gomorra”. (Em Genesis (19,24), lê-se: “O Senhor fez então chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra”. Além disto, a destruição de Sodoma e Gomorra nada tem a ver com Noé e sim, com o patriarca Abraão e seu sobrinho Ló).

Outros achados:

“Diz a tradição que Sargão era filho de um jardineiro, o que nos faz pensar que, nesta época, como era possível alguém das chamadas camadas baixas da sociedade, ter acesso ao poder?”. (Que reflexão revolucionária! E que estilo!).

No capítulo “Geografia das contradições” lê-se: “Uma das graves contradições relaciona-se à economia: na sociedade capitalista quase todos trabalham para gerar riquezas, mas apenas uma minoria burguesa se apropria dela (sic) (…) Por outro lado, é necessário compreender que a sociedade foi e é organizada por meio das relacões sociais de produção. Entre nós, e na maioria dos países, temos o modo de produção capitalista, em que a relação básica é representada pelo trabalho. Nele encontram-se os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores que, não possuindo os meios de produção, vendem sua força de trabalho”. (Marxismo puro, simples assim).

O mais grave é que estas apostilas, de viés ideológico explícito, vêm sendo adotadas por um número cada vez maior de escolas no País. Além das escolas próprias, o COC faz parcerias com quem queira adotar o sistema, como aconteceu este ano com o Colégio Pentágono, onde minha filha estuda desde o primário. Estas apostilas têm de ser proibidas e as escolas-parceiras e o COC têm de ser responsabilizados. É a escuridão reinante.