Sibá Machado

Sibá Machado nunca venceu uma eleição. Perdeu a prefeitura de Plácido de Castro e no máximo tinha conseguido uma vaga como suplente de deputado estadual. Em manobra stalinista assumiu a presidência do PT no Acre e o comando do partido. Acabou se impondo como suplente de Marina Silva. Como a senadora assumiu desde o início o Ministério do Meio Ambiente, acabou “herdando” simplesmente o cargo de senador da república.

Sibá Machado é um senador sem voto. Vivia num certo ostracismo até que surgiu a CPI dos correios. Nela destacou-se pela defesa implacável do governo e do PT. A dobradinha com Ideli Salvatti era simplesmente um espetáculo à parte. Ganhou o agradecimento e confiança do planalto.

Sibá Machado é o presidente do Conselho de Ética do Senado. Como nem Cafeteira conseguiu seguir até o fim o papel de relator do simulacro de processo contra Renan Calheiros, assumiu ele próprio a relatoria. O senador sem voto tornou-se o defensor da ética no Senado Federal e relator do processo contra o presidente da casa.

Em poucas linhas mais um absurdo que a política brasileira é capaz, e mais uma mostra de como nosso sistema eleitoral é anacrônico. Em tese, um senador sem um único voto poderia ser presidente do Congresso. O resultado é o que está aí.

O Ministro Temporão e o aborto

Comentei sobre a participação do Ministro da Saúde no Roda Viva meses atrás. Temporão foi claro: defendia o debate sobre o assunto, não necessariamente o aborto. Mostrou toda argumentação à favor da ampliação do direito, mas quando perguntado negou-se a se posicionar na questão. Mas defendia um plebiscito.

Levantou novamente o assunto na época da visita do papa. Bento XVI foi taxativo sobre a posição da Igreja: não. Pesquisa da Folha: maioria do povo é contra. As próprias associações e ONGs que defendem a ampliação posicionou-se contra o plebiscito. Na época comentei que o plebiscito deixaria de ser estratégia, partiriam para o congresso onde a população não dá pitaco.

Pois leio hoje que Temporão defende que o Congresso faça a mudança da lei, e urgente. É um democrata não? Vendo que sua tese não encontra respaldo popular, tenta agora que seja feita na surdina, sem um debate nacional à respeito.

Ah, mas os deputados são eleitos para isso, para representar a população. Primeiro que a esmagadora maioria é eleita por votos de sua legenda, e dizer que representam um eleitorado é uma grande falácia. Não digo que deveriam deixar de existir, melhor com eles do que sem Congresso. Mas o fato é que nosso sistema é viciado e não funciona em termos de representação popular.

Mas o principal é que um assunto desses, em qualquer sociedade que se preze, é motivo para debate amplo e irrestrito. Basta lembrar que Portugal ampliou o direito ao aborto através de consulta popular. Não por vontade exclusiva de seu parlamento.

A sociedade deve ficar vigilante. A maioria é contra, mas políticos, o partido do poder, e grande parte da mídia são à favor. Se querem o debate que se faça, mas no arrepio não!

Caso Lamarca

Carlos Lamarca era oficial do Exército. Em 1969, desertou levando com ele parte do armamento da unidade em que servia. Ingressou um dos movimentos revolucionários que tentavam implantar um regime socialista no Brasil, seguindo o modelo cubano. Praticou atos terroristas, matou gente e foi morto em 1971.

A justiça em 1993 resolveu pagar à viúva uma pensão referente a um soldo de Coronel, cerca de R$ 9.500,00. Agora uma comissão do Ministério da Justiça resolveu promovê-lo de fato promovê-lo ao posto e pagar a pensão de General de Brigada, cerca de R$ 12.500,00.

É um total absurdo, e constitui o que fica bem definido como “bolsa terrorista”. No regime militar, de acordo com dados da Comissão foi responsável pela morte ou desaparecimento de 424 pessoas.

Lamarca e seus companheiros lutavam para transformar o Brasil em uma grande Cuba. Aplicada a “taxa” do regime de Fidel (83 a cada 100.000 habitantes), teríamos por aqui cerca de 150.000 mortos ou desaparecidos políticos. Um número bem mais marcante não?

Uma coisa é pagar uma indenização para Vladimir Herzog, que foi torturado e morto, sob a custódia do Estado, por suas convicções ideológicas. Outra bem diferente é indenizar um desertor e terrorista, que foi responsável por mortes de inocentes pelo seu sonho socialista.

Existe um mito plantado no inconsciente coletivo brasileiro de que os que lutaram contra o regime militar lutavam pela liberdade. É falso. Boa parte lutava para substituir o governo existente por uma ditadura socialista. Todos? Claro que não. Gente como Ulysses Guimarães queria o fim do regime e a implantação da democracia. Lamarca, em qualquer país civilizado receberia o título que merece: terrorista.

Mas por aqui já ganhou até filme.

É necessário que este festival de pensões seja revisto, a sociedade precisa saber para quem e por que está pagando fortunas milionárias. E a sociedade precisa decidir se concorda com esta conta, que não é pequena.

Como disse Millôr, eles não estavam fazendo uma revolução, mas um investimento.

“Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja o melhor possível, o vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vêm, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados.”

Sócrates
Narrado por Platão em “Apologia de Sócrates”

A Samaritana

Hoje assisti uma palestra muito bonita sobre uma passagem do Evangelho de João.

Jesus, ainda no início de sua pregação, quebra vários paradigmas de sua época, particularmente do povo judeu, e pela primeira vez se anuncia como o Messias.

Uma vez, em discussão com um amigo, este questionava a interpretação da bíblica. Afirmava que não existia possíveis interpretações para o texto escrito, que a mensagem era clara.

Não concordei na época, e muito menos agora. Se um texto de duas linhas pode ser interpretado de forma diferente por quem o lê, como poderia o texto bíblico, com toda sua riqueza e repleto de simbolismo, chegar da mesma forma à todas as pessoas?

O que me chamou atenção, em particular na história denominada “A Samaritana” foi a questão da mulher na sociedade patriarcal da época. Reinaldo Azevedo, defendeu faz algumas semanas, o papel do cristianismo como redentor da mulher na sociedade. Depois coloco o texto dele.

O fato é que cheguei em casa agora a pouco e coloquei as idéias da palestra para não esquecê-las, e divido com quem quiser através do link abaixo:

A Samaritana