Invasão da reitoria da USP, próximo do desfecho

Encontra-se perto do final o absurdo que está se vendo na USP. O lado bom é poder ver o método clássico das esquerdas para tratar a democracia.

A USP tem mais de 80.000 alunos matriculados. Pois um grupo de cerca de 200 fizeram uma assembléia e decidiram invadir a reitoria da USP para protestar contra decretos do governador do estado que atentariam contra a autonomia universitária. Os alunos estão sendo conduzidos pelo Sintusp, o sindicato de funcionários da USP.

Como todo sindicato que se preze está sobre o controle do PT e alguns outros de esquerda (PSOL, PSTU). Seguem a orientação do partido de fazer oposição sistemática de todas as formas possíveis ao Serra, como forma de fragilizá-lo para a campanha de 2010.

A reitora da universidade, Suely Vilela, achou que o movimento poderia ser util e precionar o governador a retirar o decreto que a obriga, junto com os demais reitores de universidades estaduais, a lançar os gastos no sistema de acompanhamento financeiro. Num exemplo de democracia e zelo pelo dinheiro público não querem que o contribuinte saiba em que está sendo gasto os recursos. Esta é a ameaça à autonomia universitária.

O método das decisões é simples. É feito uma assembléia com os desocupados e truculência de sempre e uma extrema minoria decide, como se fosse maioria, por ações como a invasão e posteriormente as greves de professores e funcionários. Normalmente esta representação não chega a 10%.

No presente caso acrescenta-se o marxismo vagabundo de alguns professores da FFLCH e está feio a equação do Maio de 68 tupiniquim. É só ver nos textos desse pessoal: é mais valia para cá, direitos burgueses para lá. Ainda não acordaram para o século XXI.

Em um dos blogs do movimento chegaram a colocar como direito burguês o direito de ir e vir. Mais Stalinista que isso impossível. Claro que no meio deles encontra-se pesos pesados como Marilena Chauí (aquela que viu o mensalão como uma perseguição da mídia) e Antônio Cândido.

Pelos relatos fica-se sabendo que pelos alunos a desocupação já teria sido feita. Mas o Sintusp os convenceu a ficar lá. O que querem? A polícia invadindo, as imagens da “truculência” do governo Serra. Quanto mais feridos melhor. Querem sangue de “inocentes”.

Ontem “professores” protestaram diante da Assembléia Legislativa. 21 feridos. TODOS policiais. Fica evidente que partiram para cima da polícia tentando ganhar alguns ferimentos. A falta de feridos do lado da baderna indica claramente que força estadual sabe disso e está fazendo o máximo para evitar o desfecho desejado.

Ontem um grupo do MST invadiu Tucuruí. Lula mandou o Exército para lá e deixou claro que o pau ia comer. A usina já foi desocupada. E desta vez fez o certo.

A reitora tentou se aproveitar do movimento. Não conseguiu. Apesar dos esforços de parte da mídia fica claro que os estudantes não conseguiram o apoio popular desejado. Conseguiram repúdio da sociedade em geral que paga para estudarem, não para promover baderna. Depois tentou negociar, como se o bando estivesse realmente interessado em alguma reivindicação. Não estão, querem sair debaixo de holofotes e levando safanões.

Por toda a universidade aparecem relatos de alunos e professores que estão sendo agredidos por suas tentativas de continuarem com as aulas. Os grevistas afirmam que o direito deles de assistir aula fere o dos gevistas em fazer greve. Greve decidida por uma minoria.

Mais um retrato do Brasil.

Para acompanhar com detalhes o que está acontecendo o melhor lugar é o Blog do Reinaldo Azevedo. O link está do lado.

Exigências dos "terroristas" da USP

Beira ao total ridículo a lista de 17 exigências que os vândalos que invadiram a reitoria a vinte dias apresentou à reitora da Universidade. Mostra bem o que esta gente pensa do dinheiro público. Segundo eles a sociedade não possui o menor direito sobre sua utilização, nem mesmo de saber para que serve.

Entre os itens apresentados existe um que me chamou a atenção de imediato: o governo incentiva a lógica mercantil do ensino. A tese é que a universidade não pode estar atrelada ao mercado real, deve ser consagrada ao ensino “puro”, independente do mundo. Lembrei do slogam de uma faculdade canadense que minha irmã citou outro dia: uma faculdade real para um mundo real.

Não é à toa que a maioria dos alunos e dos professores que os apóiam sejam das ciências humanas e desprezem tanto as tecnológicas. Querem esquecer que muita das teses defendidas pelo grupelho, como o socialismo, foi experimentado na vida real e o resultado foi um completo desastre. Um autor como Friedman, cujas idéias conduziram EUA e Inglaterra à retomada do crescimento econômico na década de 80 é ignorado nas faculdades de economia, enquanto que os teóricos do atraso são citados à exaustão, como Maria da Conceição Tavares.

Em outro item pedem que planos e metas sejam de conhecimento de alunos e… funcionários! Que sejam de conhecimento dos alunos é até razoável, mas dos funcionários? Por que? Qual é a função que se deseja deles em uma universidade?

Sobre as moradias pedem a autonomia dos moradores sobre o espaço que utilizam. Parece piada, mas não é. O contribuinte paga a “hospedagem” e ainda tem que aceitar que se utilize o espaço, por exemplo, para escritório do MST. Só no Brasil…

Não sei mais o que a polícia está esperando. Está claro que os alunos não querem negociar nada. Estão furiosos com os editoriais contrários e a passada para trás da magnífica reitora. Querem pelo menos levar uns safanões dos policiais e bradar que a democracia está sendo agredida.

E está mesmo, por um grupo de indivíduos que se acham no direito de invadir um prédio público, depredá-lo, invadir arquivos confidenciais e não ser responsabilizado pela balbúrdia. O que fazem os pais destes indivíduos que não os retiram com puxões de orelha?

Reformas insitucionais

Em seu artigo de hoje no Globo, Merval Pereira toca no ponto. Falando sobre a operação Navalha coloca como imperativo a aprovação de reformas institucionais.

Cita o advogado e cientista político, Nelson Paes Leme que gosta de utilizar a palavra “impunibilidade”. Mais do que a impunidade, “que é o ato de restar alguém impune”, a “impunibilidade” pode ser definida como a “insuficiência, incapacidade ou a caducidade dos mecanismos judiciais e policiais do Estado para punir”.

Critica o Código Penal e a Lei de Execuções Penais como instrumentos elitistas e caducos, que já não refletem o mundo atual. Desconhece a ousadia dos cartéis do tráfico, pirataria cibernética, devastação ambiental e o colarinho branco.

Cita também o deputado Chico Alencar, do PSOL, que questiona o limite para finaciamento de campanha e a relação mandatos-empresas. Questiona ainda o instrumento das emendas parlamentares individuais, “fonte permanente de corrupção”. As emendas em si não deveriam acabar, mas sim a aprovação automática, sem que o projeto seja discutido.

Merval também chama atenção para o possível uso abusivo da “prisão temporária”, que só deveria ser utilizada em determinados momentos e não de forma generalizada. Suspeitos estão sendo presos sem provas consistentes, o que os impede de ser efetivamente condenados.

O jargão “a polícia prende e a justiça solta” também não se sustenta, à medida que toda investigação e as conseqüentes prisões são previamente autorizadas por um juiz, desembargador ou ministro de tribunal. Sem a autorização judicial sequer haveria prisões.

Sobre temas institucionais

Veja on-line:

O Conselho Nacional do Ministério Público acaba de condenar o procurador Luiz Francisco de Souza a 45 dias de suspensão por causa de sua atuação no “caso Eduardo Jorge”, o ex-secretário-geral da presidência nos tempos de FHC. O conselho considerou que houve “falta continuada” de Luiz Francisco nos processos que envolviam EJ – ou seja, uma série de procedimentos considerados inadequados. O ex-enfant terrible do MP foi condenado por 9 a 0.

Para quem não lembra, Luiz Francisco era procurador do MP na época do governo FHC. O mais barulhento de todos. Quando Lula assumiu ele… sumiu. E ainda confidenciou que tinha sido muito duro com o governo tucano.

Eduardo Jorge, uma das vítimas do belicoso procurador, entrou com representação no Conselho Nacional do Ministério Público sobre os procedimentos de seu algoz. O Conselho acatou por unanimidade e aplicou uma suspensão, mínima que seja, mas que revelou o mérito do caso.

É um bom alerta para os que consideram os Procuradores, e por extensão os promotores, acima do bem e do mal. Não são, e suas denúncias devem ser analisadas com pelo menos um pouco de espírito crítico, o que a imprensa não têm feito. Nossa imprensa tem fugido do jornalismo mais cerebral, onde argumentos são contestados por evidências lógicas. É só abrir o jornal: fulano disse isto, o outro disse aquilo. E daí? Tudo muito simples, um exemplo é a invasão da reitoria da USP.

Alguns jornais noticiaram que os invasores acusaram Serra aprovar decretos que atingem a autonomia universitária. Não disseram que decretos eram estes, e nem poderiam pois não existem. Se não existem deveriam ter noticiado que não existem, e não deixar o leitor se indagando se os invasores podem ou não ter razão. A maior parte das matérias só expressam opiniões quando favorecem o servilismo lulista-petista das redações, como bem ressaltou Otávio Frias no Estadão semana passada.

Reinaldo Azevedo resumiu bem em seu blog. Os jornais gastam quase todo seu espaço cobrindo a corrupção, que realmente é gigantesca, e muito pouco para temas institucionais, como a invasão da reitoria da USP. O grande problema é que são justamente estes temas institucionais que possibilitam que a corrupção atinja o ponto em que chegou.

O caso Eduardo Jorge – Luiz Francisco refletem bem o que é um tema institucional. Um procurador da república utiliza as prerrogativas do cargo para perseguir políticos que não são de sua simpatia. Como evitar fatos desta natureza? Como impedir os abusos de um procurador?

Este é um dos temas que ninguém deseja tratar.

Situação na USP


A grande mídia está evitando o assunto, mas a tendência é mudar agora com a intervenção da polícia. Provavelmente do lado errado. Qual é o lado errado? Normalmente o que Suplicy tomar, e ele já tomou.

Fazem duas semanas que um grupo de 300 estudantes invadiu a reitoria da USP. De início bradaram que estavam defendendo a autonomia da Universidade, que estaria sido ameaçado por Serra. Nunca esteve. O governador só quer que os gastos do orçamento de 1,9 Bilhões de reais sejam lançado no sistema de acompanhamento financeiro do estado, o SIAFEN.

O grupo de pseudo-estudantes depredou a reitoria e invadiu arquivos confidenciais dos alunos da Universidade. O comportamento da magnífica reitora (Suely Vilela) é uma vergonha para o cargo que ocupa. Sem qualquer negociação atendeu a todas as reivindicações. Sim, a esta altura o discurso pela autonomia já tinha caído e surgido uma lista de pedidos. Não foi capaz nem de desligar a internet do prédio, permitindo que os invasores mantivessem um blog. Depois de 12 dias, diante da ameaça da procuradoria de ser processada por prevaricação, pediu à justiça a reintegração de posse.

Se tivesse vergonha na cara, o que aparentemente não tem, já teria renunciado. Professores e alunos de verdade têm se manifestado por e-mails em defesa da ordem legal. Muitos sofrem ameaças. O foco da desordem é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanos. Estão ligados ao sindicato de funcionários, PT, PSOL, PSTU e adjacências. E é claro às idéias sectárias de sempre.

A grande questão é que uma minoria de alunos e professores constantemente promovem greves e paralisações impedindo que à maioria assista suas aulas. E ninguém pode fazer nada, nem mesmo o governador (as universidades são estaduais) para não feria a autonomia da instituição.

Que autonomia é esta que coloca este grupo acima das leis?

A expectativa dos baderneiros agora é resistir à polícia. Tudo que desejam é alguns safanões para mostrar a brutalidade da polícia e se colocar como movimento estudantil, uma espécie de Maio de 68 uspiana.

Como escrevi no início, o intragável Suplicy já foi lá mostrar solidariedade aos vândalos, da mesma forma que defendeu outros na semana passada, que saquearam lojas e destruíram carros. Acusou a brutalidade da polícia na ocasião.

Alguns professores, a maioria da FFLCH, hipotecaram sua solidariedade e condenam qualquer intervenção da polícia. O bando invade um prédio público, promove baderna, invade dados confidências de alunos, e a polícia não pode intervir? Não só deve, como o grupelho deve ser processado pelos crimes praticados.

O orçamento de 2 Bilhões de reais não sai do além. Sai de milhões de paulistas que esperam, pelo menos, que seja utilizado para os fins a que se destina: a educação da futura elite paulista e do Brasil. Pelo que se viu do comportamento da reitora e dos professores “humanistas” é mais uma montanha de dinheiro jogado fora.

Se na USP é assim, imagino o resto.

Por que?

Hoje estava voltando de minha corrida quando cruzei com um senhor barbado que volta e meia está na pista Cláudio Coutinho. Sempre repara em suas camisas, já vi do PSTU, do PSB, do Botafogo e do PC do B. Tirando a do Botafogo, as outras já dão uma idéia do que vai pela cabeça do homem.

Hoje ele estava com uma da União Soviética, com os antigos dizeres CCCP.

Parecia uma cena normal, mas vi desta maneira. Fiquei imaginando se algum imbecil resolvesse desfilar com uma camisa da SS nazista. Em muitos países seria até crime, afinal os nazistas mataram milhões de pessoas desarmadas e sem direito à defesa.

Mas a União Soviética também matou milhões de pessoas desarmadas sem direito à defesa. Por que então somos tolerantes com os crimes comunistas? Não defendo a tolerância ao nazismo, muito pelo contrário, defendo a intolerância com ambos, nazistas e comunistas.

Aliás este é um dos temas do livro que estou lendo, “A Grande Parada” de François Revel. O autor faz um paralelo entre as duas ideologias e as semelhanças são gritantes. E nem poderia deixar de ser uma vez que Hitler foi profundamente influenciado pela obra de Marx e a revolução de Lenin.

Mas a União Soviética combateu o nazismo, dizem uns. Combateu porque foi atacada, pois até aquele momento tinha um pacto com Hitler e inclusive participou da invasão da Polônia. Após a rendição polonesa cumprindo ordens de Stalin 21.857 oficiais do país ocupado foram fuzilados em 1939 no episódio esquecido de Katyn.

Outros dizem que Stalin traiu os ideais de Lenin, outro que vejo o rosto em muitas camisas. Outra mentira. O número de vítimas da benevolência leninista é calculado em torno de dois milhões e meio de mortos no período entre 1918 a 1920.

Existe uma crença que o comunismo soviético não é o socialismo ideal sonhado por Marx. Quanto mais eu leio mais eu me convenço que foi exatamente o que o ideólogo alemão previu. Reforça-se ainda o fato de todas as experiências socialistas, em todos os cantos do mundo, terem sido acompanhada do totalitarismo e o massacre de cidadãos pelo estado.

A diferença é que o nazismo saiu de suas fronteiras, o comunismo se contentou em eliminar sua própria gente. Não consigo identificar qual é mais ou menos cruel do que o outro. Mas ainda tem gente que defende o direito de um povo massacrar o próprio povo.

Outro dia discutindo sobre a ocupação no Iraque argumentaram comigo que os Estados Unidos tinham que sair hoje. Retruquei que se assim o fizessem, haveria um banho de sangue entre os iraquianos no dia seguinte. Mesmo assim, me responderam, o problema passa a ser do Iraque.

Até que ponto nossos ódios ideológicos nos cegam a ponto de fechar os olhos para a morte de inocentes? Quanto demorará para se reconhecer definitivamente que a experiência comunista foi um crime contra o povo russo? Basta lembrar que este regime encontra defensores fiéis no Brasil, na França, na Espanha, menos onde foi implementado.

Aquele senhor caminhando normalmente na pista hoje afrontou a memória de milhões de mortos. Que ele se prenda ao socialismo ideal, vá lá, acho um erro. Mas que ele faça propaganda o socialismo real, que foi a URSS, aí já é demais.

Uma vergonha de país

São Carlos, 11 de maio de 2007.

Prezado Diretor do IFSC, Presidente do CTA e Membros do CTA,

Comunico-lhes nesta oportunidade, com pesar e mesmo amargura, um fato extremamente importante ocorrido no dia 10/05/2007, que se segue. Se existe algo que cultivei e preservei, como professor nos meus quase 30 anos de carreira universitária, é minha dignidade como educador e pesquisador. Em toda a minha vida de cidadão brasileiro e como professor universitário, nunca tive tal qualidade questionada, muito menos roubada e vilipendiada, como aconteceu na referida data.

Ao tentar adentrar, por volta de 6:40 h da data mencionada acima, no campus da USP/São Carlos (entrada pelos fundos do ICMC), como sempre o faço, recebi ordens verbais de um pequeno grupo de funcionários e alunos para não fazê-lo, pois esta era a recomendação tirada em assembléia de suas categorias. Tentei conversar e disse a eles que os respeitava e respeitava também o direito de eles fazerem suas manifestações, porém queria que me respeitassem como cidadão, o meu direito de ir e vir em um local público. Ao tentar entrar fui agarrado e impulsionado em direção contrária, por duas vezes, com palavras de ordem para eu ir embora para casa.

Como só havia manifestantes grevistas no local, senti que se insistisse um pouco mais, as conseqüências físicas, além das morais recebidas, seriam desastrosas. Pedi que os funcionários me dessem seus nomes reiteradamente e também os alunos, para que pudesse ao menos buscar valer, a posteriori, os meus direitos. Não obtive respostas, exceto por um dos funcionários que se denominou como “Zé”. Minha indignação foi grande, maior do que se tivesse sofrido um seqüestro, pois, nesse caso, estaria lidando com bandidos e teria a esperança de que fossem punidos pela lei.

Mas, não no presente caso. Estava eu na frente de indivíduos “encapuzados” pela identidade anônima, funcionários da Universidade que tanto prezo e assistidos por alunos que são aqueles a que tenho me dedicado por toda a vida. Uma luta desigual, onde, em nenhum momento, foi respeitada a minha dignidade como professor e ser humano.

Transtornado, fui obrigado a sair do local. Consegui, pelo portão central da USP, também cercado por outros manifestantes com atitudes truculentas, que entrasse no campus, dizendo a eles que nossas conversas estavam sendo gravadas. Ao chegar em minha sala, por volta das 7:30 h, que é defronte à portaria da Física, pude ver cenas típicas da revolução cultural chinesa, patrocinada pelo não saudoso Mão Tse Tung. Vi colegas meus, como o professor. E. E. Castellano, a professora. Ivone Mascarenhas, o professor Milton F. de Souza, passarem por atitudes vexatórias de coerção moral e até física, com funcionários colocando-se na frente da entrada dos professores.

Vi uma cena triste onde o líder dos manifestantes gritava com o professor Silvestre Raguza, gesticulando e dizendo para ele ir embora e, depois, numa atitude humilhante, erguer até meia altura os cordões para que o Professor se curvasse e adentrasse ao campus. Não sei se por humilhação ou por dificuldade física devido à idade, o professor, que tanto contribuiu com diversas gerações de pesquisadores, se retirou humildemente, ficando a poucos metros, pensativo, e, com certeza, desapontado e perplexo antes de retornar para sua casa a passos lentos.

Vi um professor jovem (Daniel Vanzelli) que tinha a passagem interditada pelos manifestantes e só conseguiu entrar após a intervenção minha e do professor Glaucius Oliva, que viemos ao seu socorro após o chamado. Mais tarde, em passeata, passaram os manifestantes em frente à minha sala, pararam e ouvi meu nome, juntamente com o do professor Glaucius, sendo manchado com palavras do mais baixo calão. Mais ainda, dito em público que fui um agressor ao tentar, no período da manhã, adentrar à Universidade. Tudo isto ocorrendo com um conjunto de estudantes, aqueles que tanto prezo, gritando e manchando meu nome.

Senti morrer em mim todo o orgulho e satisfação em dar e preparar os meus cursos nesta Universidade. Senti-me indignado em ministrar cursos a estes alunos que possuem tal opinião a meu respeito. Perdi minha dignidade. Amargurado e revoltado, resolvi ir ao sistema de segurança do Campus verificar se havia gravação dos fatos ocorridos. Qual minha surpresa quando me informaram que, desde o dia 26 de abril de 2007, não havia gravação por motivo de expansão do número de câmeras. O motivo não me convenceu, mas, se o mesmo é verdade, por que não foram comunicados os dirigentes e membros da Universidade? Talvez outras providências pudessem ser tomadas se as gravações tivessem sido feitas.

O que mais me sensibiliza é saber que tais atitudes ocorreram e ocorrerão porque os dirigentes (reitor anterior e a atual), diferentemente das suas responsabilidades de resguardar a nossa dignidade como professores, em todo acordo de greve, a primeira providência é a não punição dos grevistas. Esqueceram-se tais dirigentes que o patrimônio maior da Universidade é a qualidade e a dignidade de seu corpo docente. Quero minha dignidade de volta!

Prof. Dr. Francisco Castilho Alcaraz

Ilmo. Sr.
Prof. Dr. GLAUCIUS OLIVA
Diretor
Instituto de Física de São Carlos
Universidade de São Paulo