Mês: maio 2007
Sobre Renan
O discurso de Renan no senado foi uma das cenas a serem esquecidas da política brasileira. A Veja apresentou matéria acusando o senador de pagar uma pensão de 12.000, mais aluguel de 4.500 para uma filha e a mãe desta. Até aí seria um problema de foro íntimo de Calheiros. A questão é que o dinheiro estaria sendo pago por Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Junior. Gontijo e o advogado da jornalista beneficiada confirmaram a estória, e o primeiro chegou a afirmar que só podia dizer que o dinheiro não era dele e nem do senador…
Pois o presidente do senado levou a esposa e armou um dramalhão de quinta categoria em discurso na casa. Afirmou que sua intimidade tinha sido invadida. Posteriormente acrescentou que estava enfrentando um calvário, e que o faria sozinho.
O fato de ter tido uma amante, uma filha e pagar uma pensão é realmente problema única e exclusivamente dele. O problema não é este. Por que utilizar um Gontijo para levar o dinheiro? Se o dinheiro não era dele qual a origem? São perguntas fáceis de serem respondidas quando existe um motivo plausível. Por que sempre em dinheiro vivo? Qual o problema desse pessoal em fazer tranferência bancária? Será que nossas autoridades não confiam nos serviços bancários?
O que ninguém perguntou ainda é que pensão é esta de R$ 16.500,00? O senador é agora Mick Jagger? E porque não desmentiu Gontijo? Pelo contrário, afirmou que é um amigo de mais de vinte anos….
Lembrou-me de Palocci em duas ocasiões. Na primeira, ao negar as acusações de Buratti foi perguntado se o ex-acessor então estaria mentindo; disse que “não poderia afirmar isso…”. Quando se descobriu da mansão em Brasília que freqüentava em companhia de bicheiros disse também que estavam invadindo sua privacidade…
Os senadores correm em sua defesa. Por trás da confusão pode-se observar as mãos do planalto no fazamento controlado de informações para a mídia. Não é à toa a campanha para enfraquecer o presidente do senado.
Existe um método e existe um grande beneficiado. Não é companheiro?
Fazendo escola
Os números da USP
Aos poucos começa a ser aberta a caixa preta da USP, algo que com certeza os baderneiros profissionais não desejavam.
Para começo de conversa um dado de Gustavo Ioschpe: a média de renda familiar do alunado que entrou na universidade em 2007 é de R$ 6.000,00. Que país é este onde um assalariado ao comprar pão e pagar o ICMS ajuda a subsídiar este privilegiado? E dentre estes alunos existem muitos que nem se dão o trabalho de estudar, como pode ser visto na recente ocupação. O próprio Ioschpe definiu bem em seu artigo na Veja desta semana: é o deboche dos privilegiados da USP.
E não trata-se apenas da gratuidade do ensino. Contam também com subsídios para alimentação, moradia, estacionamento e até xerox. Pagamos impostos para ajudar estes coitados a comer. Eles pagam 1,50 e nós 8,00. É ou não é uma graça? Na definição do Reinaldo Azevedo a USP é a maior máquina de cocô subsídiado do planeta.
A relação de funcionário técnico-administrativo é de 1 para cada 5 alunos. Contra 1 para 23 das particulares. E geralmente com melhor atendimento. Professor aluno? 1 para 15. Na França, pai do iluminismo e do Maio de 68 é 1 para 32.
Os universitários do estado de São Paulo representam 3% do total de alunos paulistas do sistema público. E ficam com 25% dos gastos. E isso porque pela constituição a prioridade de educação no estado deveria ser o ensino médio. O estudante universitário custa 11 vezes mais para o governo estadual do que o aluno do fundamental. Nos países do OCE a relação é de no máximo 3,2 vezes.
O Brasil investe mais em relação ao PIB em educação do que o Japão e a Alemanha. Dá para falar em falta de dinheiro para o setor?
20% do orçamento da USP vai para os “programas sociais” dos alunos. O foco da universidade claramente não é tecnologia e pesquisa, mas promover justiça social. Se é assim é melhor fechar os cursos e fazer apenas estas políticas. Dá mais retorno e é mais eficiente.
Os privilegiados defendem a ampliação destes números. Querem educação superior de qualidade, gratuita e para todos. E assim vão debochando de quem paga os impostos e aos poucos vamos descobrindo porque os nossos melhores cérebros vão para o exterior e porque não temos nenhum prêmio nobel.
Um dia ganharemos um. Com o título de como transformar dinheiro em m…
Impostos, quem paga a conta?
A democracia se perda a cada dia
Chega a ser inacreditável que em pleno século XXI, quase vinte anos após a queda do Muro de Berlin, ainda tenhamos que ver um governo fechando um canal privado de telecomunicações pelo simples motivo de que lhe faz oposição. Tal fato só mostra o quanto as coisas ainda andam atrasadas em relação ao mundo na América Latina.
Chega a ser inacreditável, mas não surpreendente. Este é o padrão do socialismo quando chega ao poder. A cada dia tira-se uma casquinha da democracia de modo que a perda seja diluída no tempo. Basta ler a magistral obra “A Revolução dos Bichos” de Orwell.
No fundo está a impossibilidade de convivência do socialismo com o contraditório. É uma ideologia, e como tal se coloca como a perfeição da humanidade, como uma espécie de bondade coletiva. Ser contra o socialismo é ser contra a evolução humana. Outro dia li uma carta de um estudante de artes da USP definindo a direita como a “representação do egoísmo humano”. E ainda apontava a solução para este tipo de gente: a fogueira.
Pois este é o problema das ideologias. Só pode continuar existindo quem a segue. Não há como existir democracia quando um lado se julga dono da verdade absoluta. Por isso não acredito na vocação “democrática” do socialismo. E a história me deu razão até hoje.
Aulas na reitoria da USP
Fim da prova da OAB?
O senador Gilvam Borges (PMDB-AP) condenou a avaliação feita pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para aprovar novos advogados, por entender que as várias denúncias feitas pela Polícia Federal de fraudes nos exames realizados nas seccionais do Distrito Federal e de Goiás demonstram cabalmente a necessidade de o exame ser extinto ou pelo menos radicalmente redimensionado.
– Considero o exame da OAB uma excrescência, porque reprova noventa e cinco por cento dos candidatos para alimentar a indústria de cursinhos que está enriquecendo muita gente. Não me intimidei, nem me intimidarei com as críticas que venho recebendo. Pergunto por que os médicos, dentistas ou engenheiros não precisam fazer uma prova de aptidão para entrar em suas respectivas profissões e os advogados, sim – acrescentou.
Não precisa pesquisar muito para saber que a grande maioria dos cursos universitários de direito no país são de 5ª categoria. A comparação com os cursos de medicina, odontologia e engenheiros é descabida. Estes cursos não são tão fáceis de serem abertos e mantidos como o de direito. Custa muito para uma universidade manter um curso destes, por isso são os mais caros da rede privada. As faculdades de araque se contentam com os cursos sociais. Nada de tecnologia para atrapalhar.
Cabe ressaltar que um engenheiro ao errar em um projeto vai responder civilmente ou criminalmente por seu erro. O mesmo acontece com o médico. E o advogado? Quando erra um processo, deixa passar o tempo ou mesmo utiliza uma linha de argumentação equivocada. É responsabilizado?
Minha irmã estudou em alguns dos melhores cursos de direito deste país. O que ela tem a relatar é de arrepiar. Em uma universidade pública do Rio de Janeiro uma professora passou um artigo de 10 páginas para os alunos lerem com vistas a um debate na aula seguinte. Na semana seguinte descobriu desolada que nenhum aluno tinha lido. Fez nova tentativa, adiou por mais uma semana. Novamente o mesmo resultado.
Em outra ocasião um professor colocou um tarefa no quadro. Os alunos riram. Disseram que estava muito grande e que não iriam fazer. O professor acabou tendo que cancelar o trabalho. E isto em uma das melhores universidades públicas do país. É o nosso dinheiro sendo bem empregado mais uma vez.
Para resolver o problema a proposta do senador é… eliminar o exame da OAB! Porque reprova 90% dos alunos. Mas qual a razão? Será que a OAB está exigindo coisas do outro mundo ou o nível é realmente horroroso. Tenho lido algumas petições e visto alguns advogados falando que fico até me perguntando como passaram na tal prova. Vale lembrar que os EUA, com alguns dos melhores cursos de direito do mundo, tem uma prova semelhante.
Por que o nobre senador não defende uma melhor qualidade dos cursos brasileiros e uma política de exigência retorno para o investimento da sociedade na formação dos nossos bacharéis? Algo como número máximo de reprovações de aluno, tempo máximo para formação, etc? Ah, já existe? 500 reprovações e 12 anos no máximo? Parece brincadeira mas é por aí o que existe hoje e os “estudantes” rebelados da USP ainda acham que deve aumentar.
Por que as soluções para a educação no Brasil são sempre aprovação automática, fim do vestibular (até sorteio já defenderam), fim da prova da OAB, fim de qualquer tipo de avaliação, desligamento das necessidades do mercado…
Em que país estas medidas deram certo?
Está no editorial do Globo
Muitas dessas organizações que atentam contra a ordem constituída se valem de antigas alianças com o PT e da proximidade do presidente, que, de forma temerária, já permitiu que uma bandeira do MST fosse desfraldada em seu gabinete, enquanto ostentava um chapéu do movimento como se fosse um dos militantes que desrespeitam a lei ao invadir propriedades privadas e depredar instalações de empresas. Espera-se que, assim como Lula parece ter entendido o que de fato representa para o país em ameaças a ação deletéria dos populistas Hugo Chávez e Evo Morales no continente, também compreenda que, para levar adiante o projeto de colocar o Brasil num longo ciclo de crescimento sustentado, terá de abandonar pela estrada antigos aliados, beneficiários de todo um arcabouço de normas e leis feitas para transferir dinheiro público para minorias privilegiadas. Normas e leis que imobilizam o país.
São essas minorias que Lula favorece ao vetar a Emenda 3, que impede que fiscal da Receita seja juiz, contra o interesse do sindicalismo, sempre atento para defender o crescimento do imposto sindical, mesmo que no fundo dessa questão esteja a causa da precariedade nas relações de emprego de mais da metade dos trabalhadores. Por isso, nas manifestações de quarta-feira havia palavras de ordem contra as reformas trabalhista e previdenciária.
A mesma impunidade que incentiva o criminoso comum e o de colarinho branco também dá espaço a estudantes da USP desobedecerem a uma ordem judicial, e estimula esses grupos antidemocráticos a fazerem o que bem entendem nas ruas e estradas, prejudicando milhões de pessoas. O presidente precisa entender o cenário que se desenha à sua frente e fazer a opção correta, em defesa da Constituição.
Em três parágrafos o editorial do Globo conseguiu sintetizar o que tenho falado aqui: o método que une sindicatos, movimentos sociais e agora estudantes da USP. E ainda coloca corretamente a questão do veto à Emenda 3 no meio disso tudo. Está mais do que na hora de se começar a combater os privilégios de uma minoria, que recebem recursos públicos sem qualquer transparência e fiscalização. O governo perguntou sobre o fim da CPMF da onde sairia o recurso para saúde? Que tal combater o desperdício, para começar com o fim do financiamento de grupos baderneiros de esquerda?
É um bom começo.
Legislativo: o grande culpado?
As charges revelam muito sobre o cotidiano no país. Hoje vendo as dos principais jornais do país, como a do post abaixo, fica claro que a operação Navalha já foi fortemente associada ao Congresso Nacional. Várias trazem sua imagem, mas nenhuma traz a do Palácio do Planalto ou da esplanada dos Ministérios. Mais uma vez, com sucesso, o executivo joga a bomba para o outro lado da praça dos 3 poderes. Não é de admirar que a corrupção aparentemente sem fim não cole na imagem do governo. E a imprensa tem parte da culpa.
O tema que ganha destaque é uma CPI para investigar a participação de parlamentares no esquema de desvio de verbas para a empreitera Gautama. Longe de serem inocentes, os parlamentares envolvidos não são os principais atores da bandidagem.
A origem do desvio está nas emendas individuais. Cada parlamentar tem direito a 5 milhões em aprovação automática. Isso todo jornal diz. O que não diz é que o Governo contigencia estas emendas e as libera de acordo com os critérios próprios. E é aí que entra de forma mais forte o esquema.
Cabe aos ministérios liberar estas emendas. O parlamentar, sem o governo, não consegue colocar um níquel nas mãos dos corruptos. Já ao governo cabe não só liberar, como gastar e fiscalizar. Onde está então a principal fonte de corrupção?
Por isso os partidos políticos disputam (da pior forma possível) os cargos em primeiro, segundo, terceiro e demais escalões. Cada cargo deste tem um rubrica que libera parte do orçamento. E esta é na verdade uma das principais causas do estado de coisas que chegou o Brasil.
É a confusão do público com o privado. O partido dono da indicação passa a ser “dono” do cargo e da rubrica. Privatiza-se a função e vivemos na ilusão que temos serviços públicos. Não temos, nossas agências, estatais e repartições são privatizadas a cada governo para os partidos que apóiam o presidente. Em todos os casos o principal corruptor é o governo federal, e o principal responsável é o que senta na cadeira do Palácio do Planalto.
Mas qualquer crise estoura em cima do Congresso, que não por acaso aceita este papel. No máximo coloca culpa na mídia e ultimamente deu para querer processar jornalistas. Desta forma fica a imagem que o governo salva o país das atrocidades parlamentares. E o povão fica extasiado vendo as imagens dos bagrinhos sendo algemados na televisão nas cada vez mais suspeitas operações da PF.
E segue a vida.