Mês: abril 2007
Muita Calma Nesta Hora
A indignação é grande diante dos resultados da operação Hurricane nas últimas semanas, mas não se pode admitir que o Estado de Direito seja atropelado pelos fatos. É claro que todos gostariam de ver atrás das grades juízes corruptos, principalmente pela posição que ocupam.
Está havendo muita gritaria diante da posição do STF em soltar alguns dos presos pela PF. O Supremo não costuma tomar decisões na correria sem analisar tecnicamente e criteriosamente a questão. Para o bem ou para o mal, a legislação brasileira é muito rígida quanto às condições para efetuar uma prisão antes da condenação. Em outras palavras é muito difícil manter um preso durante um processo penal. Basta ver que o assassino confesso e já condenado de Sandra Gomide continua solto aguardando o resultado de sua apelação.
Uma causa justa não pode servir de base para transgredir as normas legais que por sua vez foram aprovadas pelos representantes eleitos pela sociedade para este fim. Se as leis são frágeis e possibilitam que estes réus fiquem em liberdade durante o processo que se mude a lei. No parlamento.
Não se entende ainda como nenhuma ligação foi feita ainda com a CPI dos Bingos e do Mensalão. A PF cumpriu seu papel muito bem até aqui, resta saber se terá coragem para mexer neste vespeiro, ainda mais por envolver pessoas importantes do atual governo e como sempre muito próximas do presidente.
Aguardemos os fatos.
Realidade brasileira
Pedido
Dá para levar a sério?
Questão do concurso para a ANAC. Para quem não sabe é a agência que cuida da Aviação e cujo presidente afirmou na última semana que não tem tem crise. É um retrato dos absurdos que regem a vida pública no país:
59 – A garota de programa Bruna Surfistinha tornou-se um dos maiores sucessos do mercado literário brasileiro, em 2005, com o livro:
a) A pessoa e para o que nasce
b) O doce veneno do escorpião
c) O céu de Suely
d) No quarto de um motel
e) Madame Satã
Confiar em quem?
Assalto ao segundo escalão
Chega a ser desanimador ler todos os dias nos jornais a briga entre PT, PMDB e demais partidos aliados pelo chamado “2º escalão”. De segundo só tem o nome, pois envolve o comando das estatais. Nossos abnegados homens públicos, interessados em ajudar a administração pública, guerreiam __ e não é metáfora __ por cargos de presidente e diretoria de instituições como Banco do Brasil, Petrobrás, Eletrobrás, Infraero, etc. Aparentemente estão fora a Saúde e Educação porque, estas, o nosso guia disse que não era para brincar. Quanto maio o recurso gerido pelo cargo, maior a cobiça.
Esta é uma das questões que nos colocam onde estamos. A confusão do público com o privado, tão bem descrito por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil. Ao ser nomeado para um cargo seu novo ocupante só quer saber do proveito pessoal que pode tirar. Como ele pode fazer o loteamento dos cargos de confiança, o quanto ele pode gastar para seu proveito (e nem estou falando de corrupção), as mordomias, etc.
Recentemente a esposa do ministro da Propaganda (sim, agora temos um) questionou Diogo Mainardi sobre qual cargo ela poderia ocupar, depois de ter mostrado toda sua qualificação profissional. Mainardi foi seco, qualquer um que não seja comissionado. Mas aí ela disse que seria capacho de político, era inaceitável.
Pois temos aí um estado em que funcionário de carreira, que entraram por concurso são reduzidos a meros capachos de políticos. E apesar de toda qualificação da Sra Martins, ela ocupa cargo comissionado não por seu currículo, mas pela sua certidão de casamento, pois ninguém nomeia no Brasil para cargo “loteado” um profissional por sua competência.
Como explicou a mais de 50 anos Sérgio Buarque de Holanda.
Enquanto isso, em Bagdá, quer dizer, no Rio…
11 mensaleiros réus
Finalmente foi aberto o primeiro processo penal no STF no caso do mensalão. São agora oficialmente réus no processo figuras ilustres como o ex-presidente do PT José Genuíno, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e Marcos Valério. Entraram também nesta toda o bando do BMG e da firma do carequinha, inclusive sua esposa. Até uma condenação a distância é longa e tem tudo para prescrever antes disso. Mas não custa ter esperança e pelo menos as pessoas começam a receber o título que merecem. São reús agora, nem mais, nem menos. E vem mais por aí.