O empresário Odemiro Fonseca publicou hoje no Globo um artigo intitulado “Pode piorar muito“.
Trata, em síntese, da opção da Venezuela e Argentina pelo declínio econômico depois de terem por algum tempo sustentado uma boa posição não só na América Latina como no mundo.
A Argentina, no início do século, possuía nível de vida dos mais ricos países europeus. A Constituição de 1853 gravava a tradição liberal clássica e o resultado foi um rico centro econômico e cultural resultando num povo educado, de sociedade aberta e democracia.
Em 1975 o PIB per capita da Venezuela era maior do que os da Itália, Noruega, Irlanda e Espanha. A inflação era a mais baixa do mundo já há vinte anos e o salário real crescia todo ano. Era uma democracia estável.
Então veio a estatização de petróleo, mineração, energia elétrica e telecomunicações. Extinção do BC independente. Controle de importações e as empresas estrangeiras foram impedidas de vender alimentos. O resultado foi o controle de preços, crises hiperinflacionárias e políticas.
O autor cita como causa a baixa autoestima da América Latina que criou o sentimento de atraso e marginalidade histórica com relação ao Ocidente. Fundiram-se aí o mercantilismo (a riqueza é natural), o patrimonialismo ibérico e o nacionalismo autárquico (não precisamos de ninguém).
Agregaram-se o positivismo tecnocrático e militar e o marxismo vulgar dos movimentos sindicais e intelectuais.
O caudilho se transvestiu no papel de novo libertador, nacionalista e populista. A Argentina introduziu os ditadores populistas, o capitalismo monopolista de estado e o Estado assistencialista. Fez um retorno seguro ao “Terceiro Mundo Ocidental”. E a Venezuela segue hoje, de maneira mais abrupta, o mesmo caminho.
Termina alertando que o Brasil está seguindo lentamente o mesmo caminho. Segundo Odemiro, o primeiro governo Lula ainda teve de positiva uma agenda microeconômica de reformas institucionais, o que foi abandonado agora. O que está se vendo é o “maior esforço em propaganda estatal, entricheiramento de interesses especiais e formação de uma república sindical em concubinado com um estado gastador.“
As vitimas, conclui, serão as de sempre _ “a democracia e a prosperidade.“